CAPÍTULO II

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 Noah

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 Noah

Acordei de bom humor hoje, mesmo isso não tendo nada a ver com a maconha da noite passada. Ser o filho do reitor era foda, mas tinha seus privilégios. Decidi não discutir sobre aparecer no primeiro dia de aula. Tínhamos que morar perto da instituição, era a regra, e mesmo assim conseguia me atrasar, de fato um dom.

Vesti a primeira roupa que achei, escovei os dentes e ajeitei o cabelo com a mão. Peguei as chaves do meu Jeep, e cheguei na faculdade em cinco minutos. Passei pra pegar um café na cantina antes de subir para aula.

Assim que entrei, senti olhos em mim, estava acostumado com isso, não tatuei meu corpo todo para ficar dentro dos padrões.

Não prestei muita atenção ao que era dito pelo professor, apenas escolhi uma carteira aleatória e sentei. Rabisquei uns desenhos na mesa, mas não prestei atenção em absolutamente nada do que ele dizia. Que aula chata.

A única coisa que escutei foi a despedida do professor. A hora mais gostosa. Resolvi passar em casa antes do trabalho e preparar minha especialidade. Escolhi os ingredientes necessários e coloquei a mão na massa. Trinta minutos depois tirei meu macarrão à carbonara do forno. Só o cheiro já estava me matando, eu era bom nisso, modéstia parte. Devorei tudo em um piscar de olhos satisfeito com o sabor da minha obra de arte.

Aproveitei o tempo restante para me jogar no sofá com a intenção de tirar um cochilo.

- "Mamãe, para que essas malas? Nós vamos viajar? Obaa! Melhor presente de aniversário de todos!"

-" Daniel, tira ele daqui por favor!"

-" Mãe, eu estou aqui. Porque você não me responde? E por que papai está chorando?"

- "Ellen, não vá, por favor!!! Eu vou conseguir um bom emprego, vou te dar tudo o que você quiser! Nós vamos ter uma vida boa, eu prometo!!!- Ele ajoelhou no chão implorando com as mãos. - Por favor, por favor não faça isso comigo, Ellen!!!!! - Meu pai gritou aos prantos enquanto minha mãe batia a porta ao sair."

O telefone tocou, me acordando.

- Que foi? - pergunto irritado

- Preciso que venha à minha sala!

- A gente conversa quando você chegar. - Respondo dando de ombros.

- Não vou falar duas vezes, quero você aqui em cinco minutos.

Ele desligou antes que eu pudesse responder. Desde que minha mãe tinha nos deixado, ele se tornou outra pessoa, como se me culpasse pelo que aconteceu. Eu o odiava por isso. Aos sete anos tive que amadurecer para cuidar do bêbado que ele se tornou, e tudo que recebi em troca foi frieza e distanciamento.

Entrei na sala sem bater na porta. Me joguei na poltrona mais confortável à vista e coloquei os pés na mesa dele. Encarei com frieza a pessoa a minha frente. Ele vestia seu típico terno preto de colarinho alto. Esperei que iniciasse a conversa, afinal, ele me chamou aqui por uma razão.

Meu pai me olhou parecendo cansado. Esfregou a testa com as mãos, tirou os óculos e ficou de pé.

- Hoje foi o primeiro dia de aula e já recebi uma reclamação. Não sei o que aconteceu, e nem preciso. Esse semestre você vai melhorar. Suas notas foram péssimas ano passado, e estou cansado disso. Não vou mais intervir. A partir de agora não sou mais seu pai aqui, espero que se lembre disso.

Quase dei uma gargalhada com essa declaração. Era patético ver ele tentando bancar o autoritário. Perdi a conta de quantas vezes ouvi esse discursinho. Ano passado, quando nos mudamos, eu mal ia nas aulas e também não estudava paras as provas. Só consegui passar nas disciplinas por influência dele, mesmo sem ter pedido ajuda.

- Tanto faz Sr. Reitor, se tudo já foi esclarecido, peço permissão para deixar vossa presença. - Respondi me levantando para sair.

- Basta!!! - gritou batendo na mesa. -Você não pode agir assim comigo! Sou seu pai, moleque. Você vai aprender seu lugar de um jeito ou de outro.

- Ah é? Desde quando, hein? Você não acha que é um pouco tarde pra isso? E não me venha com ameaças baratas, se não é capaz de cumprir. -Declarei fechando as mãos ao redor do corpo, tentando controlar a fúria que crescia em mim. Não suportava essa merda de situação. Sempre que ele vinha com esse papo de que eu tinha que tomar jeito, perdia o controle.

- Acho que é melhor você passar uns dias fora, Noah. - disse impassível.

- Eu sou um imbecil mesmo! Você nunca me agradeceu sabia? Todos esses anos me culpando por ela ter nos deixado, que você não viu as noites que passei limpando seu vômito no banheiro até o dia clarear. Te dando banho e comida nos dias em que você chegava em casa bêbado demais pra fazer isso sozinho. Eu era uma criança, e meu mundo virou de cabeça para baixo. Naquela noite ela me deixou também, sabia? Se tem algum moleque aqui é você. Seu terno e sua nova reputação não mudam quem você é para mim.

Cuspir a verdade na cara dele não fez eu me sentir melhor, só me fez ficar ainda mais furioso. Não ouvi o que ele disse, minhas emoções nublavam meus sentidos, me sentia esgotado mentalmente. Fui em direção a porta tão rápido que esbarrei numa pedra decorativa que se espatifou no chão em mil pedaços.

- Ah, merda. Foda-se!

Ao abrir a porta, vi a garota mais linda que já tinha visto. Nossos olhos se encontraram, enquanto respirava fundo tentando diminuir toda raiva e ódio que sentia.

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