Quando o dia amanheceu, Judy já havia recolhido suas roupas velhas, arrumando-se para sair. Foi idiota da sua parte tentar mostrar o smartphone a ele. Teria se dado melhor contando uma mentira, pelo menos não a odiariam tanto. Ela desocupou o quarto e desceu as escadas do Lune Rouge apressada, as lágrimas de tristeza e medo manchando seu rosto. Daria tudo para ganhar um abraço do pai naquele momento, seria especialmente bom que ele entrasse pela porta da hospedaria, a pegasse nos braços e levasse para casa, como na vez em que se perdeu na loja de brinquedos do shopping: ela simplesmente sentou-se no chão e aguardou o pai encontrá-la, e ele veio mesmo.
Além dos dois homens do dia passado, um velho de bengala e roupas amarrotadas estava sentado em uma das mesas. Quando viu Judy, ele enrolou a barbicha branca no indicador, analisando a criança.
— Essa é a menina que você falou, Emma? — perguntou para a sobrinha que saía de trás do balcão, enxugando as mãos no avental. — Bom, talvez possa ajudar na cozinha, se quiser ficar.
Judy paralisou, não saiu para a rua como pretendia, pois Emma trazia uma pequena maça verde como café da manhã, que recebeu imensamente agradecida, deixando a trouxa de roupas que carregava de lado.
— Sim, mas achamos que não vai ficar. — Emma justificou ao vovô Gaubert, que continuava a enrolar a barbicha. Não contaria a ela que suspeitavam que a menina fosse bruxa, ou seu comportamento explosivo o levaria a açoitá-la com a bengala na frente dos clientes.
— Por que não?
— Acho que tem família, Oliver dará um jeito nisso.
— Melhor assim. Não precisamos de uma outra boca pra alimentar. E esta aí é tem os braços tão finos que não poderá ajudar o suficiente com trabalho. — No momento em que Judy terminava de devorar sua pequena maçã, o vovô Gaubert virou-se aos dois únicos clientes que conversavam e passou a gabar-se de sua própria época e juventude.
Com os olhares de todos desviados, Judy seguiu seu caminho para fora do Lune Rouge, a rua deserta despertou-lhe calafrios de medo. Para onde iria agora? Sem saber o que fazer, apenas jogou os restos da maçã para os porcos atrás da cerca e seguiu em frente.
— Mas onde está a torre famosa? Não vejo nem a pontinha dela no céu. Será que aqui é mesmo Paris?
Oliver acordou-se, molhou o rosto e desceu até o balcão, cumprimentando o vovô Gaubert que já o tratava como filho. Um pouco preocupado, sentou-se em um dos bancos para anunciar a Emma seu fracasso e medo em relação a Judy.
— Sairá hoje? — A moça sorriu, entregando uma maçã e um copo de suco ao rapaz.
— Sim, mas vou procurar emprego pelas redondezas. Tento voltar cedo para limpar a cozinha. Preciso me livrar da...
— Sua garotinha já saiu.
— A Judy? Para onde?
— Não sei, pensei que fosse ordem sua. Espero que não volte, é melhor assim. Não gosto nada dela nem do....
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Judy Através do Tempo | Completo
AdventureO que a presença de um smartphone na revolução francesa ou na idade da pedra mudaria no curso da história? Apavorada com a possibilidade de repetir a quinta série pela segunda vez, Judy Henderson deseja profundamente aprender os conteúdos das prova...