Quando a chuva passar...

Capítulo 5

Os dias se seguiram sem alteração nenhuma... Já fazia duas semanas depois daquela noite fatídica e ela via seu esposo se afastar cada vez mais. Mal conversavam, ou até mesmo se viam.

Luca a evitava de todas as maneiras, se tornou frio e distante. Com exceção da sua filha, todos estavam sofrendo com seus atos. Passava todo tempo na empresa de mineração e quando estava em casa se trancava em seu escritório. Tirando as vezes que brincava com sua filha, seu humor se mostrava tenebroso com os outros.

Perto dele, Clara sentia que estava com alguma doença contagiosa. Pois ele evitava olhar para ela e ficar ao seu redor. Aquilo a feria de uma maneira que ela não conseguia explicar. Seu coração doía.

Ela não entendia a atitude de seu esposo. De certo, ela queria o divórcio. Aquela situação estava insuportável. Quando ele dormiu na sua cama, ela teve esperança que algo iria mudar. Passou um tempo velando seu sono, vendo cada detalhe de seu esposo. Seus cabelos negros, sua mandíbula bem delineada e seu corpo em forma eram demais para ela.

 Sentiu algumas emoções que não conseguia descrever. Tudo era novo para ela. Foi bom dormir sentindo seu cheiro e o calor do seu corpo, no meio da noite, Luca a enlaçou e aproximou seus corpos. Ela se sentiu em casa, segura. Com um suspiro ela caiu nos braços do Morfeu. Mas quando acordou a realidade foi um verdadeiro tapa na cara, pois ela se encontrara em uma cama fria e vazia. Sem fala na futura atitude de Luca.

No começo da semana Clara começou suas seções de fisioterapia com sua amiga Mary. Mary era uma ruiva encantadora e baixinha. Mas se enganava quem pensava que por ser baixa a mulher não sabia se defender ou levava desaforo para casa. Não. Mary era fogo puro quando pisava no seu calo. Quem poderia dizer isso muito bem era seu ex-noivo.

Namorava Roger durante sete anos. Conheceram-se na faculdade, eram da mesma turma de neuroanatomia. Mary sempre foi aplicada e Roger ficou no exame final. Para não atrasar o seu curso de medicina, resolveu pagar a matéria junto com a turma de Mary. Esperto, o garoto viu na menina sua chance de melhorar sua nota, pois Mary sempre fora muito aplicada. Pediu aulas particulares e logo estava fazendo de Mary sua aula prática, conhecendo cada parte do corpo da menina. Ele fora seu primeiro, terminaram a faculdade, arrumaram o emprego e logo noivaram. Porém, na semana do casamento ela descobriu que Roger estava brincando de médico com sua estagiária. E assim, seu noivado foi por agua á baixo.

Nas seções com Clara, Mary aproveitara para se abrir com as suas mais novas amigas. Clara e Jéssica. Jéssica era psicóloga de Clara, era uma moça tímida e muito sensível. Seus longos cabelos negros se contrastavam com sua pele branca de porcelana que destacava suas duas piscinas dos olhos. Viu na psicologia a chance de ajudar as pessoas, pois sempre ouvira mais que falava. As pessoas se abriam com facilidade para ela.

E foi no hospital que as três se conheceram. A esquecida pelo marido, a traída e a mal-amada. Sim, pois a pobre Jéssica tinha dedo podre para homem e seus relacionamentos nunca iam para frente. E foi na amizade que as três buscaram conforto. Muitas vezes os laços da amizade são mais fortes que o de sangue. E os meses que Clara passou no hospital fortaleceram essa amizade.

Nesse momento, as três estavam juntas na academia da mansão. Sim, a mansão tinha uma enorme. Clara amou, então aproveitou uma das seções com Mary para chamar Jéssica e assim colocar os papos em dias. Clara queria relaxar um pouco e esquecer por algum tempo o clima pesado que envolvia seu casamento.

Estavam as três fazendo exercício juntas na enorme piscina, pois Mary não perdeu a oportunidade de conhecer toda a academia e agora estava trabalhando a musculatura da sua amiga dentro da água. Terminando a seção, Mary foi para a borda e tomou seu suco de abacaxi com hortelã que Célia trouxe para ela e as outras mulheres.