eu sou maior que o universo

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Não é uma corrida para o fim.

Dói saber que eu nunca mais vou te encontrar.

Minha cabeça dói, pulsa o lado direito. Mas isso acontece desde meus 14. 

Eu já vi muitos médicos, sabe? Diferentes especialidades, diferentes exames, pencas de remédios. Mas ninguém sabe dizer o porquê da dor. Ultimamente eu tenho tomado um remédio que ajuda bastante, mas dá muito sono. 

Só que eu acho que a sonolência compensa a diminuição das crises.

Hoje eu fiz uma prova de literatura.

 Era para ter lido muitos textos teóricos antes, durante o período, porém eu não li. 

Tem sido complicado conciliar o trabalho com a faculdade. 

Por falar em trabalho, tem me feito bem sair de casa, por mais que seja acordando 6 da manhã e enfrentando ônibus lotado no meio de uma pandemia, para ficar praticamente sozinha no escritório.

Eu acho que tudo está perto de acabar, tenho uma esperança de encontrar meus amigos numa mesa de bar logo.

Esses amigos, tão diferentes dos que liam esse livro. São outros amigos. 

Amigos de uma pessoa tão diferente da pessoa que escreveu esse livro. É outra pessoa.

 Não leio mais tanto Leminski assim. Minha obsessão atualmente é Dostoievsky. 

Logo isso passa também. 

Não sou mais tão fissurada no que era antes e eu acho isso bom. Agora eu gosto de cerveja e consigo tomar café de uma forma moderada. 

Minha coleção de livros é o dobro do que era e eu acho que essa é minha maior conquista.

 Só que meu cabelo está normal. 

Eu odeio o jeito como ele está, mas não tenho ideia do que fazer.

 E agora eu tenho uma aceitação melhor com meu corpo. 

Mas meu complexo com a aparência em si aumentou. Aposto que é por conta do cabelo. 

Porém eu ainda choro bastante – os motivos mudaram. Motivos para chorar sempre vão existir. 

Ainda bem que eu nunca mais vou te encontrar.

 Fica bem.

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Universo Arcano - uma epifania regradaOnde histórias criam vida. Descubra agora