Nenhum Lugar No Mundo {jjk + pjm}

[tria]: ayon & okumene

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Uma semana.

Uma semana que Park Jimin tirava o inferno de dentro de mim. É desesperador. Desde de o episódio em sua casa não tivemos mais nenhum encontro, não escuto sua voz há uma semana mas já decorei todo o contorno de seus olhos simplesmente pelo fato de que nos limitamos apenas a contato visual, o tempo inteiro.

Jimin se tornou minha nova companhia, ou talvez, minha não-companhia, de ida e vinda da escola, nos mesmo horários mas sempre separados por uma rua. Ele sempre está do outro lado, de cabeça baixa, acompanhando meus passos. Parecia existir um muro entre nós dois, resta saber quem será capaz de quebrá-lo e atravessá-lo, e estou num ponto que acho que serei eu. Seus olhares são perturbadores, me deixam nervoso e ansiando por algo que eu não entendo, seus olhos me capturam em todos os lugares.

Quando saio de casa, lá está ele parado em frente à sua porta, quase sempre com sua jaqueta de borboletas, como se estivesse me esperando. Suas íris escuras e indecifráveis encontram o meu castanho morno por alguns segundos e quando começo a andar ele me acompanha, ele sabe o que está fazendo e sabe que eu entendi, mas ele não cruza a rua e não fala comigo. Eu o procuro na escola, na cantina ou entre os intervalos e quando o encontro, seus olhos instantaneamente se chocam com os meus, numa conversa a qual eu e Park Jimin não entendemos o que estão dizendo, apenas eles. Ele sente que estou olhando e eu também o sinto, minha pele formiga toda vez, mas nunca cruzamos essa linha e isso está começando a me deixar nervoso. Na saída não é muito diferente, ele sempre me espera e me acompanha até chegarmos em casa. Me pergunto se algum dia ele estará ao meu lado e não alguns metros de distância.

Park Jimin se tornou o assunto pauta entre todas as salas dificultando ainda mais minhas tentativas de tentar tirá-lo dos meus pensamentos, tudo que se falava era sobre o misterioso Park Jimin, o novato repetente do segundo ano que ninguém consegue saber o que ele está pensando, por que na maioria das vezes ele está sem expressão. As mais variadas histórias sobre ele rodavam a escola, uma mais absurda que a outra, diziam que sua mãe fugiu com outro homem, que ele foi adotado, que o motivo dele ser repetente seria na verdade uma expulsão da sua antiga escola por se envolver numa briga ou se envolver com uma professora... Seu jeito diferente chamava muita atenção, suas tatuagens e seu cabelo ruivo eram desconcertantes para a maioria e os comentários variavam entre coisas boas e coisas ruins... Nos dois primeiros dias ele era realmente uma atração, como se fossem uma celebridade, várias pessoas ficavam ao seu redor e eu só conseguia pensar o quão sufocante devia ser.

Seu pai não escapou dos comentários curiosos e desdenhosos, ele se tornou assunto em uma de minhas refeições recebendo uma expressão incrédula do meu progenitor por ser um pai solteiro e, bom, ele também não apareceu em nossa igreja quando foi chamado. Meu pai não parecia ter gostado muito dos novos vizinhos. Eles eram um assunto forte naquela parte da cidade, no meio de meus devaneios aproveitei e me pus no lugar de um deles caindo em agonia, eu surtaria se fosse eu no lugar.

De qualquer forma, não contei a Taehyung os eventos estranhos com o novato mesmo que não seja tão comum eu fazer isso, sempre que algo novo me acontece eu conto pra ele, já que são poucas as vezes que acontecem, e mesmo assim eu me animo. A mesmice dos meus dias me deixam inquieto, quando algo inusitado surge e movimenta minha rotina a animação me sufoca e eu preciso compartilhar com Tae antes que eu exploda, mas no caso de Park Jimin optei por ocultar, por enquanto. Eu não sei porquê, mas sinto que minha estranha relação com ele é um tipo de segredo.

Neste momento são sete e dez da manhã e estou na frente de minha porta após receber minha benção diária. Puxo o ar com força, como todos os dias, ele vai estar do outro lado a alguns metros de distância. Por que eu não posso simplesmente relaxar? Por que sinto essa estranha ansiedade se arrastar pela minha pele como se fosse uma espécie de praga?