Universo Arcano - uma epifania regrada

Mercúrio

     Alguns deles querem te usar. Não fica claro, não é mesmo? Quando eu era menor, eu vi. Se eu fosse mais jovem, eu aproveitaria melhor essa cidade. Mas tudo bem, esclareceremos nessa noite. Deixe a estação passar. Deixe o fogo queimar. Deixe a estação passar. Deixe o gelo descongelar. Deixe a estação começar. Por favor, faça o que eu imploro.
Meu bem, a água que um dia te cercou cansou de sustentar. Meu bem, a água que um dia te sustentou cansou de não te invadir. Meu bem, a água que um dia te invadiu, te afundou. Meu bem, a água que te afundou, sumiu. Nós estamos caindo, meu docinho, e não vai ser uma cena bonita. Quando eu envelhecer, e formos só nós, você tomará conta de mim? Você fingirá para minha felicidade? Renegados e diferentes. Metálicos e maleáveis. Manipuláveis. Mercúrio.
Por que parece que só eu sei? Me recuso a acreditar que ninguém mais use esses óculos, que, ora ajeitam a vista, ora distorcem a realidade. Às vezes, parece que só há uma solução, mas... Mas eu vim até tão longe. Me ensine a mentir. Agora dance, bastardo, dance. Sangue? Não ouço essa palavra há anos. Em minhas veias corre mercúrio.
Querida, agora tudo cai, e eu que não volto mais aqui. Olha quem tu tentaste prender, sou Mercúrio. Nesse sagrado silêncio me despeço, deixo nada mais que desordem. Querida, agora tudo cai, e eu que não volto mais aqui. Olha quem tentaste prender, sou Mercúrio.