Capítulo 17

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Já estava começando a anoitecer quando Jake e eu chegamos em Duskwood, mais especificamente no esconderijo que Jake estava nos momentos em que ele esteve nessa cidade. Para a minha surpresa, ele fica próximo da oficina do Richy e, no momento em que passamos em frente ao local de seu trabalho, eu senti um arrepio percorrer o meu corpo. Ainda dói quando eu penso no que aconteceu com ele e, provavelmente, isso nunca mudará.

- Tem certeza que você quer ir comigo ao Bar Aurora? – Pergunto e olho para o Jake.

- É claro que sim. Entrarei logo depois de você e ficarei em uma mesa próxima.

- Afinal, Jake... Você tem medo do que? Que o Phil me agarre e me beije na frente de todos? – Deixo escapar uma risada. – Você não iria poder fazer nada se isso acontecesse. – Falo ainda rindo.

Jake me olha sério por um longo tempo e embora eu tente decifrar a expressão que está em seu rosto, eu não consigo. Eu daria qualquer coisa para saber o que está passando pela cabeça dele nesse exato momento.

- Eu só quero garantir a sua segurança, (seu nome). – Jake finalmente fala.

- Não é perigoso para você se expor?

- Não. Afinal, ninguém do governo já viu o meu rosto.

- Ah, isso é ótimo. Vamos então?

- Vamos. – Ouço Jake respirar fundo.

***

Não demora muito para Jake e eu chegarmos ao Bar Aurora. Jake estacionou o carro próximo à entrada para garantir nossa total segurança, principalmente para que não seja necessário andarmos pelas ruas à noite.

Jake ficou aguardando no carro por alguns instantes até que eu entrasse no Bar Aurora.

No momento em que eu entro no estabelecimento, meus olhos percorrem por todo o local e eu tenho que admitir que o ambiente é muito agradável e aconchegante. A decoração realmente é muito bonita e o ambiente possui pouca iluminação, o que favorece para deixar um clima mais atrativo e relaxante. É possível também ouvir uma música tocando por todo o espaço. Vejo que o bar está bastante movimentado e quando eu olho em direção a porta, vejo Jake entrando no Aurora e sentando em uma mesa próxima de uma janela.

Sigo meus passos e conforme vou me aproximando lentamente do balcão, percebo que alguns olhares estão voltados para mim, incluindo o de uma pessoa conhecida.

- Olha só quem veio me dar a honra de sua presença. – Phil diz essas palavras ao meu olhar de cima a baixo e se aproxima para me cumprimentar com um beijo em meu rosto, enquanto sua mão repousa sobre a minha cintura.

- Olá, Phil. – Sorrio.

- Não sabia que você estava em Duskwood. – Ele fala ainda surpreso.

- Achei que eu seria mais útil e que conseguiria contribuir mais com o caso estando na cidade.

- Bom, de qualquer forma, fico lisonjeado em saber que você aceitou o meu convite e veio até o meu bar me visitar. Sente-se, por favor. – Ele me conduz até um de seus banquinhos e eu me sento. – O que você vai querer beber?

- O que você me sugere?

- Deixe me ver... – Phil me analisa por alguns instantes e em seguida sorri. – Para uma mulher como você, não tenho dúvidas de que uma tequila combina perfeitamente.

Ao dizer isso, Phil se direciona até o balcão e logo em seguida me entrega uma dose de tequila.

- Posso perguntar o por que dessa escolha de bebida? – Ao questionar isso, Phil me olha novamente de cima a baixo.

- Digamos que ela costuma ser... – Ele faz uma pausa. – Muito bem aceita nas mulheres. – Vejo que um sorriso malicioso se forma em seu rosto.

- Eu sei o que costumam dizer sobre essa bebida. – Comento.

- Bom, então você me entendeu. – Ele pisca o olho para mim.

- E como você está, Phil? – Pergunto com a finalidade de mudar o rumo da conversa.

- Estou muito bem, como você pode ver. – Ele me olha. – Mas presumo que você esteja perguntado por causa do mal entendido que ocorreu...

- É, estou tentando perguntar sutilmente sobre isso. – Bebo um gole de tequila.

Nesse instante, Phil sai de trás do balcão e se aproxima de mim, sentando ao meu lado. Ele aproxima o rosto próximo do meu e começa a falar em um tom baixo.

- Algum dos seus amigos está tentando me incriminar para tirar as suspeitas de si mesmo.

- Você tem certeza disso?

- O que mais seria? – Ele se afasta um pouco para me olhar e logo se aproxima novamente. – Mas não deu muito certo, já que eu fui solto por falta de provas.

- Entendo... Um pouco antes de você ser preso, você tentou me ligar. O que você queria?

- Nada demais. – Ele responde rapidamente. – Apenas iria te perguntar se você havia pensado no meu convite e se tinha decidido se viria ou não para Duskwood. Mas dadas as circunstâncias, pude ver que sim. – Ele sorri.

- Eu soube que alguém do grupo testemunhou contra você e que devido a isso você foi preso... Você saberia me dizer o que exatamente essa pessoa falou?

- Digamos que esse não é um assunto que seja adequado para conversar em um bar... Até porque algum dos meus clientes pode ouvir e entender a história de forma distorcida. – Ele me olha e sorri. – Mas se você quiser me ouvir mais, posso pedir para alguém fechar o bar no meu lugar e... – Phil coloca a mão em minha coxa, apertando-a, e conduz sua boca até chegar bem próxima da minha orelha. – Podemos continuar essa conversa no meu apartamento.

- Quem sabe em um outro dia, Phil. Hoje eu estou com um pouco de pressa.

- Como preferir. – Ele sorri e se afasta de mim.

- Quanto é pela tequila?

- Sou incapaz de cobrar uma bebida de uma linda mulher. – Ele sorri. – Não hesite em me procurar, fofa. – Ele coloca uma mão em meu rosto e aperta levemente a minha bochecha.

Logo em seguida, ele sorri novamente e se levanta. Ao se afastar de mim, vejo Phil ir atender uma mesa.

Disfarçadamente, olho para a mesa em que Jake está e vejo-o me encarando seriamente. Desse modo, eu me levanto, saio do Aurora e vou até o carro.

Alguns instantes depois, Jake aparece e no mesmo momento em que entramos no carro, ele dá a partida.

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