Capítulo 41

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"Me dê amor como nunca antes porque ultimamente eu tenho desejado mais, e faz algum tempo, mas ainda sinto o mesmo, talvez eu deveria deixar você ir." 

****

Ana deixou a bolsa na cama de seu quarto e sentou na beira no parapeito da janela, retirou os sapatos que usava e segurou uma almofada contra o peito. 

Estranhamente nao havia chorado no carro, não chorou quando chegou ao quarto também.

De repente ficou extremamente difícil desmoronar. Ou talvez já tivesse o feito o suficiente.

Ela tentou convencer a si mesma que já estava esperando por aquilo, no fim tudo sempre acabava mal, alguma coisa iria dar errado. Se convencer... Porque ela não havia sequer pensado naquela possibilidade. Sabe, a possibilidade de dar errado? 

Olhando de longe, era certeiro que era um desastre, todos os pontos estava interligados para uma catástrofe. Como ela não percebeu? Como ela pôde se deixar levar por tão pouco sem se questionar, sem verificar, sem pensar? 

São tantas coisas que fazem com que a nossa mente fique em um loop infinito, nos fazendo refém de pensamentos bons, que ficamos cegos, ainda mais depois do ciclo vicioso martirizado naqueles dias em que sua alma foi se deteriorando lentamente.

Foi o que Ana culpou, afinal.

Sim. 

Foram muitos dias se martirizando, passando por situações ruins atrás de situações ruins. Quando os momentos começaram a ser bons e bons, ela se acostumou muito rápido. Porque voce se acostuma com coisas ruins acontecendo em sua vida, e mais rápido ainda com coisas boas.

_ Ana - seu nome foi dito de forma hesitante e Ana se virou para a porta.

Elena estava parada ali, a encarando de forma preocupada, o cenho franzido e as maos entrelaçadas na frente do corpo.

Ana inspirou o ar e se levantou, limpando rapidamente a lágrima que havia escorrido por seu rosto, engoliu em seco.

_ Eu esqueci a porta aberta - murmurou,surpreendendo-se por não engasgar devido ao nó na garganta.

Elena continuou parada, bem ali na porta, hesitante, não desviando o olhar de Ana.

_ Eu te vi chegando... você me pareceu, hã, triste - a loira falou.

Ana a encarou, dando de ombros, mirando um ponto cego na mulher, os olhos embaçados porque as lágrimas estavam chegando novamente. Deus, ela não podia lidar com Elena naquele momento, não dava. Era demais. Tudo era demais. Uma mínima coisinha naquele momento seria uma bomba para ela.

Okay, as vezes era bem fácil desmoronar.

_ Não é nada - ela conseguiu responder, colocando as mãos nos bolsos de trás da calça, permanecendo de pé ali, no meio do quarto, totalmente perdida.

Chorar na frente de Elena.

Há que ponto ela chegou? 

_ Pode me deixar sozinha? - pediu num sussurro, um fio de voz.

Elena abriu a boca e então a fechou, passou as mãos pelo cabelo, parecendo mais perdida que Ana de repente, e quando a morena desabou ao se sentar na beira da cama, a loira se aproximou rapidamente.

_ Não, eu não posso - ela se ajoelhou em frente à Ana, segurando seu rosto entre as mãos.

O rosto de Ana estava completamente molhado pelas lágrimas, e ela tentava puxar ar para os pulmões que doíam como o inferno, as mãos nas coxas, ficando as unhas no tecido do jeans da calça porque ela precisava segurar em alguma coisa, alguma coisa real, alguma coisa que a prendesse ali.

50 Tons de MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora