Despertar, levantar, tomar banho, trajar-se e descer sorridente para o outro andar.
Até aí, nada de anormal presente na rotina de Brittany Susan Pierce, aparentemente, é claro, porque o universo nunca deixa barato. Ao chegar ao final da escadaria vazada, a estudante respirou fundo pela primeira vez naquela manhã de terça-feira, e as coisas... Bom, as coisas não estavam tão normais assim, a loira tinha dormido bastante na noite anterior, o que não era, necessariamente, sinônimo de coisa boa. Óbvio que não era. Ela capotou e adormeceu, foi assim, mesmo que arduamente, por motivos relacionados a uma pessoa, talvez. Ou a tudo. Depois de ficar passeando com o conversível prata pela cidade inteira, sem saber o que fazer. A garota havia até perdido o seu precioso jantar, mas esse fato não era tão importante se comparado a sua confusão de pensamentos frequentes que, só deixavam-na em total paz de espírito em sono.
Enfim, estava tudo bem agora. Era um novo dia, certo?
Um novo dia é igual a um novo começo. E o passado? Fica no passado. A Pierce deixou o último degrau para trás, com um leve passo, e iniciou a fitar a própria sala de estar vazia e arejada, como o habitual. Paredes brancas e de vidro estruturavam o local, um enorme sofá cinza ao centro e aquela grande televisão fina de cor preta, pousada sobre uma vasta estante de pintura de madeira recheada por objetos decorativos, encostada em uma parede, estava desligada, o que significava que Robert, o adorado pai da menina, ainda encontrava-se no andar de cima.
Estava tão cedo assim?
A garota caminhou até a ampla porta de vidro localizada na lateral do cômodo e a empurrou, ignorando o relógio pendurado ao alto do ambiente, depois de analisar a região, botando os pés, cobertos por tênis super-brancos, no belo quintal de grama. Em seguida, notou o monumental céu neutro acima dos cabelos louros, recém-secados da antiga umidade deixada pelo banho quente que tomara, e então sorriu.
A região, assim como em boa parte de Rosefield, era composta por muitas árvores ao redor, e o vistoso Outono adorava jogar suas formosas folhas sobre o chão descoberto que encontrava em seu caminho. Com isso, verdadeiros tapetes naturais formavam-se, um a um, todos em seu precioso tempo e espaço. Era magnífico assistir. Os olhos azuis desceram aos poucos em direção à piscina retangular coberta por uma lona.
Ela ainda encontrava-se coberta pela lona, depois de meses.
Bom, eventualmente a Pierce via pessoas diferentes limpando a piscina de sua residência, porque Robert não deixava a casa sem seus funcionários nunca, limpeza era tudo.
Brittany pegou seu celular e o desbloqueou, em meio ao silêncio dos ruídos do vento de passagem ao redor, encarando enfim aquele contato, através do vidro do aparelho.
(Digite aqui...)
Ok... E nada veio. E nada foi. Um nada ali, de novo e de novo. Sim, um enorme nada escancarado. Digitar o que? A loira encarou a zona em branco que, servia para escrever um texto qualquer para outro ser humano. Espaço, botões, letras, números... Mas, ela simplesmente não conseguia digitar uma palavra sequer, para enviar ao tal contato selecionado, nem um mero "oi" para iniciar uma conversa virtual, como naturalmente poderia fazer, sem problema algum, há dois dias. E por quê? Hum, não era por falta de vontade, nem por raiva, tristeza ou... Ou... Então: ela lembrou-se na hora.
"Você é uma hipócrita de merda, sabia?! Quer que eu te conte sobre o que aconteceu no farol, né?! E até hoje não me disse o porquê você odeia o seu sobrenome ou o porquê de ter fingido não me conhecer lá no primeiro dia de aula. Vamos Brittany, você consegue me dizer? Talvez, a sua amnésia não te permita responder... Mas é tão simples, por que não tenta? E aí nós podemos conversar."
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Destino ou não - Brittana
RomanceBrittany e Santana são duas adolescentes completamente diferentes, que se conhecem por um acaso em um farol abandonado. A verdade é que nenhuma delas queria estar naquela cidadezinha, Rosefield, mas é a partir de lá que um vínculo é criado entre as...