Capítulo 12

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    Não, aquela não é a minha mãe. Aquela coisa não é a minha mãe.

    Olhos negros, cabeça inclinada sobre o ombro e um sorriso estendido de orelha a orelha. Aquilo não deveria ser a minha mãe, assim como aquele corpo com o coração estirado não poderia ser meu.

    Mas era idêntico, quase uma cópia.

    Dessa vez será diferente. Eu posso me mover e meu corpo está fúria, não posso deixar aquilo me atentar novamente. Ergo meu corpo subitamente apertando a tesoura na minha mão e com um estrépito avanço na direção daquele corpo latente diante de mim. Sem pensar em mais nada, fecho as abas da tesoura com ambas as mãos e a atiro com toda a força que tenho naquele vulto à minha frente.

    Pela segunda vez naquela tarde vejo sangue escorrendo no meu quarto. 

    Consegui! Eu consegui!

    Respirando ofegantemente, solto as mãos da tesoura e ouço aquele protótipo caindo no chão, o sorriso se desfazendo no rosto. Novamente um ímpeto de felicidade cai sobre mim, levo as mãos a cabeça e dou uma gargalhada, mais como alívio.

    Porém, quando olho em direção a porta, o meu sorriso também se desfaz.

    Vejo uma pele pálida de cabelos louros e olhos totalmente negros.

    - Você matou a nossa mamãezinha, Jiminho-anoréxico?

    Não penso duas vezes. Avanço novamente com um estrépito em direção a porta. Antes, porém, puxo a tesoura ensanguentada sobre o corpo caída a minha frente e, deixando uma cratera com sangue jorrando para trás, ergo o braço sem a tesoura e meto um soco naquele rosto de pele branca. Puxo o garoto pela camisa e o jogo para dentro do quarto; ele cai no chão, a pele agora corada. Eu sei exatamente o que fazer.

    Me jogo em cima dele e com um movimento certeiro o atinjo com a tesoura. Vejo o sangue escorrendo pela cratera criada na lateral do rosto, a tesoura cravada entre os dentes, indo de uma bochecha a outra.

    O rosto de Fill se achava jorrando sangue de todos os lados. Nas maçãs do rosto, entre os dentes misturado com saliva. A hemorragia foi iminente. Ele deita no chão, tenta um grunhido, mas cede.

    Dois corpos jazendo no meu quarto.

Durma bem à noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora