Revelações

Capítulo 35

Jake

Desde que eu entrei nessa floresta, eu perdi a noção de tudo. Já não sei mais por quanto tempo eu caminhei entre as árvores a procura de (seu nome) ou de alguma pista que leve até ela, nem por onde exatamente eu já passei e em que lugar estou agora, já que a floresta é enorme e não há muitas variações de vegetação. Cada segundo que passa, é como se fosse uma hora e quanto mais eu procuro, mais aumenta o meu desespero, enquanto as esperanças começam levemente a diminuir, por mais que eu lute para afastar esse sentimento de mim.

Ninguém nesse mundo saberia explicar o turbilhão de pensamentos e de emoções que estão desordenados e intensivos em todo o meu ser. Não há dúvida nenhuma de que (seu nome) não esteja bem e que precise que alguém a salve imediatamente, afinal, cada segundo que se passa, as chances de algo terrível acontecer aumentam significante e isso é desesperador e acaba comigo. Eu sou tão impotente... Por mais que eu tente e me empenhe ao máximo, não há resultados... Entretanto, eu não posso desistir. Eu vou até o fim, seja qual ele for e qual consequência isso tudo acarrete em minha vida, mas eu preciso encontrar (seu nome).

Devido a isso, continuo andando atentamente pela floresta, tentando prestar atenção ao máximo em todos os meus sentidos para que nenhum detalhe passe despercebido. De repente, eu ouço passos e no mesmo instante, me escondo atrás de uma árvore, afinal, nunca se sabe quem posso encontrar em uma floresta a noite. Conforme os passos vão ficando mais próximos, eu consigo ouvir vozes...

Permaneço imóvel e quando dois homens passam próximo de mim, consigo ouvir algumas falas e quando eu espio, vejo que estão armados e, desse modo, percebo que são caçadores de animais de pequeno porte.

Permaneço no mesmo lugar por mais alguns instantes até ter certeza que eles já estão longe de mim o suficiente para que eu possa continuar com a minha busca. Antes de prosseguir, respiro fundo e olho para o céu, pedindo para que se algo ou alguém esteja me ouvindo, me dê uma luz para onde eu preciso ir. No mesmo instante que eu faço isso, sinto algo inexplicável. Já sei em que direção devo ir.

***

Depois de caminhar por um longo período e ao sentir o cansaço começar a tomar conta do meu corpo, eu paro de caminhar e apoio minhas costas em uma árvore. Meu coração está acelerado, assim como minha respiração, que se encontra pesada. Essa floresta é enorme, parece que nunca tem um fim. Realmente é como encontrar uma agulha em um palheiro, mesmo assim, por mais difícil que seja e as chances sejam mínimas, ainda existe uma pequena chance de encontrá-la e é nisso que eu preciso focar. De repente, ouço algo que faz meu corpo inteiro estremecer.

- Jake? – Ouço a voz fraca de (seu nome) me chamar.

Sinto meu coração acelerar ainda mais e olho para os lados, procurando de onde vem a voz, porém não vejo nada. Eu juro que ouvi a voz de (seu nome). Ou será que apenas eu queria que fosse isso que acontecesse? Talvez eu esteja começando a delirar?

- É você, Jake? – Escuto novamente a voz.

É ela! Eu tenho certeza! Dou um passo para frente e olho novamente em minha volta. Nisso, vejo a poucos metros de mim uma pessoa se levantar do chão, ficando em pé. No mesmo instante, vou até lá e a cada passo que dou, mais eu consigo ver a pessoa e mais certeza eu tenho. Sim, é ela! Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto incontrolavelmente enquanto meu coração pulsa fortemente, até que finalmente eu paro em sua frente.

- Jake! Graças a Deus a gente se encontrou. – Ouço a voz dela soar chorosa e desesperada. – O homem sem rosto... Eu sei quem ele é. E ele não está agindo sozinho! Eu já sei de tudo, Jake. Sei também que a Hannah está viva e que nós precisamos...

Eu não digo nenhuma palavra, apenas interrompo-a unindo nossos lábios e colocando ambas as minhas mãos em seu rosto, dando início a um beijo apaixonado.

Nada mais importa nesse momento. Não importa quem é o homem sem rosto, nem quem está ajudando ele. Tudo o que realmente importa agora é que (seu nome) está aqui, bem na minha frente e viva. Eu não tenho mais nenhuma dúvida de que a partir desse momento, nada será mais importante na minha vida do que a (seu nome).

Sinto os braços dela me envolverem conforme ela corresponde o meu beijo que é repleto de emoção e paixão, e eu a abraço com força. Sentir os toques e os lábios doces e macios de (seu nome) é tudo o que eu mais precisava nesse momento.

Quando finalizamos o beijo, passo meus dedos no rosto dela em um tentativa frustrada de enxugar as lágrimas que rolam pelo rosto dela.

- Eu não sei o que acontecerá daqui para frente, nem como será a minha vida, mas em meio a tantas dúvidas, há uma única certeza, (seu nome): eu jamais conseguirei viver longe de você. – Falo com a voz um pouco falhada devido a forte emoção.

- Ah, Jake... – Ela sussurra levando as mãos até meu rosto secando minhas lágrimas.

No mesmo instante, levo a cabeça de (seu nome) até o meu peito e a abraço com força. É o meu mundo que estou segurando em meus braços agora e eu farei qualquer coisa para proteger e cuidar dela, além de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para demonstrar o sentimento que tenho por ela.

- Como você me encontrou? – Ouço ela perguntar com a voz fraca entre o meu peito.

- Eu já não sabia mais onde te procurar e quando estava no limite do meu desespero, pedi ao universo que pudesse me dar um luz de onde você estava e quando eu olhei para o céu, eu vi um conjunto de luzes. Eu sei que não faz sentido algum, mas nesse momento, mesmo sem entender, eu sabia que eu tinha que ir naquela direção, era como se as luzes me atraíssem conforme na minha mente ecoava a frase: "Lights will guide you home and ignite your bones" (Luzes te guiarão até em casa e aquecerão seus ossos).

- And I will try to fix you. (E eu tentarei consertar você). – Ela fala desfazendo o abraço e olhando em meus olhos.

- O que? Você também, (seu nome)? – Pergunto surpreso.

- Sim, Jake. Quando eu vi as luzes no céu, instantaneamente eu me lembrei dessa música e eu não sei o porquê, mas eu sabia que eu deveria ir em direção a elas, era como se algo me atraísse até lá, pois eu sentia que elas me levariam ao lugar certo. Era como se no fundo eu soubesse que... – A voz dela falha.

- Que elas nos levariam um até o outro. – Completo a frase.

- Isso... – Ela sussurra.

- Sua voz está cada vez mais falha e fraca, (seu nome).

- Minha perna... – Ela fala entre suspiros e se apoia em mim.

Nesse instante, pego meu celular do bolso e ao ligar a lanterna do mesmo, direciono-a para as pernas de (seu nome). No momento em que eu faço isso, eu fico complemente assustado. O tecido da calça jeans dela que envolve a perna direita de (seu nome) está ensanguentado. Vejo que na coxa há um pano amarrado, que também está cheio de sangue.

- Meu Deus, (seu nome)! O que aconteceu? Você precisa de um médico!

- Eu...

Nesse instante, percebo que o corpo de (seu nome) perde as forças por completo e eu seguro ela imediatamente, evitando que ela caia no chão. Pego-a no colo, segurando-a em meus braços.

- (Seu nome)?

Não obtenho respostas.

- Por favor, fala comigo, (seu nome)! – Falo desesperado.

Silêncio...

Ela desmaiou.