014

56 8 3
                                    


Sina Deinert.

Ela não precisava descobrir o que estava sentindo. Ela sabia o que estava sentindo. Estava furiosa com ele! Noah havia mentido. Ele achava mesmo que os dois iam se envolver depois da cena que ele armou?

Quanto à sugestão de que Sina estava usando o que aconteceu como desculpa para afastá-lo: não era uma desculpa, era a verdade.
Nenhuma mulher em sã consciência se envolveria com um homem que pegara um cão emprestado para conhecê-la.

Sina fervilhava de raiva enquanto o elegante carro ronronava pelo trânsito que entupia as ruas.
Quando chegou à casa das gêmeas, Sofya abriu a porta, parecendo terrivelmente culpada.

— Não sei o que dizer a você. Estou me sentindo péssima. Se nunca mais quiser falar com a gente, vou entender. Posso recomendar outros passeadores de cão.

— Vocês são as melhores passeadoras de Manhattan. Não quero outra pessoa. Como vai meu meninão? — Sina esperava que Valentine viesse correndo em sua direção, mas, em vez disso, permaneceu deitado com a cabeça apoiada nas patas, incomumente anestesiado. — O que foi?

— Eu ia perguntar sobre ele. Ele parece um pouco borocoxô. — Sofya fechou a porta e retirou a coleira de Brutus. — Ele estava bem ontem?

— Sim. E estava bem quando o levei ao parque hoje de manhã.

Sina viu Brutus cutucar Valentine. Como este não respondeu, deitou-se ao lado dele.

— Eles são tão queridos juntos — suspirou Sofya. — Será que Valentine comeu algo errado? Ele costuma tentar, não? É por isso que não saio com ele e outros cachorros juntos. Para prestar mais atenção.

— Ele não comeu nada. Nem ficamos muito tempo no parque. — Sina tentou se lembrar. Estava perdida em seus pensamentos, preocupada com Noah. Não andava atenta como de costume. Sentiu a culpa como um soco no estômago e, logo depois da culpa, vinha a angústia. Não era normal para Valentine ficar sem energia. — Ele deve ter comido algo. É possível.

— Tenho certeza de que não é nada. Vou ficar de olho nele e, se parecer preocupante, ligo para o veterinário.

— Vou cancelar minha reunião.

Sina começou a caçar o celular, mas Sofya balançou a cabeça.

— Não faça isso. Você não vai estar longe, eu ligo se precisar. Como foi com o Noah? Espero
que ele tenha pedido desculpas.

Preocupada, Sina se ajoelhou ao lado de Valentine.
— Ele está guardando as desculpas para hoje à noite.
— Hoje à noite?

— Nós vamos conversar.

O rosto de Sofya se iluminou.

— Ah, bem, isso é...

— Não é nada.

— Que pena. Você talvez seja a primeira mulher que consiga lidar com ele. Noah está acostumado a ter as mulheres em cima dele. Desde a adolescência é assim. A meninas vinham falar comigo e com a Joalin, perguntando como chamar a atenção dele. Ele sempre foi o queridinho da mulherada. Honestamente, não acho que algum dia tenha ouvido "não" de alguma mulher.

— Bem, agora ele ouviu.

Exceto por parecer não ter escutado.

— Você está furiosa com ele. Não posso culpar você.

— O que me deixa triste não é somente o fato de ele ter fingido que o cachorro era dele, mas
toda a história complexa que criou sobre a adoção. Você acredita que ele me disse que Brutus foi vítima de um divórcio? Disse que o dono só o manteve para punir a ex, porque sabia quanto ela amava o cachorro, e que, quando percebeu que não queria o cão, a mulher já não o queria de volta, pois achava que ele merecia a punição. Eu acreditei nisso. Fiquei triste por Brutus.

Simplesmente Nova York | 𝘕𝘰𝘢𝘳𝘵 𝘈𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora