Capítulo 7

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Ao adentrar a sala de jantar, Skade observa tudo e todos. Havia se esquecido como o lugar era grande e organizado. As paredes confeccionado no mais puro quartzo e detalhes em ouro puro, encantava a qualquer um que olhasse. O belo lustre de diamante iluminava toda a extensão da sala, fazendo parecer estar durante o dia. Todos estavam sentados à mesa conversando e rindo, uma música leve tocava no fundo pela banda particular do rei. Skade sentiu falta dos jantares em família, das brincadeiras e risadas que tinham quando estavam a esperar o jantar ser servido.

Sentou em um lugar aleatório da mesa, ao lado de um ministro de Aksasurin e de Anya. Observou que as conversas foram cessando quando perceberam sua presença ali. Logo o jantar começou a ser servido, carnes de todos os tipos, purê de batatas, peixes, legumes, tudo o que ela amava. Pegou um pouco de tudo em seu prato criando uma pequena montanha nele.

Depois da breve oração aos deuses em forma de agradecimento, todos começaram a comer e continuaram as conversas anteriores. Skade comia como se tivesse sido privada disso há anos. Mal pausava para respirar. Desmond e Esmeralda as vezes olhavam para a filha, estavam preocupados com a segurança de Skade, e no fundo, bem no fundo, desejavam que ela nunca se casasse.

Enquanto terminava de abocanhar outra colherada de cenouras com purê de batata - sim, uma mistura um tanto peculiar - Skade olhou ao redor da mesa e encontrou Elwed comendo e a olhando. Sorriu para o rapaz e tornou a comer, por um momento ela sentiu um nervosismo estranho, acabou derrubando na mesa, ao canto do prato um pouco de cenoura. Sorriu e balançou a cabeça, já sabia que estava sem graça, porque Elwed estava a olhando. Ela sentia o olhar dele.

Depois que a sobremesa foi servida, ela pediu licença e se retirou dali calmamente. Foi ao jardim, havia se esquecido que combinara com Elwed de se encontrarem lá. O jardim real era gigantesco. Grandes muros encrustados com folhas, árvores podadas perfeitamente, flores e mais flores. Plantas e mais plantas. Depois da biblioteca, o jardim era seu lugar favorito do palácio inteiro. Ela seguiu para uma parte reservada, onde ela e sua avó costumavam ficar cuidando das peônias e das rosas. Antes de sentar ouviu passos vindo, seu coração bateu mais rápido. Havia se lembrado de repente que corria perigo e, naquele instante estava totalmente desarmada. Virou-se e ficou a aguardar seja lá quem estivesse vindo.

"Por que diabos estou com medo, droga?!"

Indagou para si mesma seguindo até o banco de prata e se sentando. Calmamente cruzou as pernas e ficou olhando a entrada. Alguns segundos que os passos ficaram mais altos, ela viu entrar pela porta seu tio. O mesmo trazia uma cesta com kiwis em uma tigela de prata, todos fatiados. Ela sorriu vendo o homem entrando.

- Parece que o jantar não foi muito eficaz. - ela comentou indicando a cesta com os olhos e Lawrence sorri se sentado em outro banco de prata, de frente para ela
- Quer um pedaço? - Lawrence oferece, sabendo que ela não recusaria kiwi nunca
- Por educação, eu aceito um. - ela diz ironicamente

Ele estende a cesta para a sobrinha que pega uma boa quantidade na mão. Ela come o primeiro pedaço em silêncio. Lawrence a observa e morde seu kiwi.

- Sabe, acho que deveríamos ter retornado na outra semana. - Lawrence quebra o silêncio e ela o olha confusa - Se tivéssemos ficado em Ofélia, não teria tanta dor de cabeça para você e...
- O que é isso? - ela o interrompe - Calma aí, tio. Está pensando que a culpa é sua?
- Bom, se eu não tivesse apressado as coisas, talvez você estivesse descansando em Ofélia e não com um casamento planejado e com cavaleiros negros te caçando. - ele diz e ela percebe que o mesmo estava de fato se culpando
- A culpa disso tudo não é sua, tio. - ela diz dando um sorriso gentil - O casamento, a Audrey, cavaleiros negros... Tudo isso ia acontecer, era questão de tempo.
- Você não devia carregar tudo isso em suas costas, filha. - Lawrence diz com a voz embargada
- Queria que meu pai pensasse como você pensa, tio.- ela diz com os olhos ardendo anunciando novas lágrimas - Mas ele simplesmente só joga tarefas e mais tarefas para mim.
- Desmond está confuso. Ele quer o melhor para os reinos. A segurança de todos, dos dragões, de você, sua mãe... - Lawrence comenta mordendo outro pedaço de kiwi - No meio de tudo isso ele pensa que está fazendo certo lhe enchendo de responsabilidades, que, muitas vezes ele deveria cumprir.
- Eu entendo ele e a mãe. De verdade, entendo. - ela diz sendo sincera - São monarcas, só fazem o bem pensando no povo. Mas as vezes, eles são muito burros.
- Por que pensa assim? -Lawrence quis saber da opinião da jovem
-O casamento, por exemplo. Como eu citei na assembleia: escolher uma dama de nossa corte para me representar, sendo assim, ela casaria com o príncipe, ficando cada regente em sua devida corte. Assim o príncipe se casa e nos teremos uma parceria, só que sem eu como a esposa.
- Eu gosto dessa ideia. O problema é que isso foi sugerido, mas não foi aceito pelo rei de Weminster.
- Quem sugeriu?
- Seu pai.

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