CAPÍTULO VIII

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Noah

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Noah

Chego na faculdade me sentindo um lixo. Usei tanta coisa no fim de semana que perdi as contas. Me jogo no fundo da sala, coloco meus óculos de sol e cruzo as pernas na cadeira da frente. Preciso tirar um cochilo.

Algum tempo depois o professor Afonso anuncia um trabalho que vai valer metade da nota esse semestre. Algo sobre a Teoria do Crime, não prestei muita atenção ao que era dito.

As pessoas estão falando mais alto ou é só impressão minha? Droga de ressaca. Viro para um grupo de garotas que insiste em sentar perto de mim e fuzilo-as com o olhar. Elas param de falar na mesma hora.

Satisfeito me acomodo com os braços atrás da cabeça.

- Vamos fazer um sorteio para escolher as duplas. Anuncia o professor Afonso.

Vai ter trabalho? Não estou sabendo. Então os últimos minutos foram o professor explicando sobre o trabalho. Deduzo.

- Noah Collins...Você vai fazer o trabalho com... -Ele tira outro papel de uma caixa marrom. - Elizabete May. - Quem é essa? Vendo que não me movo, o professor aponta para que eu me junte a uma garota loira na primeira cadeira. MERDA.

- Professor, prefiro fazer sozinho, se não se importa.

- É mesmo? E eu prefiro estar no Caribe de férias a ter que dar aula pra vocês, mas, parece que nenhuma das duas coisas vai acontecer, não é mesmo? A vida é injusta.

Simplesmente empurro uma cadeira para sentar ao lado dela, ignorando totalmente os bons modos ou qualquer tipo de educação entre colegas de turma. Não estou com humor para ser simpático com ninguém. Ela continua a escrever no caderno como se eu não estivesse ali.

- Só para constar, eu também não estou nada feliz em fazer esse trabalho com você. Mas já que não temos outra opção, fique sabendo que levo os estudos bem a sério. Então espero que me ajude, do contrário, nem adianta, não vou colocar seu nome se tiver que fazer tudo sozinha.

- Olha, a garota intrometida também sabe ser mal criada.

- O que você disse? - Ela parecia atordoada com minha resposta.

- Isso mesmo que você ouviu, garota intrometida.

- Para de me chamar assim. Eu não estava escutando atrás da porta.

- Sério? O que você estava fazendo então? - Digo com um sorriso.

- Estava passando ali por acaso.

- Claro... Acredito.

- Chega, não importa. Vamos focar no trabalho.

- Tudo bem. - Digo apressadamente. Estava enjoando daquela brincadeira.

- O que você disse? - Ela parece surpresa.

- Disse que vou ajudar. Vou tentar fazer esse trabalho.

- Hum. Ok.

- Me dá o seu número

- O que? - Ela pisca.

- É para o trabalho.

- Ah sim.

****

Robert me deu tanto processo para analisar e ver se precisava de algo urgente, prazos perto da data de vencimento e outras diligências, que depois de hoje eu merecia férias.

Estacionei em frente à minha casa, e respirei um minuto antes de sair do carro. Tirei os sapatos ao passar pela porta e pendurei minha chave na parede.

Ano passado, Robert me recomendou uma psicóloga. De acordo com ela, minha personalidade se tornou assim para mascarar minha dor ou alguma merda do tipo.

Fiz um mês de sessão, mas não consegui ver resultados. A psicóloga insistia em falar da minha infância. Coisa que obviamente eu não queria fazer.

Ignorando essas lembranças, subo as escadas e tomo um bom banho. Quando desço, ouço barulhos vindo da cozinha.

- O que ELA está fazendo aqui? - Pergunto cerrando os dentes.

- Noah, acalme-se. Eu convidei sua mãe para passar um tempo conosco, talvez possamos assistir um filme todos juntos.

- Filho, se você quiser, eu posso sair. - Ellen me responde.

- Você não é bem vinda aqui! - digo cerrando os dentes.

- Noah, garoto insolente. A casa é minha, e é melhor você se acostumar, sua mãe e eu estamos...- Ele segura a mão dela, totalmente envenenado pela mulher que nunca deixou de amar. - Estamos juntos de novo.

- Mas que por...? Espera, o que isso significa?

- Que ela vai voltar a morar conosco. - diz enfeitiçado.

- Você N-Ã-O pode estar falando sério, pai. - Balbucio essas palavras, sentindo meu estômago se revirar.

- Sim, é verdade, filho. - Ela diz ao tentar se aproximar de mim. Institivamente recuo.

- Se ela ficar, eu saio. - Digo numa tentativa desesperada de que meu pai me escolha, pelo menos uma vez.

- Sinto muito, filho. Mas eu não posso.

Ele nem pisca. Não leva nem um segundo para pronunciar essas palavras. Que inferno!!! Como eu sou reduzido a nada de uma hora pra outra? Sei que nosso relacionamento não era dos melhores, mas ouvi isso de sua boca, me destrói mais uma vez. Dou uma risada forçada para esconder minha dor e encaro minha mãe.

- Parabéns, Ellen. Você acabou com essa família pela segunda vez. Ah, e pai, não me procure quando se arrepender dessa decisão.

Foda-se. Ouço minha mãe me chamar antes de passar pela porta, mas ignoro. Não me dou ao trabalho de pegar minhas coisas. Depois resolvo isso. Entro no carro e começo a dirigi sem saber pra onde ir.

Não sei o que fazer e nem como agir. Meu pai escolheu a mulher que o abandonou. Que destruiu nossa família. Será que sou o único com um pouco de senso?

Me sinto tão dolorido, tão pesado. Apenas uma palavra me vem à cabeça. Cansaço

Não aguento mais esse pesar e angústia dentro do peito. Só quero que isso tudo acabe.

Existiu momentos em que desejei com todas as forças que eles não fossem meus pais. Até imaginei nascer em outra família, mesmo que sem bens ou dinheiro, só uma família normal.

Obvio que meu desejo não foi atendido.

Fui tão ingênuo. 

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