Sunshine ** CASHTON

Capítulo 5

Eu sempre me julguei um cara solitário, que lida bem com isso, que na realidade prefere estar sozinho a cercado de pessoas, eu na realidade nunca tive muitas pessoas próximas a mim, eu tendo a afastar elas, seja conscientemente ou não. Dito isso eu confesso que a ausencia de Ashton tem esgotado todas as minhas energias, eu não o vejo ou falo com ele a quase três semanas, confesso que meu ego está ferido por ele não ter me procurado, é complexo até pra mim, eu quero que ele suma porque a possibilidade de que o que ele disse ser verdade me apavora, porém se ele me ama como diz por que só se conformou? Eu não sei, talvez minha visão de amor seja burra.

Eu pensei muito, realmente pensei e talvez Ashton tenha razão, eu julguei como um absurdo ele ter qualquer intenção amorosa comigo, porque ouvi minha vida inteira que sou uma pessoa fria, que preciso demonstrar mais carinho pelas pessoas, que sou grosseiro, e por que alguem se apaixonaria por alguem assim? O que tenho de atrativo pra alguem realmente se apaixonar por mim? Então eu julguei que ele estava só zombando, ou fazendo uma brincadeira, me pregando uma peça, me dando uma lição, qualquer coisa que não assumisse que o que ele diz é real.

Eu não sou tão ruim assim, não é? Não sou uma pessoa tão terrível assim, eu devo ter alguma qualidade boa o suficiente pra chamar a atenção de alguém. No final das contas eu não me sinto realmente bravo, ainda traído, porém só pelo meu orgulho, o meu ego está ferido e o pior, eu mesmo o feri.

- Cal? - Eu suspirei pesado quando ouvi a voz do outro lado da linha, eu nem tinha notado que havia ligado pra ele. - Calum? Diz alguma coisa, estou ficando preocupado.

- Oi. - Eu disse baixo colocando o celular no viva voz e afundando meu rosto no travesseiro.

- Oi Cal, precisa de alguma coisa? - Ele disse gentil, eu sei que Ash está sorrindo.

- Eu não sei, não lembro de ter te ligado. - Eu resmunguei sentindo minha consciência se esmigalhar, eu tô exausto, essa merda não tem me deixado em paz, eu não consigo sequer mais me dedicar ao trabalho, não porque meu melhor amigo diz estar apaixonado por mim, mas porque eu me dei conta na situação de merda que eu me coloquei, por que eu me trato dessa forma?

- Quer que eu vá aí?

- Não está trabalhando?

- O aluno desmarcou as aulas de hoje, e você?

- Não consigo.

- Quer que eu vá?

- Por favor.

Minutos depois Ash chegou, segurando dois copos de café e um saquinho cheio de bolachas e pães, ele sorriu compreensivo quando abri a porta.

- Obrigado. - Eu o abracei e ele desajeitadamente retribui como pode ainda carregando as coisas.

- Oi, Cal.

- Oi, Ash. - Eu o ajudei a levar as coisas até o sofá e se aconchegar ali comigo.

Ele imediatamente levou os dedos até meu cabelo quanto sentamos lado a lado, Ash é bom em não invadir meu espaço e ainda assim se mostrar presente, ele é bom em lidar com as pessoas, até mesmo comigo, essa é uma das coisas que admiro nele, até invejo um pouco. Eu me mantive calado enquanto bebericava do meu copo e comia o que ele trouxe.

- O que foi? - Ash perguntou sem me olhar.

- Eu não sabia que me colocava em uma posição tão terrivel.

- Por favor Cal, tente ser mais especifico pra que eu possa te ajudar.

- Eu sempre pensei que não tinha problemas comigo mesmo, nunca me achei um cara pouco atraente ou qualquer coisa do tipo, e agora eu concluo que só sou um puta de um cuzão e por isso eu acredito que ninguém possa me amar, e por isso não deixo que as pessoas se aproximem, porque não acredito que possam.

- Eu te amo, Cal.

- Mesmo eu sendo um puta dum cuzão?

- Sim, mesmo você sendo um puta dum cuzão.

- Ei, não era pra concordar. - Ash finalmente soltou um riso fraco e me encarou.

- Não sou bom mentiroso.

- Eu não sou tão ruim assim.

- Depende, pra mim não é, mas pra outras pessoas pode ser, porque cada pessoa projeta suas expectativas e percepções a partir das próprias experiências.

- E isso me torna uma pessoa ruim? - Eu deitei a cabeça no seu ombro e tirei as coisas que estavam no meu colo, Ash continuou com os dedos afundados no meu cabelo.

- Não é como se tivesse cometido um crime, as vezes só é uma pessoa um pouquinho difícil de lidar, mas qualquer um que se esforce pode ver esse seu lado.

- Qual?

- Vulnerável. você tem um bom coração Cally, só não da o devido valor a isso.

- Você me ama mesmo?

- E eu já menti pra você? - Ashton tinha seus grandes olhos brilhantes me encarando, eu me senti agitado como se precisasse correr em círculos para gastar toda a energia que percorria meu corpo.

- Sim, quando começou essa palhaçada sem me dizer que era você.

- Eu não menti, eu omiti, e ainda assim descobriu porque não sou bom em criar planos e confesso que nem tentei muito. O intuito não era esconder de você, só não queria que surtasse.

- De qualquer forma eu surtei.

- Ia preferir que eu só chegasse um belo dia na sua casa e dissesse "Bom dia Cal, eu te amo e adoraria me casar com você e adotar um cachorro" sem você se adaptar com a ideia que alguma pessoa, seja quem for, estava interessado em você.

- Eu teria quebrado uma vassoura na sua cabeça. - Eu disse rindo, imaginando a cena, isso seria desesperador, ele basicamente criou algo maior pra que eu pudesse me ocupar e pensar que a pessoa apaixonada por mim é ele, e deu certo, porque eu meio que não estou vendo isso como um problema.

- Agora falando sério, se tiver algum problema que eu possa te ajudar é só me dizer. - Ash deixou um beijo demorado na minha têmpora e voltou a atenção para a televisão, ainda com a minha cabeça deitada em seu ombro e ainda com os dedos afundados no meu cabelo.

Eu quase ousei perguntar se ele tem outro plano, o que ele pretende fazer, se ele realmente não espera nada me dizendo tudo o que disse, eu sou um cara curioso, mas acho que ainda tenho medo das respostas, então só murmurei um obrigado e voltei ao meu café.