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PATRICK DEMPSEY

Sexta não tive sinal da Ellen, como já imaginava. Aproveitei para colocar algumas leituras em dia e dar uma ajeitada na casa. Sábado, quando acordei, às 13h, fui ao mercado. Ainda estava sem notícias dela.

Tentei não pensar em todo esse sumiço. Falhei vergonhosamente. Fiquei revirando os canais na tv. Só porcaria. Deitei, querendo dormir. Nada. O que, raios, tinha acontecido?

Quando eu já estava perdendo todas as minhas esperanças de esperá-la dar sinal e ir realmente dormir... Mentira, é dar um jeito de ligar para ela, ou bater na porta do seu apartamento. Mas, a minha campainha tocou. Fui correndo, só não abri a porta imediatamente por estar com cara de idiota e cansado pelo pique. Eu sou um completo imbecil.

Abri a porta calmamente, dando de cara com uma Ellen com os olhos bastante vermelhos.

— Ell? O que aconteceu? – Falei, já estendendo meus braços em sua direção para abraçá-la e fazer toda aquela dor em seus olhos ir embora. Mas como eu disse, só tentei. Porque assim que meus braços se levantaram, Ellen deu um passo para trás, para longe de mim. Isso não era um bom sinal.

Ao notar meu olhar confuso, espantado, preocupado, desesperado, agoniado e mais um milhão de emoções que estavam transbordando dentro de mim, ela falou:

— Posso entrar? Acho que a gente precisa conversar.

Dei passagem para que ela entrasse. Tranquei a porta e encostei minha testa a ela. Respirei fundo tentando lembrar de todas as possíveis merdas que eu tinha feito, acredite, o desespero estava tão grande que comecei a pensar em vidas passadas. Mas, enfim.

— Ellen, por que você 'tá chorando? – Fui em sua direção novamente, que, mais uma vez, se afastou. Fiquei apenas a observando. Ela estava de frente para mim, eu podia ver uma luta interna em seus olhos. Raiva, dor, decepção. Eu já tinha chegado à conclusão que tinha feito nada de errado, o que só piorava meu estado. Esperar era tudo que me restava.

Mais alguns bons minutos se passaram, bons mesmo. Quando encarei seus olhos mais uma vez, meu desespero piorou. A raiva venceu. Em questão de segundos Ellen começou a vir em minha direção, lentamente enquanto aqueles olhos gritavam que ela queria me matar.

— Olha, Patrick, eu vim aqui achando que seria forte o bastante, mas não sou, ok? – Ela falava enquanto andava atrás de mim. Estávamos, literalmente, andando em círculos pela sala do meu apartamento. Preferi me manter calado, tinham muitos objetos que poderiam ser lançados em minha direção e eu estava muito feliz com a minha cabeça sobre meu pescoço, onde ela deve estar. — Eu passei o dia inteiro debatendo internamente se deveria ou não vir. Acredite, pensei muitos prós e contras até chegar aqui e bater à sua porta. Eu fiz uma lista, Patrick! Tem noção do quão agoniada eu fiquei? – Ellen disparou a falar e eu apenas a encarava, confuso. Em algum momento, ela parou de vir em minha direção e ficou apenas cruzando a sala de um lado para o outro, como se continuasse sua luta interna. — Como você sabe, ontem foi noite das garotas, como você chamou. – Ell se jogou no sofá, mas não ousei me mexer de onde estava, escondido e seguro atrás de uma mesa. — Eu sei que você reparou que Kate estava nervosa, qualquer um podia ver. – Nesse momento, ela já estava falando mais para si mesma do que para mim. Até que ela levantou do nada e continuou andando. — Ela me contou uma coisa... – Ellen fez uma pausa e me olhou nos olhos pela primeira vez, mas logo desviou para a janela. Isso não estava tomando um rumo legal. — Eu sei que nós não estamos em um relacionamento sério, tudo bem? Eu sei! Mas, droga Patrick, por quê? Eu sei que não conversamos sobre exclusividade, mas nós... Nós... – Ellen começou a chorar e por pouco eu não comecei junto... Se antes eu já estava confuso, agora que eu não sabia mesmo o que estava acontecendo. Claro que eu não a tinha traído!

— Mas é claro que somos exclusivos! De onde tirou que não éramos?

— Como nós somos exclusivos se a Kate viu você com outra garota, Patty?

Pelo menos isso explica todo aquele jeito nervoso perto de mim ontem.

— Ellen, eu não te traí. – Nesse momento, ela já tinha parado de andar pela sala. Estávamos um de frente para o outro. Nossos olhos em chamas.

— E seus sumiços? – Ela falou bem baixinho. A raiva tinha passado e algo muito pior tinha tomado conta dela, uma angústia que estava me enlouquecendo.

Respirei fundo. Esse era um assunto que não gostaria de falar.

— Eu não traí você, Ell. Nunca faria isso com você. – Disse novamente. Ela percebeu que mudei de assunto. Um sorriso triste surgiu em seus lábios.

— Acho melhor eu ir embora.

— NÃO! Digo, não. Você não pode ir embora assim! Você precisa acreditar em mim. Eu não sei o que sua amiga viu, ou onde, mas é tudo um mal entendido.

— Não dá pra começar nada sem confiança, Patrick. – Suspirei pesadamente, ou eu falava, ou eu perdia a garota. A minha garota.

***

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