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Ele e Brutus chegaram ao parque
na mesma hora que Maria.
Valentine correu imediatamente na direção de Brutus, eufórico em ver o amigo.

Sina sentiu vontade de fazer o mesmo.

Ver Noah a deixava abalada. A imagem daquele homem parecia marcada com ferro em brasa no cérebro dela, mas ainda assim, pessoalmente, ele era maior, mais bonito, mais ameaçador ao seu equilíbrio emocional. Uma estranha letargia se espalhou por seus membros e ela se sentou no que passou a ver como “o banco deles”.

Ele aconvidaria de novo para jantar? Será que ela aceitaria? Sina não fazia ideia. Sua mente estava uma bagunça.

— Você sabia que há cerca de nove mil bancos no Central Park? — Ela estava tagarelando, mas conversar era a única forma de quebrar o nó da tensão. — Adoro as plaquinhas com dedicatórias. Cada banco conta uma história própria. Olha… — Ela se revirou no banco para poder ler. — Ao amor da minha vida, no dia de nosso casamento. Muito otimista, não acha? Botar isso em um banco é algo permanente. As pessoas vão ler para sempre, você precisa estar seguro do que diz. Você já imaginou as pessoas por trás das inscrições?

— Até hoje não. — Noah se sentou ao lado de Maria e lhe passou o copo de Earl Grey. — Se tivéssemos uma placa, ela diria que meu cachorro ama o seu.

Maria sentiu a perna de Noah roçar contra a dela. A pressão era leve, mas, ainda assim,
conseguiu sentir a força de sua coxa. Desconcertada com a súbita efusão de sensações, inclinou-se e fez carinho em Brutus.

— Eu ficava meio tensa perto de pastores alemães. Ele é grandão, todo machão, mas tem uma natureza boa. Eu o amo.

— Você já considerou pegar outro cão?

— Por quê? Você vai vender o Brutus? — Maria estava brincando, mas algo nos olhos de Noah a fez pensar que talvez tivesse entrado em um terreno sensível. — Era brincadeira. Dá para ver que vocês são apegados.

— Dá?

— Claro que sim. Você parece tão feliz quando está com ele. Sinto o mesmo com Valentine.Não importa quão ruim seja o seu dia, é difícil continuar triste perto de um cachorro. Ele anima você.

— Verdade. — Noah pareceu surpreso, como se fosse algo em que nunca tinha pensado.

— E também tem o fato de vocês brincarem desses jogos que ninguém nunca ouviu falar, como o “Não pega o graveto”.

— É estranho?

— Sim, pois a maioria das pessoas quer que seus cães corram atrás do graveto.

— Estou ensinando autocontrole a ele. Parece que está gostando.

— Ele gosta de elogios. Isso é fofo. Quando vi você pela primeira vez, não imaginei que
gostasse de cachorros. Não parecia fazer esse tipo.

Noah hesitou.

— Eu gosto de cães.

— Claro que gosta, senão não teria o Brutus. — Havia algo de dolorosamente sexy na maneira
como aquele homem forte e potente cuidava de seu cão com tanta paciência e delicadeza. — O que você faz com ele enquanto está no trabalho?

— Minhas irmãs cuidam dele. — Houve uma pausa. — Maria, escuta…

Ela sentiu um rompante súbito de pânico.

— Você nunca me contou muito do que faz. Só sei que você é advogado especialista em
divórcios. — Maria começou a falar antes que Noah tivesse chance de convidá-la de novo para jantar, não porque temesse rejeitar o convite, mas porque temia, dessa vez, aceitar. E aceitar o convite poderia levá-la a se machucar, ameaçando a vida que havia construído.

Simplesmente Nova York | 𝘕𝘰𝘢𝘳𝘵 𝘈𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora