Não deveria escrever, mas talvez, assim consiga descansar. Nunca tinha tanto medo como agora. Talvez ninguém chegue a ler, como qualquer outro papel, isso vá pro lixo. Não espero piedade e nem pena de quem estiver lendo. Apenas esclareço oque aconteceu aqui, pois eu não ficarei para explicar. Não pode se mudar oque esta feito, os motivos só interessam a mim, apesar de não sabe-los ao certo. Portanto explicarei somente os fatos e não explicarei os porquês. A garota que encontrara no sótão é minha filha, espero que tenha cuidado de arrancar o arame de seu pescoço antes de desamarra-la da cadeira. Certamente, você ira concordar comigo que ela é muito bonita. A garota é muito parecida com a mãe, falecida a três anos. Para comprovar deixei o retrato da minha querida S/n, no colo da menina. Lauren tinha 12 anos quando minha esposa foi atropelada. Era nossa única filha. Depois do choque da morte, veio o período de superação, o qual atravessamos muito bem, confiamos um no outro. O seu primeiro aniversario sem a mãe foi o pior momento depois da tragédia. Encomendamos uma missa para S/n e choramos o dia inteiro. Não quis mais saber de outra mulher, nunca me acostumei com sua morte. Ah! como queria ter morrido junto com ela, não teria que encarar todo esse inferno! começou uma semana depois do aniversario da minha filha. Havia acabado de voltar do trabalho, minha casa esta toda apagada como de costume, sentei-me na poltrona sem acender as luzes e acendi um cigarro. Ligue o radio e, na estação, tocava a nossa musica. A musica que eu e S/n escutávamos! Falava de temas medíocres, como um amor não correspondido e traição. Mas a melodia era tão doce! Comecei então, a sentir o cheiro de sua pele, o toque de suas mãos; escutava seus passos, a sua voz! De repente escutei sua voz cantando no banheiro! Não era possível! A mesma musica, a mesma voz! Ela não tinha morrido, estava apenas no banho! Cheguei a porta e comecei a escutar o doce som. A musica parou depois de dois minutos e também a voz. A porta abriu e, o vapor do banheiro, trazia para mim o seu cheiro. Ah como eu tremia! A fumaça dissipou-se e estava pronta pra agarra-la em meus braços! Que sensação foi aquela? Medo? Susto? Somente fiquei paralisado! Toda minha excitação sumiu junto com a fumaça! Era minha filhinha! Era ela quem cantava a musica e, sem entender nada, com a toalha em seu corpo, comprimentou-me com um beijo na bochecha e disse-me rindo.
LAUREN: Oi pá! Não quis te assustar, vi o senhor dormindo e não quis te acordar!
Seu corpo molhado, seus cabelos...... Ela realmente tinha crescido.
LAUREN: Tudo bem? -perguntou-me a garota
Algo em minha fisionomia deve ter me denunciado. Tentei sorrir, mas o máximo que consegui, foi contrair meus lábios grotescamente. Fingi um mal estar, tranquei-me em meu quarto, tomei dois calmantes e dormi.
Durante a primeira noite de sono, apesar dos calmantes, acabei acordando de madrugada. Fui ao banheiro, e ao voltar, percebi que a porta do quarto de Lauren estava aberta. Decidi entrar no quarto pra ver se minha menina dormia bem. Desde o dia da morte de sua mãe, ela não deitava sem a luz acessa de seu abajur. Suas pernas estavam descobertas e era uma noite fria, sem acorda-lá cheguei perto de sua cama, acariciei seu rosto e ao cobrir suas pernas com o edredom que estava aos pés da cama, meus dedos resvalaram em sua pele macia. Senti um frio horrível na espinha e um tremendo desespero. Sai do quarto e fui direto pra cozinha. Abri uma lata de cerveja e a bebi rapidamente. Voltei ao meu quarto, mas a noite pra mim já estava perdida. Por mais que eu me virasse e me mexesse, não conseguia descansar. Percebi que estava amanhecendo por causa da claridade que invadia meu quarto através das frestas da janela.
Exausto tomei um banho gelado pra acorda. Nesse dia eu nem acordei minha filha para ir a escola pois tinha medo de entrar em seu quarto. Enquanto esquentava meu café ela apareceu com o uniforme da escola. Já havia se trocado, porem estava atrasada para a aula. Pediu-me que a levasse de carro, pois me culpava por não tê-la acordado e por isso ter perdido a hora. Um pouco contrariado, acabei cedendo e dando a carona. Lembro-me tão detalhadamente daquele dia! Na frente da escola beijei-a no rosto e lembro-me tanto daquele perfume... Depois de sair do carro, percebi que um garoto, usando o mesmo uniforme, segurou sua mão levou-a aos lábios e beijou ternamente. Tentando disfarçar, minha filha olhou pra mim, largou rapidamente a mão do rapaz, o qual parecia ser mais velho que ela, e entrou correndo para a escola. Percebi, porem antes de entrar na instituição ela ainda deu um lindo sorriso para o rapaz, que correspondeu no mesmo instante.
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Contos e Histórias de Terror
Horrorcontos da internet, altero apenas algumas coisas e nomes dos personagens!