Sina Maria.
No dia seguinte, não houve sinal dele.
Valentine corria em círculos, fungando o chão e o ar, com olhar esperançoso. Quando ficou na cara que ia ter que brincar sozinho, lançou à dona um olhar de reprovação.
- Não é minha culpa. - Maria parou para respirar. - Ou talvez seja. Eu lhe dei um chega-pra-lá. Mas vai por mim, foi a melhor coisa a fazer. Vamos embora.
Valentine se sentou,recusando-se a partir.
- Não temos motivos para ficar aqui, pois tenho certeza de que ele não vai aparecer. O que é bom. Fico feliz que ele não esteja aqui. - Maria sentiu um tranco esquisito no estômago. -Você tem muito o que aprender sobre relacionamentos. Eles são complicados. Até amizades.Meu conselho é diminuir suas expectativas. As pessoas vão te decepcionar e deixar você na mão.Imagino que seja a mesma coisa com cachorros. Ficar esperando o Brutus não é uma boa.
Valentine a ignorou e continuou fungando o chão, dispensando, na espera de coisa melhor, a companhia de um elegante labrador e de um buldogue megaempolgado.
Sem fôlego para correr, Maria se alongou e então se sentou em um banco.
Aquilo que sentia não era decepção, não é? Os dois conversaram uma vez. Uma única vez.
Mas houve a troca de olhares ao longo da semana, olhares que viraram sorrisos e, então,sorrisos de polidez que foram ficando íntimos. O resultado era a sensação de conhecê-lo havia algum tempo.
Incomodada consigo mesma, ela se levantou e estava prestes a retomar a corrida com Valentine quando ele latiu entusiasmado e deu um tranco na coleira.
Sina virou a cabeça e viu Noah caminhando em sua direção com a coleira de Brutus em uma
mão e uma bandeja com quatro copos na outra.Mesmo à distância, ele chamava a atenção. Uma corredora diminuiu a passada ao cruzar com ele, virando a cabeça para ver se a vista traseira era tão boa quanto a frontal, mas Noah não lhe dispensou um olhar. Maria se perguntou se atrair as mulheres era algo tão comum para ele que nem percebia mais.
Ou quem sabe não percebeu pois tinha o olhar preso em Maria.
Conforme ia se aproximando, o coração dela batia mais forte contra as costelas. Um desejo dormente despertava de um longo sono e uma sensação lhe atravessou a pele, alojando-se em algum lugar sob o ventre. A percepção de que o desejava veio acompanhada de um tremor de
espanto.Trouxe lembranças de quando conhecera Rich. Foi como encostar em uma cerca elétrica.
Cinco mil volts de pura energia sexual atravessaram-na, fritando seu cérebro e fundindo por completo seu sistema de alerta. Sem sua proteção, Maria entrou cega no relacionamento, esquecendo-se de suas limitações pessoais nesse tema. Percebeu mais tarde, com o benefício da distância, que ficara deslumbrada.Ela nunca se permitiu deslumbrar novamente.
Bastava de corações partidos.
Querida Aggie, tem um cara de quem gosto muito, mas sinto que me envolver com ele é uma má ideia. Por outro lado, ele me desperta sensações como ninguém mais. O que devo fazer?
"Você deveria ouvir a voz que diz ser uma má ideia e sair correndo" pensou Maria. Em disparada, nada de corridinha leve. Em disparada no sentido oposto.
Os últimos três anos foram dedicados inteiramente à reconstrução de sua carreira e de sua confiança. Sina não faria nada que ameaçasse isso.
Algumas áreas do parque permitiam que os cachorros ficassem sem coleira por algumas horas do dia. Eles estavam em uma delas. Assim, Maria soltou Valentine, que correu na direção de Brutus, saudando-o com um balanço de rabo frenético.
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Simplesmente Nova York | 𝘕𝘰𝘢𝘳𝘵 𝘈𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯
RomantizmÀs vezes, a melhor maneira de encontrar o amor é parando de procurar... Sina Maria (ou Aggie, nas redes sociais) é a colunista de relacionamentos mais famosa de Nova York, e seu livro sobre como encontrar a pessoa certa vendeu milhões de exemplares...