"Calum Hood eu acho que você se subestima, em todos os âmbitos possíveis, talvez se veja quase como uma maquina, programado para trabalhar e apenas sobrevier, mas acho que tudo que precisa é de um pouquinho de atenção, vamos lá Calum, eu estou disposto a te dar essa atenção, eu só preciso que queira ela.
Eu quase cuspi meu café quando li aquela baboseira, o primeiro pensei que no mínimo fosse engano, nada indicava que realmente foi escrito pra mim, mas esse veio com meu nome, então bom, deduzo que não é engano, é só uma pessoa com uns cinquenta parafusos a menos e pouco amor próprio.
Em primeiro lugar que forma mais brega de flertar, se é que posso chamar isso de flerte já que não tenho como responder, já que não sei qual o remetente. Talvez um romântico gostaria de receber cartas, mas bom, eu não sou um romântico, estou bem longe disso, só acho estupido e perda de tempo, pra mim o romantismo depois da adolescência só é vergonhoso, não existe justificativa plausível pra uma pessoa adulta se pregar a isso, além de ser muito complicado, estamos no século vinte e um, acho que existem formas mais rápidas e práticas do que bilhetinhos de um admirador secreto.
Eu confesso que por mera curiosidade eu gostaria de saber quem está por trás dos bilhetes, as palavras demonstram que ao menos me conhece um pouco, sabe que tenho tendência a ser... prático, imagino que também saiba que essa não é a melhor forma de chamar minha atenção, eu poderia chutar que seja um ex colega de faculdade, talvez algum funcionário de alguma empresa pra qual prestei serviço, eu tenho certeza que é alguém com quem tive alguma convivência, já que ao decorrer dos últimos anos sim, apareceram algumas pessoas que pareciam interessantes que demonstraram certo interesse por mim, porem não o suficiente pra eu me prestar a sair de casa e conhecer alguém, já que a coisa toda é muito trabalhosa e burocrática. De qualquer forma, pode ser uma dessas pessoas.
A primeira ideia que me veio a cabeça é ligar pra Ashton, o romântico é ele, deve saber como eu deveria reagir.
- Cara Mais Lindo do Mundo falando, em que posso te ajudar?
- Eu recebi outro.
- Outro?
- Sim, outro.
- Calum você está sussurrando como se estivesse sendo perseguido, pode por favor parar de resmungar e passar a informação completa?
- Recebi outro bilhete.
- Olha, é alguém realmente burro e persistente. - Eu podia ouvir sua risada do outro lado da linha.
- Não tem graça.
- Por que está me contando isso?
- Porque pensei que poderia me ajudar.
- No que exatamente?
- Eu quero saber quem é.
- Ta interessado? - Eu estou profundamente arrependido de ter ligado pra ele, Ashton nunca perde a chance de zombar de mim.
- To curioso.
- Sei lá, se ele abre sua caixinha de correspondência pra deixar o bilhete é só deixar um bilhete de volta.
- E se eu ficar de olho?
- E você sabe quando ele vai deixar outro?
- Não.
- Então só vai parecer um maluco.
- Ok, talvez a ideia do bilhete seja boa.
- Tenta com uma caneta colorida, ou um papel colorido pra chamar a atenção, pelo amor de Deus não seja rude.
- Eu não sou rude!
- É sim, agora tenho que desligar, meu aluno chega daqui a pouco. - Ashton não me deu tempo pra que o respondesse e desligou na minha cara. Eu o dispensaria como melhor amigo se ele não fosse o único que eu tenho, acho importante ter ao menos uma pessoa que me ature, vai que eu surto e tenho um colapso nervoso? Preciso de alguém pra me aguentar e me socorrer,
Eu tive que procurar em todas as gavetas da casa por algum papel colorido e uma caneta colorida, no fim usei só uma caneta vermelha, o papel é azul, acho que é o suficiente.
"Oi estranho, gostaria de saber quem é então decidir se quero parte da sua atenção, caso seja uma estranha, eu sou gay"
Acho que isso não foi rude, espero que não porque é o melhor que eu posso fazer, eu sai de casa enrolado no meu moletom e deixei o papel dentro da minha caixinha de correspondências. E se for algum vizinho meu? Isso explicaria a facilidade em deixar os bilhetes na minha caixa sem que eu notasse.
Eu entrei só pra pegar uma caneca de café e decidi sentar na porta de casa, eu gosto de observar o movimento, talvez eu tenha uma epifania ao olhar pra cara rabugenta de algum vizinho meu.
Eu realmente não me acho alguém interessante, eu não tenho uma condição financeira incrível, nem um emprego incrível, quer dizer, nem tenho um emprego, eu só presto um serviço, eu estou bem distante de ser uma pessoa simpática, e também não sou a pessoa mais atraente do mundo, não vou chutar cachorro morto e dizer que sou terrível, tenho minhas qualidades, sou um pouco vaidoso, mas nada o suficiente pra justificar todo esse esforço, porque eu configuro isso como um imenso esforço, eu tive que gastar mais da metade dos meus neurônios pra escrever uma linha, quem dirá escrever cinco, ainda mais de forma tão... apaixonada, e ainda se deslocar até a minha casa e deixar o bilhete.
Talvez só seja uma pessoa terrivelmente solitária e com péssimo gosto pra homens, também com bastante tempo livre, nesse caso, seria completamente justificável.
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Sunshine ** CASHTON
FanfictionO que difere o amor romântico de todos os outros tipos? Qual a linha tênue entre o amor e a paixão? Onde o amor pode nos levar? Qual limite podemos atravessar? São perguntas difíceis das quais Ashton Irwin parece ter as respostas.