Sangue

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Sangue

Yuna manteve-se a um canto a observar o perigo.

A arena era grande, com torres e espaço vazio. O chão era feito de areia e as paredes de mármore eram agora iluminadas por luzes brilhantes que faziam contraste com o céu noturno.

A plateia encontrava-se numerosa e barulhenta apelando por sangue. Yuna rapidamente olhou para o seu adversário.

A outra equipa era formada por grupos idênticos ao da sua, mas vestidos com armaduras em tons de prata, sendo que conseguia reconhecer algumas caras da sua tribo no outro grupo.

Corpos moviam-se e gritavam à sua volta enquanto sangue era derramado.

Kai já se transformara em Lobo e a sua irmã, Alma, encontrava-se sentada nas costas deste.

Movia-se agilmente e rapidamente, pronto a matar quem se atrevesse a aproximar.

Yuna admirava-o, por vezes sobrestimava-o e não reparava no quão bom rapaz este se tornara.

Decidiu então concentrar-se e defender-se.

Rapidamente, um membro da Tribo Exótica aproximou-se, e Yuna ficou espantada com a sua figura.

Era moreno de uns olhos vivos cheios de cor, encontrava-se seminu e a sua cara, pintada com linhas de diferentes formas e cores hipnotizavam-na.

O rapaz movia-se de forma semelhante a uma cobra, enquanto movimentava o corpo como se tivesse como objetivo hipnotizar Yuna.

Esta, já hipnotizada, só queria olhar para aqueles olhos, de um verde que a atraía de forma impulsiva. Queria entrar dentro daquele mundo escondido.

O jovem, vendo que captara a sua atenção, rapidamente retirou uma espada e golpeou-a em direção do pescoço.

"É agora que morro", pensou, olhando ainda para aqueles olhos.

Inesperadamente, um jovem de pele escura atirou uma bola de fogo contra a cara do inimigo, fazendo-o morrer.

Yuna tirou uns segundos para olhar para o seu estranho salvador:

Era alto, corpulento, com um ar maturo e sábio e devia ter mais um ano que Yuna.

Este olhou para Yuna, e esta olhou de volta com um ar agradecido.

Corpos continuaram a cair enquanto Yuna defendia-se da outra equipa.

A espada era demasiado pesada e os seus movimentos eram lentos e ineficazes, sendo que na maior parte das vezes sentia os seus braços a arder de tanto esforço.

Outro predador aproximou-se.

Desta vez, tratava-se de um Raposo.

Com os olhos em bico e cabelo escuro, o rapaz atirou uma seta contra Yuna.

Esta agilmente desviou-se e observou a flecha a cair no chão.

Agachou-se, e rapidamente mudou para a ofensiva.

Golpeava-o com movimentos fortes e persistentes, mas este era demasiado rápido. Parecia que conseguia antecipar todos os seus movimentos e que nunca mais sairia dali.

Os braços cansaram-se e a espada caiu.

O jovem recuou velozmente dois metros para trás, mirou e atirou velozmente outra seta, desta vez em direção do crânio de Yuna.

Por sorte, conseguiu desviar-se.

Sentia uma dor fogosa, enquanto a seta raspava na sua face direita.

Tocou na recente ferida, e reparou que era fina mas que apesar de tudo, ardia insuportavelmente.

Deixou a fúria libertar-se e ao agarrar rapidamente num arco abandonado no solo e na seta, disparou-a contra o olho do rapaz.

Não era muito diferente das suas lições de caça.

Este caiu de joelhos, enquanto gritava por aflição e desorientação.

A jovem agarrou nas setas do seu inimigo e disparou uma contra o rapaz.

Já era a sua terceira morte, e sentia-se culpada.

Culpada por ter sido obrigada a matar para não morrer.

À sua volta, o número de corpos vivos diminuía à medida que o tempo passava.

A sua equipa encontrava-se em minoria, facto preocupante para esta.

Decidiu então mudar de estratégia, caso contrário, morreria.

" Que Tamara me perdoe ", pensou para si.

Agilmente, Yuna alvejava diferentes corpos de forma ágil e rápida.

O arco parecia perfeito para o seu corpo, e as flechas prestes a acabar, eram direcionadas para crânios.

Sangue caía no chão enquanto o corpo de Yuna se esgotava a pouco e pouco.

O arco parecia pesado, as flechas quase impossíveis de disparar e o mundo à sua volta rodopiou.

Ouviu um grito enorme de aclamação por parte do público, e de seguida, ao sentir uma força semelhante a um martelo que a esmagava, deixou-se cair no chão.

Yuna observava, deitada e com os olhos semifechados, os jovens da sua equipa a caírem no chão.

Era como se uma força os obrigasse a cair e a adormecer.

Sentiu as poucas forças restantes a desaparecerem e fechou os olhos...

Yuna: A Pedra SagradaOnde histórias criam vida. Descubra agora