Vamos escrever a nossa história e cantar a nossa canção

Vamos pendurar nossas fotos na parede

Todos esses momentos preciosos que esculpimos nas pedras

São apenas memórias, afinal

    A casa da família Durant era, sem dúvidas, um dos lugares mais agitados da calma e tranquila Birmingham. Ali, morava Noelle, a matriarca da família; Lauren, a irmã mais velha de Leona e Joanne, a sobrinha de Leona. Assim que souberam que a segunda mais nova das Durant estava na Inglaterra, a presença dela foi solicitada com maior nível de urgência.

    Depois do jantar, Leona e Lauren estavam no antigo quarto que dividiam, para por o assunto em dia, do mesmo jeito que faziam quando eram adolescentes.

    —Quem te trouxe de volta a Inglaterra? —Lauren perguntou. —Você mesma disse que "não era propensa ao clima britânico".

    —E eu não sou. Fui convidada pra trabalhar com um famoso diretor britânico, e você nem adivinha quem. —Leona virou o rosto para a irmã. —Adam Charles Morrison.

    —Adam...o Adam Adam? Seu Adam? —Lauren  se ajeitou na cama. —O que você gostava e tudo mais?

    —Fala baixo, Lauren! Desse jeito, Birmingham inteira vai ouvir a gente!—Leona repreendeu e sentou na cama também. —Mas é, esse Adam.

    —Menina, eu tô passadíssima! —A boca de Lauren estava num formato de "o" pelo choque.  —Conta mais sobre isso! Como ele tá? Ainda é tão bonitinho quanto antes?

    —Não tem o que contar, tá rico e sim, mas não vou admitir isso muitas vezes.

    —É claro que ele é rico. Soube que no ano passado, ele comprou, repetindo, comprou, não alugou, comprou a mansão Yorpshire, que custa tipo, uns 90 milhões de libras! Não é muita coisa pra você porque você é super rica, mas tipo, 90 milhões é bastante coisa pra mim. —Lauren contou a história –Aiai, vou procurar ele no Instagram, será que ele tem ou faz a linha "celebridade mais acessível que não gosta de redes sociais"?

    —Acho que ele tem, não sei...

    —Peraí. Joann! —Lauren chamou a filha, que veio correndo para o quarto. —Procura no Instagram, meu bem, "Adam Charles Morrison".

    —Ah, eu já sigo ele. —Joanne sentou na cama entre a mãe e a tia e mostrou o perfil do homem. —Ele adora brigar com os peixes grandes da Marvel, e eu não perco uma briga. Querem ver o perfil?

    —Claro que quero! —Leona disse animada, mas, com os olharem julgadores da irmã, se justificou. —Quero desculpa pra falar mal dele, ué.

    —Tem umas coisinhas militantes, foto dele na Broadway....

    —Ele estava nos Estados Unidos e não foi me visitar? —Leona se fingiu ofendida.

    —É claro, vocês vivem em pé de guerra desde a formatura né, se ele fosse atrás de você, seria bem bobinho da parte dele. —Lauren riu.

    Mas...ela queria isso, Leona ficaria feliz se Adam tivesse ido atrás dela.

    —Quem será essa moça com ele? —Joanne mostrou uma foto que, com a lembrança do dia, Leona quase amoleceu. Por sorte já estava na cama.

    Era uma foto do dia que Adam e ela tinham feito a tatuagem dos dois. Como Leona ia para Harvard e Adam ficaria em Oxford, queriam uma memória viva um do outro, gravado na própria pele.

    "—Sabe que, nem doeu tanto? —Leona comentou, passando a mão pelo plástico que envolvia a tatuagem. —O que acha Adam? Ah meu Deus, seus olhos estão cheios de lágrimas!

    —Que nada, estão coisa nenhuma. —Adam negou, enxugando os olhos com o braço livre.

    —Que bebê sensível, meu Deus. —Leona riu em provocação e apertou a bochecha de Adam.—Mas, se arrependeu disso?

    —É claro que não. —Adam passou um braço pela cintura dela —Já que vou mesmo perder minha melhor amiga, quero uma lembrança dela.

    —Você não vai me perder, Adam. Eu já te disse que volto, não é? Além do mais, quando eu for uma diretora super famosa, você vai morar comigo numa mansão em Nova York. —Ela afirmou, com um olhar terno para ele. Quando os olhares se conectaram, Adam não evitou de sorrir. O olhar dela seria seu favorito, sempre."

    —"Você não voltou." —Joanne leu a legenda. —Minha nossa, que dramático. Tia Leona, essa moça parece com você, o que acha?

    —Não parece não, olha, ela tem cabelos compridos, e castanhos. —Leona disfarçou.

    —Apesar de que você também tinha cabelos casta....AÍ LEONA! —Lauren esfregou a lateral do próprio corpo —Ô mãe! A Leona ainda me belisca com aquelas unhonas de bruxa dela!

    [...]

    No dia seguinte, Adam e Leona estavam trabalhando novamente na história de Donatella Rossi. Mas o que ela estranhou, era como Adam a olhava, aquele mesmo olhar de admiração que ele tinha na adolescência por ela.

    —Não estou entendendo porque me olha assim. —Leona questionou, sem olhar pra ele.

    —Assim...? —Adam questionou, confuso.

    —Como fazia quando éramos mais jovens. —Leona ergueu o olhar e forçou um sorriso. —Qual o problema, Adam?

    —Eu... queria te fazer uma pergunta. Não precisa responder se não quiser, ok? —Adam se ajeitou na cadeira. —Quando chegou, anteontem, eu percebi que você ainda tem a tatuagem que fizemos juntos. Se me odiava tanto, porque não apagou a tatuagem? Você tem dinheiro o suficiente pra isso hoje em dia.

    —Tatuagem?—Leona questionou, fazendo-se desentendida e cruzou os braços. —Eu não tenho tatuagem, não sei do que está falando.

    —Sabe sim, Leona. "Ars longa, vita brevis."—Adam citou o escrito da tatuagem.

   —Eu não preciso dizer isso pra você. —Leona desviou o olhar dele e voltou a digitar no computador.

    Adam não argumentou. Comprimiu os lábios, sem graça, e continuou seu trabalho. Mas Leona se sentiu mal pela rudeza que usou pra falar com ele. Adam não merecia esse lado seu.

    —Eu... quis manter a última lembrança positiva entre nós dois. –Leona explicou, se dando por vencida. —Tudo que fiz, foi corrigir para uma tinta branca. —Ela mostrou para ele. —É a melhor lembrança da minha adolescência, então, não deveria a apagar. Agora, podemos voltar ao trabalho?

    —Entendi. —Adam meneou com a cabeça e sorriu minimamente.

    Mas, Leona percebeu quando, depois de um tempo, Adam ergueu a manga da camisa social e mostrou em seu antebraço a escrita já meio apagada. "Ars longa, vita brevis".

    Não era apenas uma lembrança.

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