Individual geral

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[N/A: Obrigada pelo carinho! Hoje é o dia da verdade, hein? O que será que vem por aí?]

Natasha sentia o coração batendo pelo corpo inteiro. O rabo de cavalo estava apertado e o collant estava inteiro aderido ao corpo dela. Era vermelho em sua maior parte, separado do branco do colo e das mangas por uma faixa azul estilosa. Todo o barulho do ginásio era ruído branco. Via pessoas segurando cartazes com o nome dela.

Começaria com o solo, o que era bom - se livraria de uma das provas que menos gostava logo de cara.

O problema é que Carol Danvers e as demais estavam extremamente motivadas, mais do que em qualquer outra prova. Natasha terminou a sequência do solo perfeita como sempre, sendo acompanhada na música pelo público. Porém, ao fim, terminou a bateria apenas um décimo na frente de Danvers. Sabia que seria pegado; elas não tinham vindo para brincar.

Foi bem na trave - praticamente impecável. O desmonte, um duplo mortal carpado para frente, sem o uso das mãos, foi perfeito e a colocou muito acima das outras, graças à alta nota de partida.

Faltavam apenas salto e barras - as melhores provas dela. Ouvia as pessoas gritando o nome dela em um grande coro e sorriu. Se repetisse o desempenho das provas anteriores, era ouro.

Só precisava terminar as séries.

O próximo era o salto. O preferido dela. Fez todo o ritual. Pó de magnésio nas mãos. Os olhos fixos num ponto além da pista. Esperou o sinal, saudou os juízes. Respirou fundo, correu. Ia fazer um Seojeong. Foi de frente, bateu as mãos na mesa, se sentiu subindo no ar, os braços próximos ao corpo num mortal esticado com duas rotações completas. Abriu os braços. Sentiu o chão do tatame sob si, mas um dos joelhos não cedeu levemente como deveria.

Natasha não chegou a cair no chão, mas sentiu uma dor intensa queimá-la até a alma. Ainda conseguiu saudar os juízes, e talvez, com um pouco de gelo ficasse boa. Não tinha sido nada de mais... Ou era o que pensava.

No primeiro passo que deu para sair, teve que se segurar para não gritar de dor, e ouviu o estádio inteiro fazer uma exclamação de pena. Mancando, foi instantaneamente atendida por Alexei e os médicos da equipe. Uma vez sentada no chão, começou a chorar.

Chorou, primeiramente, pela dor. Segundo, pela cara de luto que os médicos faziam enquanto olhavam para ela, o que significava que não competiria no último aparelho.

Muitas pessoas falavam com ela ao mesmo tempo. Perguntavam sobre dor, sobre se ela conseguia ficar em pé... A única coisa que passava pela cabeça dela era que estava machucada e não ia poder competir mais por sabe-se lá quanto tempo.

As coisas aconteceram diante dos olhos dela em segundos. Foi levada do ginásio de maca enquanto a competição continuava. Os treinadores e médicos tiravam as câmeras da frente. Não tinha o menor cabimento filmar uma atleta naquele estado.

Minutos depois, quando chegou ao hospital, viu o rosto da mãe manchado de lágrimas e o pai tentando acalmar as duas. Passou por radiografias, ressonâncias e tomografias. Foi examinada, imobilizada, e recebeu analgésicos.

Passou um tempão esperando no quarto. Os pais faziam companhia silenciosa para ela, depois de Nat ter deixado muito claro que não queria conversar de jeito nenhum. Não naquele momento, pelo menos.

Algumas horas depois, Melina e Alexei chegaram, junto com dois médicos da delegação russa e os médicos coreanos que estavam atendendo Natasha.

"Como você está?" Melina segurou a mão dela, mas Nat só deu de ombros e desviou o olhar.

"Temos novidades." o médico russo disse. "Conversamos com a equipe do hospital. Nat tem uma lesão do ligamento cruzado anterior. Infelizmente, vai precisar de cirurgia e muito tempo de fisioterapia e reabilitação."

Flying High [ROMANOGERS]Onde histórias criam vida. Descubra agora