Eu estava em meio a multidão.
Pessoas riam, crianças brincavam, adultos se divertiam enquanto eu.... Só observava.
Não que eu estivesse triste, eu estava feliz.
Eu gostava de estar com aquelas pessoas.
Gostava de estar lá.
Mas ao mesmo tempo, não parecia que eu fazia parte de tudo aquilo.
Por um momento, parei.
Pra pensar, observar e então... Me vi dentro de algo parecido com um porão.
Ele não era sombrio, com teias de aranha, escuro ou com poeira.
O porão tinha o mesmo tamanho de um quarto qualquer, talvez até menor.
Não havia nada nele, além de eu mesma.
O silêncio que havia lá, me acalmava.
Havia pouca luz no porão, parecia um fim de tarde e o local era iluminado pelos vestígios dos raios de sol.
O cômodo variava entre tons de cinza, azul e roxo bem claros, quase invisíveis.
E isso me deixava confortável.
Após um tempo no porão, reparei em uma portinha no canto.
Ela parecia ser feita de ferro, fechada muito, muito bem.
Aquele lugar era tão bom, tão relaxante, que pensei que nunca encostaria naquela portinha.
Fiquei sentada no chão, sem me mover, encarando o teto.
Apesar de estar sozinha e no silêncio absoluto, eu estava feliz.
Não queria sair de lá, não vi motivos para isso.
Eu me senti exausta, sem qualquer vontade de fazer nada, não queria mover um misero músculo.
Até que em um momento, pensei:
"E se?".
"E se eu saísse?".
Foi então que lentamente me levantei e fui em direção a porta.
Parei de frente para ela.
De forma natural, sem me forçar, comecei a abri-la.
Sem me importar com o tempo que isso levaria.
Fiz o que senti que deveria fazer, lentamente.
Eu me sentia muito leve, assim como um pena.
Quando finalmente abri a porta de ferro, me deparei com muitas outras atrás dela, com forma e cores diferentes.
Não fiquei surpresa, não esbocei reação alguma.
Simplesmente passei pela primeira porta e fui em direção a próxima.
E assim, fui abrindo uma a uma, devagar e com calma.
Quando me dei conta, estava na última porta.
Então, eu a abri.
Comecei a andar para fora, ainda sem sentir nada além de calma.
Meus olhos encaravam o chão, os levantei para que pudesse ver onde eu estava.
Assim que olhei o horizonte, um sentimento complexo me preencheu.
Um sentimento de pertencer, maior do que o sentimento de estar no porão.
Eu estava feliz.
Meu coração estava transbordando com esse sentimento maravilhoso, que eu mesma não sabia explicar.
Eu estava de frente pro mar de pé em uma rua de areia.
Não havia qualquer pessoa ou animal no local.
Só eu, mais uma vez.
Avistei um murinho de pedras logo na minha frente, me sentei sobre ele e observei a água.
Diferente do porão, que era silencioso, agora podia ouvir o som das ondas.
O céu tinha tons de roxo e azul, assim como o porão, porém dessa vez, eu sabia que aquilo era mais que paredes e um teto cinza... era o céu.
Eu já não podia ver o sol, mas sim os vestígios dele.
Parecia que o tempo tinha parado, só para eu poder apreciar tudo aquilo.
Talvez eu estivesse sozinha.
Mas dessa vez, haviam outras coisas.
Sons, cores...
Um céu que me mostrava a imensidão.
Meu coração estava alegre.
Minha alma sentia paz.
E todo o meu ser....
Sentia estar livre.
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Um Mar de Sentimentos
RomanceOs textos que irei publicar aqui, são textos que eu espero que atinjam as pessoas, de forma que elas sintam o momento, o sentimento que as palavras carregam. Talvez nenhuma das coisas que eu escrever, realmente aconteçam. São cenários fictícios, mas...