Vênus

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     Ao certo, encantava-me com seus ideais românticos. Puxava-me e eu me encontrava tão livre em sua prisão, cada aspecto e sensação me levavam à êxtase anônima e alaranjada. À noite, perdia-me em suas mãos. Sempre soube que algo estava errado. Contudo, minha intuição recebeu nada mais que negação. Quem adivinharia?

     Calmaria embaladora, sorriso assassino, feminilidade aguda. Resumindo, um ser agridoce que faz suas extremidades sentirem uma ponta de dor psicológica. A ela era atribuída toda falta de religião, por mais religiosa que fosse sua vertente. O difícil era decifrá-la. Em um espectro bilateral de sentimentos, seu isolamento e angústia podiam ser traduzidos como amor, já suas carícias e momentos de leveza seriam a essência do medo.

     Seu nome poderia ser ecoado por séculos, canções o citariam e hinos seriam atribuídos a ele, porém nenhuma palavra dita por quem não a conheceu conseguiria descrever a sua maleficência paradoxal. Tão próxima dos extremos, diferente na igualdade, extraordinária na mediocridade, elevada ao fundo. Odiava amar as riquezas que recebia como presentes de homens desesperadamente apaixonados.

     Vênus, resgate-me. 

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