Medo

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Medo

Ao acordar, Yuna sentou-se e confusamente observou o seguinte:

A gruta encontrava-se vazia com apenas uma sombra imóvel e sombria, que, infelizmente, momentos depois iria reconhecer.

- Kai! Estás bem? - Perguntou aflita.

O rapaz encontrava-se sentado assustado enquanto balançava e abraçava as suas pernas com os braços enquanto olhava para o vazio com um olhar sombrio e traumatizado, repetindo depressivamente as seguintes palavras:

- Alma... Alma... Alma...

- O que aconteceu Kai? Diz-me! - Gritava Yuna enquanto o abanava.

- A... a minha irmã morreu... como todos daqui... e como nós também vamos morrer.- Disse, assustado e tremendo a voz.

Yuna entrou em choque, mas tentou acalmar a sua confusão e aterrorização, para não piorar a reacção de Kai.

- Tem calma. Conta-me, conta-me tudo o que aconteceu. - Disse calmamente.

E Kai contou-lhe tudo.

Contou-lhe como a pedra a ajudara a curá-lo, e de que era feita de um material designado por Calphio.

Contou-lhe como Alma fora levada para arena e sido morta por uma criatura semelhante a um escorpião de um tamanho de um tigre, e que todos os outros tinham sofrido o mesmo, mas com outras criaturas.

Contou-lhe que os próximos seriam eles, e o que o mais provável seria morrer.

Yuna absorveu tudo, e depois de uma rápida reflexão, aceitou as circunstâncias e preparou-se mentalmente para a batalha.

- Quem sobreviveu? - Perguntou curiosamente.

O rapaz tomou um tempo para relembrar e segundos depois afirmou:

- Um e duas jovens da tribo escura, uma menina da Tribo Exótica e 2 da tribo da Raposa. - Disse com medo.

- Não te preocupes, afinal de contas tu és um lobo-da-neve. - Disse-lhe, lendo a sua preocupação.

- Já viste o tamanho daquelas criaturas? - Gritou, preocupado.

Depois disto, o silêncio invadiu a gruta escura.

Apesar de não o mostrar, Yuna estava dez vezes mais aterrorizada com tudo aquilo.

Estava preocupada, cansada, assustada e principalmente com medo.

Tinha medo de morrer.

Tinha medo porque Alma morrera, tinha medo porque o seu pai e toda a sua família morreram, tinha medo porque a sua tribo fora destruída, tinha medo porque era praticamente impossível sobreviver àqueles monstros, tinha medo porque não tinha nenhuma habilidade especial e tinha medo porque os seus últimos momentos da sua vida seriam passados a ser comida por uma criatura mortífera.

Desatou em lágrimas pesadas e chorou alto sem querer saber de nada mais.

***

Kai olhava para Yuna, arrependido, por se ter esquecido que também ela sofria com aquilo tudo.

Abraçou-a, e olhou para os seus olhos de um raro azul claro a lacrimejar.

Por momentos, naquele abraço, conseguiu encontrar paz, e esquecer-se que tudo aquilo nunca acontecera. Que a sua irmã nunca morrera, e que tudo estava bem e que não passava de um pesadelo.

Que quando abrisse os olhos, estaria deitado na sua cama, a olhar para o céu da sua tenda.

Mas quando abriu os olhos, viu apenas uma luz verde a formar-se no espaço.

Yuna: A Pedra SagradaOnde histórias criam vida. Descubra agora