𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕺𝖎𝖙𝖔

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Capítulo oito

Ou

"The Kids Aren't Alright"


Dexter Charming

Algumas horas antes.

Dava pra enxergar a fumaça a quilômetros de distância dali.

Enquanto eu pisava no acelerador, minhas mãos escapavam do volante por conta do suor do nervosismo, quase causando um acidente.

Quanto mais perto chegava, mais o vermelho e o laranja dançavam sobre meus olhos, cegando parte de minha visão. Quando Wayne mencionou "algo" no laboratório, eu pensei em alguma pessoa descontrolada quebrando tudo, ou até Humphrey derrubando líquidos tóxicos no chão (já tinha acontecido uma vez), eu nunca iria imaginar que seria um incêndio de larga escala que engolia tudo pela frente.

As sirenes do bombeiro, felizmente, também eram audíveis naquela distância, então tento me acalmar de inúmeras formas, repetindo pra mim mesmo que está tudo bem pois eles já estão lá. Mas a velocidade na qual meu coração batia impossibilitava qualquer perspectiva de calma no momento.

Wayne me amparou enquanto eu saía correndo do carro aos tropeços.

— Que porra tá acontecendo aqui?— Nem me importo com meus modos, não havia espaço para etiqueta numa situação dessas.

— Tudo o que nós sabemos é que começou no laboratório e começou a se espalhar mais rápido do que pudéssemos prever. Nosso erro foi tentar conter o que não podia ser contido ao invés de ligarmos para o corpo de bombeiros o mais rápido possível. — Ele segura seu cabelo com força, tentando conter a raiva.

— "Nosso" erro? Seu e de mais quem?

Ele para de maltratar o próprio couro cabeludo e me olha com pena. Algo muito importante que eu aprendi ao longo de minha vida é que na maioria das vezes que alguém te olha assim, é mais do que certo que existe uma notícia ruim para dar.

— Você está me deixando nervoso…

— Ele disse que não era nada demais, e me disse para apenas seguir as instruções dele e tudo ficaria bem…

Wayne não estava citando o nome de quem quer que seja, o que deixava meus nervos à flor da pele. A minha vontade era de xingá-lo, mas tudo tem seu devido tempo.

Decido olhar à minha volta para distrair a mente quando meus olhos se deparam na ambulância que estava do lado de fora do prédio. A luz do giroflex me deixava um pouco tonto, mas a sacola preta sendo carregada para dentro era inconfundível até para meus olhos.

Alguém tinha morrido.

De repente minha cabeça começou a girar. Incêndio no laboratório, seguir as instruções…

Meu cérebro faz um clique.

— Wayne, onde está Humphrey?

O silêncio dele preenche o ambiente de forma ensurdecedora. Meu coração congela por um breve momento.

— Wayne.

— Ele me garantiu que estava tudo sob controle…

Ah meu Deus

Passo as mãos pela minha cabeça e só então percebo que elas estão suando frio e tremendo. Uma ânsia de vômito de repente sobe pela garganta quando finalmente pergunto:

— Humphrey está morto?

Wayne me olha com os olhos arregalados

— Jesus Cristo, não. Quem não resistiu foi a estagiária dele, pobre alma. Ele está indo para o hospital agora, em situação de urgência.

𝐆𝐨𝐨𝐝𝐧𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥𝐢𝐭𝐞 Onde histórias criam vida. Descubra agora