game is on, don't you see?

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🇬🇷

Violete Georgiou


Grécia amanheceu cinzenta naquele dia. O Sol não deu a cada a tapa, as nuvens não se foram desde à noite passada. Uma fina chuva caia do lado de fora, era o suficiente pra o mesmo frio percorrer o quarto do hotel. A noite pareceu ter sido longa para mim, já que não fui capaz de pregar os olhos e tirar a imagem de Toni da minha mente. Estava lá, desde quando ele atendeu o telefone eu corri de volta ao hotel sem ao menos olhar para trás. Coloquei meu trabalho em risco por uma grande bobagem que jamais iria acontecer. Inventei uma desculpa para Flora, que mesmo não convencida, aceitou de bom agrado.

O Real Madrid jogaria naquele dia contra o Olympiacos. Obviamente, Flora e eu iríamos e isso me preocupava. Não sabia com que cara e expressão eu chegaria até Toni e me desculparia pela maneira estranha e íntima que agi na noite passada. Não sabia nem se conseguiria encara-lo nos olhos depois daquilo. Eu quis tanto beija-lo e agradeci a Deus por não ter feito.

Me levantei preguiçosamente e entrei na ducha quente. Fiquei ali por alguns minutos, pensando. Logo depois, vesti meu uniforme branco e um casaco por cima, nunca desejei tanto estar em Mykonos pegando uma praia sem preocupações. Liguei para Flora avisando que ela poderia me esperar no Hall do prédio e eu desceria em estantes. Finalizando tudo, eu saí do quarto e fechei a porta, assim que me virei, Marcelo e Toni cruzavam o corredor. Meu corpo travou quase que imediatamente. Não foi assim que programei e não esperava encontra-lo tão cedo. Eu gostaria de ter corrido e entrado no elevador primeiro, depois dado uma desculpa já no térreo, mas tudo que consegui foi uma paralisia com a cara de quem viu algum fantasma. Os dois se aproximaram sorrindo. Na verdade, eram sorrisos diferentes. Marcelo sorria como todos os dias, divertido, como ele realmente era. Já Kroos, ele sorria de um modo misterioso, como se soubesse o motivo de minha preocupação e nervosismo, um sorriso ladino.

- Tá tudo bem por aqui? - Marcelo questionou com as mãos no bolso - Eu assenti sem dizer uma palavra. O moreno sacudiu a cabeça em forma de afirmação e simplesmente saiu andando, me deixando sozinha e confusa com Toni ao meu lado. Marcelo entrou no elevador enquanto acenava com as mãos.

- Bom dia. - Toni disse com seu inglês carregado de sotaque alemão. Eu poderia morrer ali mesmo e isso me assustava muito.

- Bom dia. - Respondi da melhor forma possível. Gostaria de mostrar que poderia ter tudo sob controle. - Toni, eu gostaria de, você sabe... - Na verdade, eu não tinha nada sob controle. Meu cérebro parecia querer apagar. Ele apenas continuava ali, com uma expressão serena, mas prestando à atenção. -, me desculpe por ontem, pelo que aconteceu. - Não era aquilo que eu queria dizer, mas foi o que saiu. - Foi totalmente anti-profissional.

Toni continuou do mesmo jeito, o que me fez entrar em pânico. Ele parecia digerir as minhas palavras e pensar nas dele. Passou a mão pelo cabelo, clássico alemão, e colocou alguns fios no lugar.

- Eu não vejo porquê pedir desculpas, sinceramente. - Finalmente respondeu. Temo que Toni pudesse ouvir meu coração, pois estava mais do que acelerado. - Afinal, eu também quis. - Seus olhos gravando os meus. Claro que, os dele eram infinitamente mais bonitos. Uma loucura passou pela minha cabeça, imaginei como seria beija-lo, já que estava tão perto. Apesar disso, me controlei fortemente. Esse tipo de pensamento precisaria evaporar da minha cabeça, de preferência o mais rápido possível.

- Ótimo. Estamos quites. - Consegui dizer. Ele sorriu me dando passagem. Tudo fluiu como se nada tivesse acontecido entre nós, como se aquela tensão palpável não fosse nos consumir pelos minutos que estávamos presos em quatro paredes. Era como se sua pele queimasse contra a minha, e eu não tinha o poder de controlar ou amenizar aquilo. Se ao menos pudesse saber o que ele pensava. Sempre tão quieto, calado, sem demonstrar emoções ou expressões exageradas, Toni era um misto de mistério e um grande ponto de interrogação. Como aquele, que estava desenhado em minha testa depois dele me pegar o encarando. Graças aos céus, a campainha tocou e o elevador se abriu. O ar era tão pesado, como se eu não estivesse respirando a dois minutos, pude sentir o frescor assim que passei pela porta.

- Bom dia, chefe! - Sergio tocou em meu ombro assim que me viu, ele pareceu perceber o clima pesado.

- Bom dia, capitão! - Eu sorri ainda sem graça. - Soube que vai ter gol de cabeça hoje... - Cantalorei e vi Flora fechar a cara. - O que foi? Sei que são rivais dentro de campo, mas aqui, estamos no mesmo time.

- Quem sabe, não? - Flora zombou sem ao menos pensar.

- Por mim, tudo bem, eu concordo em ser amigo de um colchonera. - Sergio parecia descontraído. Diferente daquele ar egocêntrico e cheio de si que ele passava durante os jogos.

Depois de mais dez minutos, todos já estavam no hall. O caminho até o Estádio Olímpico de Atenas não foi longo. Entretanto, foi silencioso, James estava com seus fones, Sérgio e Ronaldo concentrados de olhos fechados e cabeças baixas. Alguns aproveitaram para dormir mais um pouco, como Nacho e Casemiro. Tivemos permissão para ir com os meninos no ônibus, o que foi uma experiência divertida. Até então, Toni estava quieto e vez ou outra ele me olhava. Eu estava na ponta da sexta fileira e ele na ponta ao meu lado. Eu o pegava encarando ladino. Embora não soubesse o que fazer, sentia meu coração palpitar cada vez mais forte.

Quando o ônibus estacionou no local reservado para o Real Madrid, esperamos todos descerem para então sairmos. Desci antes de Flora e encontrei Sérgio nos esperando. Ele agradeceu e disse que podíamos contar com a sorte para termos gols de cabeça. Sorri relembrando meu comentário de mais cedo. Para minha surpresa, Flora engatou uma conversa amigável com Ramos, o que me fez sair de fininho e deixá-los aproveitar a "trégua" momentânea. Estava prestes a subir para o camarote, onde relutantemente o Capitão havia nos contemplado com dois lugares, quando senti um toque sutil, porém firme, no meu braço direito. Me virei observando Toni já vestido em seu uniforme, mas de chinelos. Ele estava com um pequeno sorriso nos lábios vermelhos e seus olhos me encaravam com vontade. Senti-me constrangida com seu olhar e desviei como automático.

A mão esquerda de Toni ergueu meu olhar até o dele, e nesse exato momento eu já havia perdido todo o controle mental que planejei ter durante a viagem. Ele apenas chegou bem perto e sussurou. - Mesmo que Sérgio não faça um gol pra você, podemos pensar sobre um meu. - Novamente, ele me olhou e sorriu aberto, passando por mim e me deixando em transe nas escadas do estádio.

🇬🇷

esses dois prometem.

vejo vcs no próximo!
revisado

Route | Toni KroosWhere stories live. Discover now