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Noah Urrea

-Noah, tem uma mulher na recepção que deseja vê-lo. Ela diz que é urgente.

Soterrado nas complexidades do caso com que estava lidando, ele nem sequer levantou o olhar. — Ela precisa marcar uma hora.

— É mais complicado que isso.

— Se é complicado, aí mesmo que ela precisa marcar uma hora.

— Não são negócios. É, hmm, pessoal.

Noah levantou o olhar. Ele nunca, jamais, havia deixado sua vida pessoal invadir o trabalho. Era um dos motivos pelo qual nunca saíra com alguém do escritório.

— Como ela se chama?

— Ela não deu o nome, mas está com um cachorro. E essa é a parte estranha... ela diz que o cachorro é seu.

— Um cachorro? — Vários alarmes começaram a soar na cabeça de Noah— Que tipo de cachorro?

— Um pastor alemão agitado que está fazendo a maior bagunça na recepção. — Margot sorriu. — Eu me perguntei o que estava acontecendo quando, no outro dia, você me fez aquele monte de perguntas. Ficou preocupado que o fato de ter um cachorro pudesse fazer você parecer mais humano? Porque, honestamente, seria bom. Você deveria ter me contado.

— Contado o quê?

— Que tem um cachorro.

A tensão se espalhou pelos ombros e desceu pela espinha de Noah.

— Quer dizer que uma das minhas irmãs está na recepção?

— Suas irmãs? Não. Conheço a Joalin e a Sofya. A mulher que está aqui é mais loira que elas. Ela é bem bonita. — Margot pareceu intrigada. — Achei que você a conhecesse.

Ele a conhecia. A descrição parecia condizer com a Sina e, se ela estava na recepção com um pastor alemão, queria dizer que Noah tinha problemas maiores do que poderia imaginar. Ela descobrira que Brutus não era dele. Noah se afastou da mesa, levantou-se e seu telefone começou a tocar. Era Sofya.

Ele ignorou a ligação. Se ela queria avisar sobre a situação, já era tarde demais. Naquele momento, sua prioridade era lidar com Sina, e não saber como ela descobrira a verdade. O mais irritante é que Noah havia planejado contar-lhe naquela manhã mesmo, mas ela não fora ao parque, provavelmente porque o que ele dissera no dia anterior ainda a incomodava. Então ele tinha deixado Brutus com as irmãs e prometido a si mesmo que tentaria novamente no
dia seguinte.

A voz de Margot o deteve à porta.

— Ela pediu para eu deixar uma mensagem. Disse torcer para que sua visita não fosse um "xarope" muito amargo. Isso significa algo para você?

Sim. Significava que não somente sabia que Brutus não era dele, mas também que aquele não era o nome do cachorro. Xarope.

— Numa escala de zero a dez, quão brava ela parecia?

— Por que ela estaria brava?

— Por nada.

Por tudo. Noah saiu do escritório e pegou o elevador até o térreo, pronto para seu encontro com a sorte. Não precisou procurar muito. Uma multidão de mulheres se amontoava no meio da recepção, e Noah avistou o rabo marrom e preto batendo entre as pernas delas. Balançava com entusiasmo. Traidor, pensou Noah, e fez uma nota mental para ter uma conversa séria com Brutus mais tarde. Se o cão tivesse um pingo sequer de lealdade, teria tomado o partido de Noah e se recusado a entrar no prédio. Depois de tantas caminhadas. Tantos gravetos lançados. Tantos carinhos na barriga e pelos que teve que tirar da roupa. Nunca tinha visto tamanha ingratidãocanina.

Simplesmente Nova York | 𝘕𝘰𝘢𝘳𝘵 𝘈𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora