A Horse's Trust

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           Na manhã seguinte, como na anterior, Kara fez questão de bater na porta da casa da fazenda e foi agraciada novamente com um sorriso ainda um tanto sonolento de Lena que após receber uma generosa porção da torta de maçã de Marta, não deixou que a mais velha rejeitasse uma caneca de café e ao menos um pedaço da especiaria, declarando que além da Danvers precisar de energia para o dia que teria, ela não conseguiria comer aquilo tudo sozinha. Elas comeram juntas em um silêncio confortável, como se ainda estivessem se livrando do resto da sonolência que ainda existia em seus corpos.

          Depois do café, Kara ajudou Lena a recolher o que havia ficado na mesa, também não aceitando não como resposta para o seu auxílio e quando ouviram a buzina do carro de Andrea do lado de fora, ambas souberam que era hora de seguir com suas respectivas rotinas. - Tenha um bom dia, Lena - Desejou a loira saindo e deixando a porta aberta para que a menor seguisse até o carro da amiga e colega de trabalho. A Luthor sentiu seu rosto esquentar e soube que estava vermelha antes de murmurar um "Igualmente" para a outra e seguir para o Porsche 356C branco da Rojas.

          Já dentro do veículo, a latina fez questão de demorar um pouco para dar a partida, observando a loira de pele um tanto bronzeada seguir até uma das construções de madeira, despertando em Lena uma sensação que ela se amaldiçoava em ter. - Você é uma garota de sorte, Lena - Murmurou antes de dar partida no carro e seguir para fora do terreno. - Não fale besteira, Andrea - Repreendeu-a, despertando um sorriso na outra morena. - Isso tudo é ciúmes?

                 –De onde você tirou isso? - Perguntou, agora se sentindo nervosa, se Andrea estava sendo capaz de perceber o ciúmes que Lena tentava tanto esconder, Jack perceberia também, mesmo que ele não prestasse tanta atenção. - Você só me chama de Andrea quando está irritada - A menor suspirou enquanto observava a paisagem fora do carro, não conhecia Rojas havia muito tempo, haviam apenas compartilhado a cabine de trem na vinda para Smallville, mas desde então haviam passado tanto tempo juntas que haviam construído uma amizade recheada de intimidade e cumplicidade.

              E apenas desse suspiro, Andrea soube que não devia voltar a mencionar aquilo, daria tempo até que Lena viesse a ela, era o mínimo que poderia fazer naquelas condições, esperar até que a Luthor aceitasse o que sentia pela moça de cabelos loiros e olhos azuis. Mais uma vez ela olhou para a amiga antes dela mesma suspirar, não havia nada a ser dito, por isso ela ligou o rádio e deixou que a música, talvez ajudasse a menor a pensar. 

†★†

                    Kara sempre gostou de cavalos, eles a fascinavam desde quando o pai a colocou sobre um dos cavalos quando ela tinha apenas quatro anos de idade e desde então ela fizera de tudo para aprender mais sobre aquelas majestosas criaturas. Uma curiosidade sobre a moça é a que ela era incapaz de ver qualquer animal como algo inferior, simplesmente ao olhar para os olhos deles, ela sabia que eles eram tão complexos quanto qualquer ser humano com quem ela já tinha interagido em toda a sua vida, até mais, mas os cavalos estavam em outro patamar em sua concepção. Porque ao seu ver, eles eram o equilíbrio perfeito, não eram tão ingênuos quanto os cães, mas também jamais eram tão ariscos ao ponto de nunca aceitar o toque, mesmo que esse fosse de seus iguais, como os gatos.

               Por essa razão, às vezes, a El gostava de comparar sua personalidade a de um cavalo em uma questão, sua intuição sobre as pessoas. Ela, assim como um cavalo, sabia exatamente em quem confiar e quando não o fazia, se recuava e observava o suficiente para saber o que realmente havia de errado com a pessoa, e era nisso que pensava enquanto escovava a crina de Raiado depois de alimentá-lo. Raiado costumava ser de Jonathan, pai adotivo de Clark, mas depois de sua morte, o equino havia ficado um tanto mais arisco, o que piorou quando Jack o levou para o seu estábulo, mas ali, naquele momento, enquanto Kara deslizava a escova por sua crina sedosa, ele parecia ter voltado a ser o potro carinhoso que dava cabeçadas na mão dos humanos quando queria carinho.

Emerald Eyes | Supercorp G!POnde histórias criam vida. Descubra agora