Cair no mundo dos sonhos pode ser uma experiencia tão agradável quanto assistir a um pôr do Sol tingindo o céu com a sua mistura – inimaginavelmente compatível – entre os diversos tons de roxo e o caloroso laranja; cores essas que encaixam perfeitamente ao fim do azul escurecido pelo crepúsculo, formando assim uma cena inebriante capaz de trazer tranquilidade a algumas almas afugentadas pelos problemas corriqueiros da vida.
O véu noturno toma o céu, trazendo consigo os mistérios e belezas de noite uma noite estrelada, a qual consegue ser tão bela ao ponto de esconder sob a luz prateada da lua, os perigos disfarçados na escuridão, e assim como eles podem tomar qualquer forma atrativa durante tal período – o qual tudo possui complexas nuances, dentro do mundo lúdico dos sonhos as coisas funcionam da mesma maneira.
Um enorme e colorido vitral serve como plataforma circular para impedir a sua queda dentro da escuridão de um curioso subconsciente, contudo, se engana aquele que se perde na beleza do vitral, pois cada fragmento fora colocado de maneira estratégica com intuído de formar um enorme desenho, o qual Izakia¹ vagou por cima sem ao menos nota-lo.
Além dos limites do vitral central estão outros escondidos dentro da escuridão, com os seus singelos e tímidos cintilar sendo a única prova das suas existências. Diante a uma das extremidades do vitral Izakia teve o caminho aberto por uma passarela formada de cacos coloridos que iluminam o caminho em meio a escuridão até o próximo vitral, um destino pouco interessante no momento para Izakia, que retornou ao meio da plataforma, finalmente dando atenção a imagem formada pelo vitral: um rapaz adormecido com uma espada de cabo rubro e guarda retorcida para ambos os lados até o pomo, o qual está conectado a uma pequena corrente que leva em sua ponta um pingente dourado.
Há inscrição ao longo do vinco da espada, porém pouca diferença ela fez, pois Izakia agarrou o cabo da sua própria arma e em seguida cravou a grandiosa lâmina no vitral, rachando-o por completo. Liam acordou pouco antes de ver um pedaço do vitral despencando dentro da escuridão.
Sentado na cama com o peito ainda arfando Liam continuou a apertar o pingente do seu colar sem ao menos cogitar a ideia de poder quebrar o pequeno pote de vidro. Por sorte, não demorou tanto para o Liam afrouxar o aperto e passar a respirar profundamente, focando unicamente no lembrete feito no calendário pendurado na parede oposta. Liam levantou descontente e foi até o calendário achando que deslizar o dedo sobre a data faria com que ela perdesse o doloroso significado e voltasse a ser apenas uma data festiva e alegre, porém ao olhar para a mesinha onde há um desenho dele feito naquele mesmo dia, mas a anos atrás, Liam constatou amargamente que não importa o quanto pedisse, nada irá traze-lo de volta.
Embora tenha chegado a tal estado de aceitação, não demorou para Liam descarta-lo da mesma maneira como vem feito durante aqueles dez anos, os quais serviram apenas para a dor se transformar em um buraco vazio que tende a aumentar em certos momentos, dificultando para Liam a tarefa de suportá-lo.
De banho tomado, uniforme vestido – após uma breve luta com o zíper da jaqueta preta – e com o desenho escondido em um dos seus bolsos, Liam desceu a escadaria de pedra chegando à sala onde já pode sentir o cheiro dos doces Lawfes sendo feitos. Atraído pelo cheiro Liam parou na divisória da sala com a cozinha, podendo assistir a dona da casa servindo o café-da-manhã enquanto tira o ultimo Lawfe do fogo.
Melissa terminou de limpar as mãos no pano já pronta para se virar e chamar pelo Liam, quando o próprio a surpreendeu ao surgir do seu lado limpando delicadamente a farinha branca do seu rosto visivelmente abatido, embora esteja carregando um belo sorriso.
— Bom dia, querido — saudou Melissa, rindo pelos beijos recebidos em sua bochecha.
— Bom dia, Mel — respondeu Liam, abraçando-a e realmente desejando a ela mais do que um dia melancólico — O cheiro está muito bom...
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Raeken - A Lenda de Uma Chímera
FanfictionHá muito tempo atrás, antes até mesmo de eu chegar neste mundo, os mares se tornaram revoltos e rios passaram a secar dia após dia. O céu fora domado por enormes nuvens repletas dos mais furiosos relâmpagos que substituem a luz dos astros. O vento p...