Jovens demais para sentir este desgate
Assistindo-nos ambos esfriar
Oh, eu sei que não é bonito
Quando dois corações se quebram
Leona respirou fundo duas vezes antes de entrar no escritório Morrison. Não acreditava que estaria lidando mais uma vez com Adam, sua teimosia e tudo que mais a machucava.
Mas no fundo, quando ela o viu mais uma vez, quis sorrir e se bater por como seu coração se aquecer. Os olhos tão ternos, o sorriso tão doce que fazia suas pernas amolecerem.
Foco, Leona!
Quando entrou no andar da sala que trabalharia, ela pode ouvir o início do baixo de "Another One Bites The Dust" e quis rir. Adam sempre foi apaixonado por clássicos, e aquela música embalava a história de sua vida.
-Pontual e organizada como sempre. -Adam se aproximou, com o mesmo sorriso doce que ele sabia o efeito que tinha. -Bem vinda ao meu escritório/estúdio/ paraíso particular! -Ele anunciou, com um sorriso animado no rosto.
-É... tem bem sua cara. -Leona analisou tudo com olhar orgulhoso. -E essa música?
-Um clássico!-Eles disseram ao mesmo tempo e riram como duas crianças. Se entreolharam tristemente, pois sabiam que nunca mais teriam algo como antes.
-Bem... vamos lá? -Adam respirou alto, como se livrasse a si mesmo de um grande peso. -Eu separei uma sala, bem simples pra gente trabalhar em tudo sobre o filme, nada chique como você deve ter na América, mas...
-Ah, para com isso. Não é nada que me importa muito.
-Espero que não seja muito simples para os seus padrões, madame. -Ele debochou e abriu a porta da sala.
O local, com um clima aconchegante, tinha uma luz ambiente meio avermelhada que, unido as paredes escuras, davam um clima até mesmo romântico á sala. Vários quadros brancos estavam espalhados pela sala, sofás em um tom creme estavam encostados na parede e no centro da sala, havia uma grande mesa redonda escura com duas cadeiras posicionadas.
-Isso é simples? -Leona indagou, chocada. -Todas as salas da empresa são assim?
-São sim. Quis trazer esse clima aconchegante para o trabalho, não acho que precise ser algo tenso, entende? -Adam explicou e deu espaço para Leona entrar. -Senhorita, por favor...
-Que gentil. -Leona sorriu pequeno e entrou na sala. -É, você é realmente um bom chefe.
-Não tanto como eu queria. -Adam negou, sem jeito. -Fique a vontade, mi sala, su sala. -Ele forçou um espanhol ruim -Desculpa, meu negócio é só o inglês.
-Tá tudo bem. E não precisa tentar fazer tudo ser perfeito, certinho, ok? Sou eu, não alguém importante demais. -Leona negou e posicionou seus materiais de trabalho em cima da mesa.
-Ah, mas você é importante. -Adam murmurou mais para si mesmo, mas foi o suficiente para ela ouvir, e corar com o comentário. -Então, vamos lá, o filme. A proposta é que misturemos nossos estilos de trabalho, mas eu realmente não vejo como isso vá funcionar. Você faz aqueles romances clichês da Netflix que sempre seguem o mesmo plot, enquanto eu produzo filmes de ação e com uma motivação...
-....de plagiar os filmes da Marvel -Leona comentou em provocação.
-Eu, plagiando a Marvel? -Adam riu, desacreditado. -Por Deus, Leona. Meus trabalhos são completamente diferentes, com suas intensidades próprias e particulares.
-Vamos lá. Você tem uma série de filmes, 4, com uma equipe de heróis, cujo último filme é intitulado "A Guerra Final", tô certa? -Leona interrogou.
-Certo.
-O "líder" da equipe é um bilionário com problemas de ansiedade e que se sacrificou pelo bem do grupo. Ele tinha um assistente bobinho e adolescente sem muitos poderes que acabou sobrecarregado com tanto poder. Você até criou um mago que se tornou bruxo depois de um acidente que o deixou impossibilitado de trabalhar como cirurgião cardiovascular! E você foi tão descarado que ainda chamou o Benedict Cumberbatch pra ser seu protagonista. -Leona confrontou. -Isso é o que eu chamo de plagiador, e dos mais baixos possíveis. Eu fiz pesquisas, Adam.
-Em minha defesa, o Ben não recebia o salário devido, eu só dei o devido valor ao trabalho magnifico dele. -Adam se justificou -E quem é você pra falar, madame? Sendo que seus filmes são todos cópias de outros mil romances que já existem?
-Olha aqui, seu abusado. -Leona levantou, com um biquinho irritado nos lábios. -Ou você respeita meu trabalho, ou você sai morto dessa sala, tá me entendendo?
-Que ameaçadora, meu Deus. -Adam riu em deboche. -Não aguenta ouvir a verdade, Marie?
-Não me chama assim, Charles. -Ela provocou e o viu cerrar os punhos. Apenas sorriu com o resultado e voltou sua atenção para o trabalho. -O que vamos criar é uma história de herói, é óbvio, mas, com um contexto convincente de história, é claro.
-O que quer dizer com contexto convincente?
-Vamos comparar com a Marvel, sim? A viúva negra a princípio era só uma espiã russa bonitona e revoltada, ninguém sabia a história dela direito, até lançarem o filme dela no meio do ano. -Leona explicou -Aí, mostraram toda a história dela de verdade. Mas, não vamos esperar uma saga toda pra isso, vamos ter uma heroína com uma história de verdade.
-Certo... heroína com uma história de verdade. -Adam anotou no quadro branco. -Vamos trabalhar primeiro em quem é a personagem, o que tem em mente?
-Vamos ver... ela vai ser.... italiana, tendo um sotaque bem forte, como Lady Gaga em House Of Gucci. -Leona falou. -E tem que ter um nome impactante, pra ficar bonito quando ela disser o próprio nome.
-Não necessariamente o nome dela, certo? Pode ser um alter ego. Donatella Rossi. -Adam propôs, forçando um sotaque italiano. -O que acha?
-Rossi pode ser o sobrenome de solteira da mãe, e Donatella porque ela é fashionista! -Leona ligou os pontos. -Certo, isso foi muito mais rápido do que eu imaginei!
-Somos uma boa dupla. -Adam sorriu para ela.
Mas, aquilo não era nem de longe o que eles eram antes. Haviam esfriado com o tempo, assim como as boas lembranças que mantinham um do outro.
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ONLY FOR POWER {Shortfic}
FanfictionMelhores amigos de infância, Leona e Adam sempre tiveram uma conexão natural, o gosto por arte era algo que os unia brilhantemente. Tudo ia bem até que, por uma desavença na noite de formatura, os dois acabaram se distanciando, levando consigo, mágo...