.- Mas sério, qual a sua história?
- Eu não tenho uma história - reviro os olhos e ela sorri.
- Qual é Any, todo mundo tem uma história.
- Não mesmo.
- Como é sua família?
- Pai e mãe, filha única.
- Amigos?
- Heyoon, mas apenas somos próximas, não sei se posso considerar amizade.
- Cinema? Qual seu filme favorito?
- Eu prefiro ler - abro a boca e ela da de ombros.
- Livro preferido?
- Quem consegue escolher só um? - vira o rosto.
- Fala sério, você me odeia né? - pergunto divertido pegando outra batata.
- Olha, Beauchamp - se ajeita na cadeira - nem todo mundo começou a trabalhar novo - ela suspira - é ótimo que você tenha tudo resolvido na sua vida - seu olhar fica triste - mas nem todo mundo é assim - fica um silêncio desconfortável e me pergunto do porquê dela ter essa percepção.
- Ninguém tem tudo resolvido - olho para a pista de boliche evitando seu olhar julgador.
Já no caminho para o que suponho ser a casa dela, ficamos em silêncio durante todo o trajeto. As vezes trocávamos olhares e ambos envergonhados por serem pegos observando um ao outro, virávamos o rosto em outra direção ou mandávamos sorrisos simpáticos.
Olhei o celular em minhas mãos e me perguntei se minha mãe estaria preocupada comigo, ou se ela havia percebido que eu simplesmente saí da van.
Ter conhecido Any realmente foi muito interessante. Bom, ela parece não querer se expor, já que na maioria das vezes dá respostas curtas e objetivas, mas que me deixam ainda mais intrigado para descobrir sobre sua vida.
Sua humor é duvidoso. As vezes ela está com uma carranca, assim como quando nos conhecemos, mas mesmo assim, ela me salvou de um possível assassinato (como ela mesma diz). Em outros tempos ela dá risada e, quando eu fiz meu primeiro (e último) Strike, um sorriso se iluminou em seu rosto e ela se deixou me abraçar e pude inalar seu cheiro de frutas vermelhas, com o morango predominante, é claro.
Não tive muito contato com meninas na minha vida - além das fãs, é claro - mas sei que muitas delas são fúteis e só ligam para ver o guarda-roupa lotado com roupas novas. Any se mostrou muito atenta e nenhum pouco interessada na tecnologia. É como se a cacheada vivesse em tempos antigos, e sua própria energia, ou vibe, como preferir dizer, mostra seu completo interesse em apenas viver o que a vida lhe proporcionara.
Quase dou um pulo quando vejo a porta do carro de Any ser aberta, e quando olho pela janela vejo várias casas, uma do lado da outra, e creio que seja aqui sua moradia.
Andamos até uma específica e paro quando Any me encara antes de abaixar o olhar. Quando sua atenção volta a mim, sinto um arrepio. A luz da lua, deixa a morena com um tom azulado e seus olhos brilhantes. O gorro preto, destaca seus olhos extremamente escuros e fico me sentindo embriagado por sua beleza. Desço meu olhar até sua boca e vejo lábios carnudos e convidativos, um pouco rachado, já que a mesma tem mania de mordica-lo. Péssima mania Gabrielly, péssima mania.
- Eu entro pela porta e você vai pela janela, é a segunda, me espera lá, vou abrir 'pra você. - assinto e a vejo pegando suas chaves.
Ando por fora da casa e sinto o cheiro da grama do quintal. Suspiro quando vejo a luz do quarto ser acesa e logo aberta em seguida. Pulo para dentro de casa e me viro para fechar a janela. Quando me viro, quase caio de costas.
O quarto de Any é simplesmente perfeito. Ele é artístico e a cara da dona. Desenhos por toda a parede, rabiscos, grampos, purpurina, fios, tudo que se possa imaginar. Coisas que eu achava sem graça, agara com cor e com desenhos delicados, ou até mesmo agressivos, deram uma aparência muito melhor.
- Wow. Isso é seu?
- An, é. - ela ruboriza e sorrio internamente.
- Estou impressionado.
- Nem é tão bom assim. Ainda não terminei...
- Você ainda tem coragem de me dizer que não tem uma história?
- Você sabe como é mostrar sua arte para o mundo, eu não sei.
- Eu não faço arte!
- Ah não, claro que não, e eu sou uma mochila. Não quero discutir com você, então apenas cale a boca a aceita que dançar é uma arte, a sua, e que ela é impressionante.
Ela saí para pegar algo e sorrio bobo. Ela disse que eu faço arte! Ela me acha impressionante!
- É isso que quer fazer?
- Sim, fui aceita em um monte de faculdades de artes, provavelmente serei transferido ano que vem para uma delas. Não é barato, 'to economizando mas ainda preciso de uma bolsa - ela murmura e mexo em seus pincéis em cima da mesa. - Isso é complicado.
- Por que?
- Tudo depende do meu portfólio, não é só uma questão de técnica. - ela joga um cobertor na cama - o tipo de arte que eu faço é um pouco difícil de mostrar.
- Difícil como? Você tem várias aqui - apontei para o quarto.
- O que eu faço é arte de rua! O meu quarto não conta. Todo o propósito é pegar coisas do dia a dia, como muros, paredes, e transforma-los. Sabe? Fazer algo com seu cotidiano, não é algo que irá para um museu ou para uma galeria.
- Isso é muito maneiro.
- É, exceto pela parte que é ilegal. Otawwa não é tão grande se analisando de perto, e meu pai é policial, então, isso meio que dificulta.
- Saquei.
- Olha, eu tenho que trocar de roupa, então...eu vou pro closet e você pode apreciar a arte - ela pisca sorrindo e sorrio de volta.
Meu celular apita e vejo ser uma notificação do famoso Instagram de fofocas.
Even your idol acabou de postar uma nova publicação mencionando Josh Beauchamp.
Clique aqui para conferir
Hoje @JoshBeauchamp foi visto com uma garota desconhecida antes de entrar em um carro e ser perdido de vista.
Alguns apontam uma nova amizade, seria possível um romance também?
xoxo
ROMANCE?
EU A CONHECI HOJE!
_
oi gente, primeira interação aq
oq estão achano da fic até agora?
xoxo, love ya <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Strawberry girl
FanfictionTodos me observavam e faziam de tudo para chamar minha atenção, mas eu só tinha olhos para a cacheada lendo seu livro enquanto comia morangos. - Josh Beauchamp Voltar ao Canadá não estava nos planos de Josh, o mais novo queridinho das redes. Uma fac...