CAPÍTULO XVI

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Liss

Podia jurar que Noah não iria querer conversar sobre isso. Imaginei que ele esqueceria e seguiria seu caminho fazendo o que quer que fosse.

Fui fraca. Não devia deixa-lo me beijar, deveria ter impedido que acontecesse. Ele é o tipo de cara que não leva isso a sério. Deve me ver como uma fase de diversão momentânea.

Não posso me envolver. Não com ele.

Mas o meu corpo parece negar esse fato. Sinto necessidade de estar com ele, sentir seus lábios, suas mãos acariciando cada parte do meu corpo. Quero conhece-lo, desvendar os mistérios que seus olhos escuros escondem e despertam em mim a vontade de me entregar de corpo e alma.

Esses sentimentos dentro de mim são intensos, muito intensos e me assustam.

E se não for recíproco? O que eu faço?

****

Assim que chego em casa, dou de cara com o Theo.

- Theo! - Sorrio ao ver meu irmão.

- Liss!

- Você não parece muito bem, está pálido.

- É coisa da sua cabeça. Estou bem. Não se preocupe. - Ele se remexe no sofá.

- Tem certeza? Que olheiras são essas? Parece até que não está dormindo.

- Já disse, não é nada.

- Tudo bem, irmão. Desculpe. - Tento ignorar, mas meus instintos dizem que tem algo de errado com ele.

Theo sobe as escadas correndo e vai para o seu quarto, batendo a porta com força. Sinal claro de que se aborreceu com minha insistência.

-  Ai meu deus! O que você está fazendo? - Digo ao ver João na cozinha.

- O jantar... Ou melhor, estou tentando.

-  Pega leve, da última vez você colocou pimenta demais. - Faço uma careta ao me lembrar.

- Palhaça. Eu assisti alguns vídeos no youtube, dessa vez vai dar certo.

- Ah, querido irmão, receitas no youtube não fazem um bom cozinheiro e você sabe disso. Qual é o prato da vez?

- Strogonoff de frango. Parece fácil.

- Quanta criatividade. Pelo menos a chance de morremos é menor. Quer ajuda?

- Falta picar a cebola e o tomate.

- Tudo bem.... João?

- Sim?

- Você sentiu algo diferente no Theo?

- Acho que não. - Ele para de mexer o frango na panela e me encara - Porque a suspeita? Está acontecendo algo?

- Não sei... Ele parecia estranho, mais aborrecido que o normal. - Falo enquanto começo a cortar o tomate.

- Como assim?

- Fui conversar com ele, perguntei se estava tudo bem, ele disse que sim e subiu correndo pro quarto. Ah, ele bateu à porta.

- Ele bateu a porta do quarto? - João franze a sobrancelha.

- Sim. Estranho né?

- Realmente. Mas, não se preocupe. Deve ser apenas uma fase, depois de tudo que passamos.

- Assim espero. Fiquei um pouco preocupada com ele.

- Não fique. Na verdade, é meio compreensivo. Dê tempo a ele, vamos ter paciência.

- Talvez você tenha razão.

- Sou seu irmão mais velho, eu sempre estou certo. Pode confiar.

Ao me deitar para dormir, encaro as estrelas florescentes no teto. A inquietação ainda estava ali, mas sacudo minha cabeça, e decido confiar no que João disse. Antes de adormecer, deixo meus pensamentos vagarem para um certo garoto da faculdade...  

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