Em meio a escuridão do vazio, Izakia despenca rumo ao seu misterioso destino, sentindo o fluxo invisível guiando-o lentamente durante toda o percurso enquanto Izakia assiste os fragmentos do vitral estilhaçado flutuando ao seu redor, mas esses pequenos e coloridos pedaços afiados não possuem tanta paciência para se deixarem serem levados como Izakia.
Os fragmentos cintilaram por um breve momento antes de estremecerem anunciando o súbito avançar escuridão a dentro, os grandes olhos azuis de Izakia são atraídos pelos coloridos pedaços, obrigando-o a se virar para presenciar a junção de todos os fragmentos em formação de um novo vitral.
Independente da sensação de estar caindo ou não, Izakia é capaz de sentir cada musculo do seu corpo enrijecendo como se congelassem ele por completo no lugar, contudo, se trata de uma farsa, pois a cada segundo que passa Izakia é puxado para o vitral e a figura desenhou moldada por ele com todos os detalhes feitos com precisão, incluindo o símbolo do Herói em seu peito.
Pousando suavemente os pés um pouco abaixo do peitoral do Herói, Izakia analisa cada traço do homem antes de ouvir as palavras sendo ecoadas pelas travas. Encontre o Fruto e salve o nosso povo; as vozes sussurram encontrando o ombro de Izakia com um toque sutil, induzindo-o a encontrar uma figura enevoada por uma colorida neblina etérea. Mesmo parcialmente coberto, Izakia é capaz de sentir que a figura está a esbanjar o seu costumeiro sorriso cheio de divertimento, o qual cedeu espaço para um caloroso e gentil inclinar de lábios.
— Com saudades?
A voz em meio a nevoa indaga e ao receber silêncio como resposta, ela aponta para o Herói no vitral enquanto Izakia tomba a cabeça sem desviar o olhar da figura que é incapaz de conter a graciosa e breve risada.
— Ele precisa mais de você do que imagina e acredito que isso conte para você também. — A figura disse, recebendo o bufar de Izakia — Por favor, eu preciso que faça isso, depois podemos nos reencontrar, mas agora ajuda-lo é mais importante para todos nós...
"— Ache a Chímera!"
A voz do Mason desperta o Liam junto aos solavancos da carroça que parou fazendo-o esbarrar nas outras criaturas presas com ele. Levou poucos segundos para o Cavaleiro avaliar cada um dos seres ao seu redor enquanto disfarça a surpresa brilhando em seus olhos sempre que eles acompanham as grandes orelhas daquelas criaturas, e mesmo que a sua analise não tenha requisitado muito tempo, Liam seria incapaz de prosseguir ou até mesmo buscar por saber o que está acontecendo, pois logo a porta da jaula é arreganhada e as criaturas orelhudas se afastam dela rapidamente, acumulando-se ao fundo junto ao Liam.
O Cavaleiro tenta ver quem está sendo capaz de perturbar as criaturas orelhudas, mas devido ao tamanho delas, Liam acaba tendo que esperar cada uma ser retirada da jaula e, ao chegar a sua vez, ele engole a seco o susto perante a máscara tristonha que é trajada pelo seu carcereiro. Encarando os buracos vazios no lugar dos olhos da máscara, Liam se recusa dar qualquer passo para se juntar aos seis orelhudos, até que outro mascarado – agora sorridente, lhe força a cumprir a ordem não dita.
Em seu lugar, Liam sente a ponta dos dedos formigando em um calor tão conhecido que almeja ser saciado pela presença da espada ou qualquer arma que possa ajudá-lo a sair dessa situação, mas tal sensação é esmagada perante a grandiosa extensão da grade de espinhos, a qual tem o poder de deixar o Liam confuso entre se entregar ao receio ou a curiosidade acerca do que está sendo guardado além dos espinhos.
Liam tem o lampejo de um palpite sobre o que lhe aguarda lá dentro, mas ele se nega a acreditar, mesmo com o comportamento dos orelhudos denunciando as chances de ele estar certo. Para a sua surpresa ao atravessar os portões guardados por outros dois mascarados, Liam encontra um campo aberto com várias árvores de troncos gigantescos espalhadas pelo lugar enquanto servem de apoio para as casas metálicas alojadas na metade das árvores.
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Raeken - A Lenda de Uma Chímera
FanfictionHá muito tempo atrás, antes até mesmo de eu chegar neste mundo, os mares se tornaram revoltos e rios passaram a secar dia após dia. O céu fora domado por enormes nuvens repletas dos mais furiosos relâmpagos que substituem a luz dos astros. O vento p...