𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕼𝖚𝖆𝖙𝖗𝖔

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"Capítulo quatro
Ou
All that remains it's the remains"

×××

Darling parou de fingir que ainda iria conseguir dormir eram duas e meia da manhã.

Odiava essa sensação maldita de rolar de um lado para o outro com os olhos fechados, colocando cobertas e tirando cobertas, indo ao banheiro e voltando para se deitar novamente como se ainda pudesse pregar seus olhos e finalmente descansar.

Mas o que ela mais odiava era o peso extra do lado oposto de seu colchão.

Uma semana antes, ela estava em prantos, pedindo para esse peso voltar, mas ela não achou que seus pedidos realmente fossem atendidos. Agora a loira estava perturbada porque achava que ela estava ao seu lado, porém quando se virava, não via absolutamente ninguém.

Até seus lençóis cheiravam à Apple - uma mistura de maçã com baunilha e amaciante caro - e por mais que ela mandasse lavar, a fragrância nunca saía. Às vezes Darling sentia que sua noiva ainda estava ali, a observando enquanto dormia.

E ela não sabia se esse pensamento a confortava ou a aterrorizava.

Deu uma inspirada longa e funda, até sentir seus pulmões queimarem desconfortavelmente. Quando expirou, porém, já estava de pé. Não havia motivo para continuar deitada se tinha a absoluta certeza de que não ia dormir mesmo. E além de tudo, o peso estava a deixando paranóica.

Foi em direção ao banheiro e parou ao se olhar no espelho. Jesus, como estava péssima. Tinha quase certeza que já havia visto furacões mais bonitos do que sua aparência atual.

Não que ela ligasse muito, claro. Ela só se sentia bonita aos olhos de uma certa loira de alto astral que sempre a fazia sentir como a mais bela de todas.

Mas essa loira se foi, e não há lágrimas derramadas que deixassem claro o quanto aquilo era cruel. Cruel, cruel, cruel.

A primeira semana foi horrível para a consciência de Darling, porque não importava o quanto ela tentava entrar em desespero, sentir o luto e chorar de verdade, isso não acontecia. E isso a deixava frustrada pois não queria que pensassem que ela não amasse Apple. Ela a amava. Muito.

E pensar que não pôde nem casar com ela a deixava com o coração em frangalhos, mesmo a demora sendo por pedido da própria Apple, porque ela queria casar depois que o período de campanhas políticas passasse e quando tivesse um pouco de paz. Se candidatar como prefeita às vésperas do noivado foi um ato muito arriscado - ainda existem muitos conservadores no gabinete político municipal - e realizar um casamento de duas mulheres causaria muito rebuliço desnecessário.

Ao menos essas foram as palavras de Apple.

"Será que ela ao menos um dia quis realmente casar comigo?" Darling pensou, quase que intrusivamente, e balançou a cabeça negativamente logo em seguida. Ela a amava mais do que tudo. Ela não precisava de um casamento rápido para provar isso, pois provava todos os dias.

O Ensino Médio e Snow White foram uma prova mais do que genuína. Só Deus sabe o quanto as duas tinham sofrido e como a mãe de Apple tentou manipular sua mente para "desfazer" a escolha de namoro da filha. Foi difícil, muito difícil.

Mas olhando por outro lado, Darling poderia afirmar com toda a certeza que não sofreram tanto quanto outros certamente sofreram. Elas tinham uma linda e imensa casa, um lugar na política, uma posição de respeito entre advogados estaduais, o apoio de família e amigos e uma conta bancária muito boa. Muitos jovens iguais a ela não conseguem nem metade disso em uma vida inteira.

𝐆𝐨𝐨𝐝𝐧𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥𝐢𝐭𝐞 Onde histórias criam vida. Descubra agora