Capítulo 2

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Era possível experimentar algo tão grande, tão sublime, tão magnânimo como amor que estava sentindo pela sua filha? Era loucura!

Sim, era a mais doce loucura! E Clara queria se banhar nela. Mergulhar nesse amor.

Ela passara horas, minutos, segundos olhando para aquele anjinho que estava em seus braços e não conseguia entender como o encanto do amor lhe alcançou tão rápido.

A envolveu num abraço gostoso, olhando cada pedacinho dela: os cabelos louros, a sobrancelha fina, boquinha rosadinha, as mãozinha delicadas. Então Clara entendeu que o frio que sentira antes estava se esvaindo aos poucos. Agora seu mundo era aquele embrulho que se aconchegava a ela. E ela tinha um novo objetivo.

Ela não estava mais sozinha e foda-se se seu marido que nem uma só vez foi visitá-la. Com certeza estava cansado da mulher inválida que ela se tornara e não suportava mais tê-la como esposa.

Foda-se ele.

Ela tinha o que lutar. Ela lutaria pela sua pequenina flor. Seu pequeno anjo. Se seu poderoso marido não a quisesse? Ela iria encontrar seu caminho, para ela e para seu bebê.

Clara prometeu a si mesmo que não iria deixar a doença dominá-la. Ela ira lutar contra tudo e todos. Ela iria suportar. Ela iria vencer!

E não importava se tinha perdido os primeiros dentinhos da sua princesa, ou as primeiras palavras, ou os primeiros passos. Ela estava indo conquistar novas memórias para sua bebê.

-Eu prometo filha, mamãe jamais te deixará de novo... -Falou, dando um beijo na cabecinha loura.

Dando ainda vários beijinhos na pequena, Clara escutou batidas na porta.

-Senhora? Posso entrar? -Clara reconheceu a voz de Célia e autorizou sua entrada. A governanta entrou e as viu deitadas sobre a cama. Soltou um suspiro, pois encontrara a pequena fujona. -desculpa Senhora, vim atrás da pequenina Lucy. Sua babá estava preocupada com seu sumiço. Tenho que levá-la para que sua rotina comece.

-Não se preocupe Célia, quando minha filha acordar eu mesma cuidarei que ela cumpra suas tarefas...

-Mas Senhora...

-Não se preocupe Célia! Quando ela acordar eu mesma estarei cuidando disso -cortou Clara. Ninguém iria tirar sua filha de seus braços. Ninguém. -Quando precisar lhe chamarei Célia -Clara falou dando seu sorriso mais doce. Ela sabia que Célia só estava fazendo seu trabalho.

-Tudo bem Senhora... -falou Célia preocupada. Isso não iria acabar bem. Ela tinha certeza.

Saiu deixando as duas no quarto e se dirigiu a babá da pequena. Descendo as escadas, a encontro no grande salão, pelo visto estava procurando a fujona.

-Julhinha minha filha, não se preocupe com Lucy. Ela está com sua mãe -o olhar assustado da sua afilhada quase a fez sorrir.

-A jovem Senhora chegou madrinha? -falou curiosa.

-Sim e Lucy já foi recebê-la acredita?

-Não acredito madrinha! Mas também, ela estava morrendo de ansiedade. Minha pobre menina não via a hora de conhecer sua mamãe.

-Verdade Juh... Ela estava tão animada.

-Pois madrinha me deixe buscar Lucy e começar com suas tarefas, pois se o Senhor Ferraz descobrir do atraso irá comer meu fígado fritinho. -Julia falou sacodindo as mãos. Ela era uma boa moça, tinha longos cabelos negros cacheados e olhos cinza, moldurados por longas pestanas. Era formada em pedagogia e viu como uma boa oportunidade de emprego quando sua madrinha disse que o senhor Ferraz precisava de uma babá. Mas não era uma babá qualquer, ele queria alguém que pudesse ensina a pequena Lucy. Recém saída da faculdade, não pensou duas vezes em aceitar o emprego. Com os pais mortos, foi Célia que a criou como filha, e assim, ela aproveitou para ficar mais perto da sua madrinha e cuidar dela.

Quando a chuva passar...Onde histórias criam vida. Descubra agora