Quando a chuva passar...

Capítulo 3

-PAPAI...

Clara se surpreendeu com o grito dado pela filha. No instante em que Lucy avistou seu pai o clima mudou. Rapidamente a garotinha esqueceu seu pônei e saiu correndo ao encontro do pai. Ela pulou nos braços do pai dando vários beijinhos e o agarrando pelo pescoço. Sem escapatória o gigante de quase dois metros teve que se colocar de joelhos na frente da filha e sofrer o ataque da garotinha. A emoção foi tão forte que garotinha conseguiu levá-lo ao chão.

-Papi, papi, papi . O papi mais lindo de todo mundo –disse Lucy olhando pros lindos olhos do seu pai. Para ela, ele era o maior homem do mundo.

-Olá minha estrelinha –falou Luca ao ver sua princesinha. Como ele amava aquela menina. Seu mundo estava ali, dando vários beijinhos nele.

Atônita, Clara se sentiu uma intrusa vendo aquela cena em sua frente. E ficou sem entender como um homem daquele tamanho deixou-se ser derrubado por uma garotinha. Ela viu o semblante do homem se transformar completamente, do homem de negócios para um verdadeiro bobo apaixonado pela filha.

-Lucy meu anjo, deixe seu pai se recuperar desse super-ataque de beijos. –Clara falou sem graça.

-Só estou agradeço o papai, mamãe. –Lucy parou os beijos e olhou no fundo dos olhos do seu pai. –Obrigada papai, hoje eu ganhei o melhor presente do mundo. Minha mãe voltou do jeito que o senhor prometeu e isso só aconteceu por que o senhor cuidou direitinho dela.

Aquelas palavras a feriram, como ela poderia dizer para sua filha que seu super-heroi não passava de um impostor. E que seu pai se quer foi visitá-la por conta própria. Aquilo a machucava imensamente. Todos aqueles meses no hospital se recuperando e ele nunca a foi lhe visitar. Quantas vezes ela se sentiu só, abandonada e perdida. Sem contado com aquele que dizia que era seu esposo. Sem poder ver sua filha, sem poder falhar com ninguém que poderia ser considerado seu parente.

Os funcionários a olhavam com pena. Dó. “Pobre coitada, o marido nem vem visitá-la. É ocupado demais para sua esposa inválida”. Se não fosse a amizade de sua fisioterapeuta e da sua psicóloga, jamais conseguiria sair daquela depressão. As primeiras semanas foram horríveis. Ela se sentia oca...

-É verdade meu anjinho, deixa-me levantar. –O homem falou tirando Clara de seus devaneios e se colocando de pé com sua filha no colo. Ele percebeu o olhar que sua esposa lhe lançou. –Você não tem que me agradecer... –deu um beijo na testa da menina e suspirou. –Agora, vá com sua babá.

No mesmo instante Julia chega sem folego e seu patrão lhe encara furioso. Nervosa a jovem começa a falar.

-Desculpa senhor pela demora, assim que a madrinha me chamou em vim bus...

-Não quero saber de desculpas para seus atrasos Julia –falou cortando a fala da jovem. O homem era um jumento, pensou Clara. –Hoje já tivemos atrasos demais e Lucy precisa terminar suas tarefas.

Julia ficou envergonhada por ser chamada a atenção na frente da sua patroa e de Fernando. Suas bochechas ficaram vermelhas e Clara viu que Fernando não gostou disso também. O veterinário apertou seus punhos e respirou fundo.

-Sim senhor... –falou e dirigiu os braços para pegar Lucy dos braços do pai. –Venha Lucy... –mas a garotinha não quis ir com sua babá.

-Por favor, papai eu não quero ir –A garotinha falou com os olhinhos cheio de lágrimas. Ela queria ficar mais tempo com sua mamãe e com seu papi e não fazendo tarefa. –Eu nem terminei de escovar o Ponpon.

E a apesar da insistência do pai a garotinha não saiu do seu colo. Clara vendo que o seu marido já começara a perder o controle da situação e sua menininha ficava cada vez mais estressada, resolveu que era hora de interver. Foi em direção ao esposo e a filha.