[decem]: space dementia

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Jimin 🍊

Amor.

Vinda do latim Amore, dentre seus milhares de significado destaca-se aqueles que dizem que o amor é "Uma dedicação absurda de um ser a outro", um sentimento de afeto que faz com que uma pessoa queira estar com outra, protegendo, cuidando e conservando sua companhia.

Eu bato o livro fechado ao terminar de ler aquelas palavras, o largo no chão e minhas mãos imediatamente fazem seu caminho em direção aos meus olhos, cobrindo-os. Como se bloquear minha visão fosse parar a dor que sinto agora, em diferentes partes do meu corpo. Busquei distrair minha cabeça com algo mas vejo que não foi exatamente uma boa ideia. Não é distração se tudo me faz voltar para o centro do meu problema.

São três da manhã. Já faz seis horas que Victoria saiu. Nós brigamos, mais uma vez, ela não gostou quando eu pedi para voltar para casa de meu pai, ela acha que isso é uma espécie de presságio para o começo do nosso termino, o que não é verdade, eu só quero voltar a morar com meu pai... Mas bem, acho que isso não importa tanto para ela.

A discussão desramificou-se em outros assuntos posteriores que eu sequer me lembro agora, raiva e tristeza detinham minha capacidade de pensar, eu não lembro o que falei para Victoria enquanto gritavamos um com o outro.

O que posso me recordar é o fim do nosso conflito, onde minha voz bate em eco no ar e Victoria devolve-me em formato de silêncio curto, verbalizando logo em seguida que iria sair e não sabia quando voltava, disse-me para não esperá-la acordado. Mas ela sabe, ela sabe que eu não consigo dormir quando ela não está, não consigo relaxar nessa casa sozinho quando tenho a ciência que ela saiu sozinha, com a cabeça quente para algum lugar, beber até sua mente e seu corpo não aguentarem mais.

Não é a primeira vez que isso acontece e toda as vezes, não mais que um par de horas depois, eu vou atrás dela, trago-a de volta para casa, cuido de seu estado delibitadamente embriagado e então o dia seguinte chega onde nós ignoramos tudo que passou-se na noite interior, enterramos profundamente o fantasma de nossos problemas e agimos como se nunca tivessem acontecido mesmo que corroa reentrantemente nosso relacionamento num ponto que eu tenho certeza que não sobrará mais nada.

Isso sempre funcionou, e eu sempre me perguntei até quando iria.

Bem, aparentemente esse dia chegou. Eu até poderia buscá-la hoje, seja lá onde ela estiver, mas eu estou cansado. Completamente cansado.

Deitado no sofá, eu aperto minhas pernas contra no meu peito, meus olhos ardem em um sono exausto que queima a lateral da minha cabeça mas, dada as circunstâncias, incapaz de ser sanado. Talvez não tenha problema eu esperá-la toda noite, afinal, eu já fiz isso outras vezes.

Meu cérebro lateja, o silêncio rasteja e eu sou deixado à mercê da sensação de sufocamento e de meus pensamentos que sempre se tornam mais barulhentos quando ela não está por perto.

Eu estou tão, tão cansado. Me pergunto como foi que minha vida trouxe-me até esse ponto, o que fiz para essas coisas acontecerem comigo. Eu me apaixonei mas meu peito chora quase todos os dias, cheio de angústias coibidas, cordas de agonia ataram-se fortemente a mim e são incapazes de me deixar. Sinto meu coração pulsar dolorido, cada batida é uma tortura. Amor não era para ser assim, não é o que os livros dizem.

Eu deveria estar feliz, deveria estar me sentindo preenchido, tudo deveria parecer certo, em seu devido lugar. Mas não é como me sinto, tudo está errado, é como se eu estivesse insistindo em empurrar uma porta trancada, eu tento arrombá-la, forçá-la a se abrir, e aquilo me machuca tanto que mal posso aguentar.

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⏰ Última atualização: Aug 09, 2021 ⏰

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