53. Sobre relacionamentos

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— Anda logo, Berry!

— Calma aí, espera, por favor... – A baixinha pediu levando uma mão ao peito agitado, e a outra a cintura, enquanto diminuía o ritmo de seus passos ininterruptos pelo solo macio. – Nós podemos parar só um pouco, Santana? Não tô aguentando, não.

A latina olhou para o lado e gargalhou da cara dela. Era uma piada, né? Tinha certeza.

— Parar "só um pouco"? Você só pode estar brincando! O intervalo de cinco minutos, foi há dois minutos, não tá lembrada?

— Sim, eu tô, mas... – Rachel respirou o mais fundo que pôde, e fez careta, olhando para os lados. – Podemos mudar os planos e aumentar o intervalo pra quinze minutos, antes que, eu desmaie de verdade?

A mais novíssima (e mais baixa, também) animadora das Cheerios, parou e abriu uma garrafinha de água em posse, quase a tomando tudo de uma vez só, afobada, como talvez, nunca ficara antes na vida, com nada. Logo as garotas precisariam comprar outra garrafa, voltando ao quiosque mais próximo, pela terceira ou quarta vez consecutiva. Santana impressionou-se com a cena que foi obrigada a presenciar.

— Meu deus, que tipo de balé você fazia hein, rainha do drama? Não aguenta nada, que fraca, deixa eu te contar. Tsc, tsc, tsc, sinceramente, acho que você mentiu pra mim, só isso explica essa moleza toda.

Rachel quase engasgou e fechou a garrafa.

— Moleza, depois de tudo que eu fiz hoje, Santana?!

A Lopez apenas assentiu a indagação da menina chocada, tranquilamente, e apanhou a garrafa das mãos dela.

— Ok... Santana, eu não menti, é só que, faz mais de dois anos que eu parei com as aulas e... E... Você é intensa demais, desculpa, mas quer me matar?! Não tô acostumada com isso! Pode me dizer a verdade, eu tô acostumada, não ligo se quiser.

— Olha smurf, se for pra ver você melhorar... – Santana a enviou um sorriso irritante, divertindo-se com tudo, mesmo levando o treinamento a sério, era engraçado Rachel reclamando e implorando coisas para ela. Aparentemente, para isso, o infinito fôlego dela voltava que era uma beleza. Porém, a Lopez não mencionaria tal fato, por enquanto, pois ainda se encontrava em perfeita paz de espírito. – Sim, eu quero te matar.

— É oficial, é hoje que eu morro dura nessa areia aqui, já tô vendo, eu sabia, tudo bem, é o meu fim...

A morena revirou os olhos e suspirou com o show da outra.

— Berry, eu não quero as outras líderes olhando torto pra gente, todo dia, só porque você entrou para o time, que nem aconteceu na sexta-feira, tá? E outra, precisamos provar pra Washington que você é tão capaz quanto a Kitty, a Jordan ou qualquer outra imbecil que ainda esteja nas Cheerios. Então, ignore essas faltas de fôlego momentâneas que estão acontecendo agora. Caramba, você é cantora, Rachel! E das boas. Sabe lidar com isso muito bem, é só se lembrar, tudo é questão de diafragma, certo? Você tem o controle perfeito dele. Não importa se é uma corrida ou um Dó-Ré-Mi-Fá no espelho, sabe...

Elas riram.

— Nossa Santana, isso foi tão bonito de se dizer da sua parte, você tá mudando pra melhor...

— É, é garota, eu sei.

— Obrigada, mesmo! – Ela agradeceu sorridente e abraçou forte a Lopez. – Eu tô muito orgulhosa de você...

— Tá. Sentimentos e suor demais. Já chega... – A líder de torcida se afastou da amiga, apertou o rabo de cavalo nos cabelos negros rindo e sentiu uma breve brisa gelada do inverno passar por seu rosto nu, naquela praia semi-despovoada, num início de tarde de domingo, na pequena Rosefield. – Vamos voltar pros polichinelos, em posição, vai!

Destino ou não - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora