O Retorno Para o Fim

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A noite mais torturante da vida de Ly havia passado, e tudo o que ela queria era ver Gomez e falar sobre o que aconteceu, sobre o que os policiais fizeram e onde a colocaram, e principalmente, sobre o que aconteceu com ela dentro daquela cela pequena com aquelas velhas detentas. 

Ela estava deitada no chão gelado desde quando a primeira a quis. Ela estava jogada ali com as roupas e o copo danificados depois dos atos das três companheiras de cela. Seu olho esquerdo estava roxo e inchado, seu nariz estava sangrando e seu lábio estava com um corte profundo. Os seus cabelos bagunçados mostravam o caos que havia acontecido, assim como as mechas de cabelo derrubadas pelo chão.

Ela estava em posição fetal desde então. Ly não conseguiu dormir depois que a última das mulheres a usou como quis, assim como as outras, ela sabia que se alguma delas decidisse acordar de madrugada e a usar novamente, iria, porque estava fraca, indefesa e sem o controle da situação. 

Ly sentiu os ventos gélidos cortando sua ele exposta enquanto seu corpo todo ainda doía com os hematomas espalhados por ele, além dos danos internos que elas a deram como presente. Ela já havia visto cada pedaço daquela cela escura e danificada, cada rachadura, cada buraco, ela havia guardado tudo em sua mente enquanto era abusada e logo em seguida também.

A luz que o Sol jogava sobre o mundo invadiu a cela entrando pelos pequenos buracos espalhados. Ela torcia pra que aqueles malditos policiais voltassem logo, pra não ser abusada novamente pelo trio ancião. Conforme ela esperava, agora sentada com as costas curvadas e encostadas na parede, os movimentos das mulheres começou a aumentar, elas estavam acordando aos poucos.

Ela torceu e rezou pra que ela fosse salva a tempo, Ly sabia que a situação pioraria caso ela continuasse ali mais um dia. A mais velha acordou, e logo em seguida as outras acordaram, tão cronometradas que provavelmente já estavam acostumadas a acordar naquele mesmo horário todos os dias, o mesmo que Ly não fazia ideia de qual era.

Elas levantaram e a olharam com um olhar selvagem, sedento, o mesmo que Ly usava para Angel. Ela sentiu a fome dentro delas aumentar e a sua própria dor gritar cada vez mais alto. Ly queria afundar dentro da parede conforme elas se aproximavam vagarosamente, como cobrar esperando dar o bote. A poucos passos de ser usada novamente, Ly ouviu o barulho de chaves e olhou em direção às grades, os policiais estavam lá novamente, para sua retirada.

Ela levantou e correu até eles com um sorriso no rosto, juntou as mãos e se deixou ser algemada. A cela se fechou novamente e as mãos dos policiais se fecharam em torno dos seus braços, a levando para fora. Ly foi encaminhada pra mesma sala que estava no dia seguinte e lá já se encontrava Gomez sentada com a ficha em cima da mesa. Uma com o nome "Caso Mueller", e a outra com "Caso Bohn".

Os policiais algemaram Ly novamente na mesa e se retiraram deixando Gomez e Ly a sós. Gomez estava com a cabeça baixa olhando a pasta à direita, "Caso Bohn".

— Você perguntou a eles onde eu fiquei? Eu...

— Eu sei. 

— E o que você vai fazer com eles?

— Nada.

— Como assim nada? Eu fui estuprada por três mulheres na mesma noite. Olha pra mim, olha o meu rosto, olha a minha roupa. Gomez, eu fui abusada.

Gomez levantou a cabeça com a expressão séria e ao mesmo tempo um ar de felicidade pairava sobre seu ser, tão feliz que Ly pode sentir quando seus olhos se encontraram em um único momento. Ela olhou para os machucados e hematomas no rosto de Ly e olhou sua camisa ainda manchada com o sangue de Ly rasgada.

Nenhuma expressão tomou o rosto de Gomez quando viu a situação de Ly, nem mesmo quando ela conseguiu ver que Ly estava chorando, ou tentando, porque nenhuma lágrima havia saído daquele cínico olhar.

Teddy BearOnde histórias criam vida. Descubra agora