Route | Toni Kroos

instability

Violet

🇬🇷

Já era noite quando eu finalmente descansei meu corpo em minha cama quentinha. Flora havia se animado muito durante o jogo, eu nunca pensei em vê-la assim, ainda mais se tratando do Real Madrid, seu rival. Entretanto, percebi que era a mesma Flora de sempre quando descobri que ela estava na verdade torcendo para o time da casa.

— Não achou que eu estava torcendo pra eles, achou? No puedo creer Vio! Eu nunca vou simpatizar com merengues — Ela sorria em meio a fala.

Foi um bom jogo, três a um para o Real. Sérgio marcou um gol de cabeça, Ronaldo marcou o segundo e estava prestes a marcar o terceiro quando viu Toni livre pelo meio de campo. O alemão marcou o terceiro e último gol sem hesitar. Depois, seus olhos cravaram os meus na arquibancada acima do banco de reservas. Me lembrei de suas palavras, antes da partida.

"mesmo que Sérgio não faça um gol pra você, podemos combinar um meu", sorri feito uma maluca e me assassinei mentalmente.

Passei a volta pra o hotel inteira sem olhar nos olhos de Kroos. Eu não conseguia. Ele me encarou várias vezes, senti seu olhar queimar minha pele, mas eu não olhei, e também não sei o que ele pensou sobre isso. Mas sabia que estava ferrada.

— Levanta, dale! — Flora entrou como um furacão no quarto. Estava totalmente desalinhada. Eu estava com o travesseiro na cabeça enquanto expulsava todos os pensamentos a favor do alemão.

— Flora, você bebeu? — Ela se jogou ao meu lado sorrindo. Depois se virou em encarou o teto.

— Vai perder a festa. — Mostrou sua língua ignorando minha pergunta.

— Festa? Que festa? — Eu me sentei rapidamente. — Imaginei que todos já estivessem em seus quartos.

— Nem todos, Vio. — Ela piscou e logo soube que estava falando de Asensio. — Vamos descer, estão te esperando... na verdade, apenas um certo camisa oito está te esperando. — Sua expressão mudou rapidamente ao mencionar Toni. Eu desejei enfiar a cabeça em um buraco na mesma hora.

— Não fala assim, vai dar a entender que temos algo. — Eu estava desesperada por um buraco aonde eu pudesse me esconder.

— E não tem? — Neguei. Flora balançou a cabeça discordando de minha afirmação.

— Vejo você lá em baixo, cariño. — Ela piscou e jogou um beijo no ar.

Voltei a deitar quando ela saiu batendo a porta. Não seria justo deixar apenas Flora se divertindo, quando também estou solteira. Por outro lado, eu não gostaria de ter que encarar Toni e suas provocações, mesmo que não sejam diretas. Apenas um olhar me desconcertava e isso me assustava muito.

Depois de dez minutos pensando, eu me levantei, coloquei uma camiseta de Atlas perdida em minha mala, vesti uma jaqueta jeans, depois achei uma calça preta larga nos calcanhares e meus tênis velhos. Flora usava um vestido florido, o que era sua marca registrada, mas a mesma já estava bêbada, por isso não sentia mais o frio da Grécia. Ao entrar no salão, observei o que já imaginava, todos vestidos com uniforme secundário do Madrid. Uma calça preta e o casaco também preto, com detalhes em roxo. Eles eram assim, não usavam outras peças a não ser o uniforme do Real. Me recordei do casaco preto com o escudo do time, aquele que Toni usou em Baraonda. O cheiro daquela roupa ainda circulava em minhas narinas e novamente estava eu pesando nele. Era como uma droga, impregnado.

Foi quando seu olhar cruzou ao meu. Senti um choque no meu coração, algo eletrizante, mas também vergonha, muita vergonha. Talvez não deveria ter apostado no jeans, o gelo do casaco me fez paralisar, mas talvez, só talvez, não fosse cem por cento culpa do casaco e sim dos olhos azuis que me encaravam naquele momento. Encolhi meus ombros quando ele deu um tapinha nas costas de Ronaldo e veio em minha direção. Cogitei até voltar para dentro do elevador, mas ele foi tão rápido em parar na minha frente me olhando. Soltei um suspiro quase que inaudível.