Universo Arcano - uma epifania regrada

Netuno

       Tudo o que fazes tem intenção única e plena de massagear teu ego. Cada movimento é calculado, às pressas, calculado com a incólume intenção de inflar teu ego análogo às dobraduras orientais mais complexas que possa se registrar. Se tu chegas, saio. Se tu entras, saio. Se tu vens, saio. Se tu apareces, saio. Saio. Noção zero, palavras desordenadas e garatujas. Cerram-me os olhos em tua presença. Saio.

       Não ligues, não apareças, não penses. Os encaixes apenas mostram teus deveres vaidosos próximos à escuridão. Teu ego, teu ego, teu ego. Me enlouquece, me enlouquece, me enlouquece. Nunca vi tanta intensidade quanto nessa cidade. Não. Essa demasiada liberdade te deixa girar, mas muitos giros não fazem bem. Não importa, teu ego ainda é teu ego. Não faz bem e eu quero avisar, mas não posso. Teu ego ainda é teu. Ego.

       Meu ódio gera poesia. Netuno, tu és tu, mas teu ego ainda gera ódio. Tudo é anulado por teu ego. Teu ego, Netuno, teu ego gera ódio, meu ódio gera poesia. Teus passos estalam minhas têmporas, teu ego gera ódio. Netuno, teu ego é teu ego, teu ego gera ódio. Teu ego gera poesia.