Episódio 3

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Por muito tempo chorei dias e noites ao reviver aquela tarde; eu sofria não só por não tê-lo encontrado, mas principalmente pelo completo desaparecimento que veio logo em seguida; e de novo. 

Era inevitável não me questionar sobre como as coisas poderiam ter sido caso eu tivesse conseguido ir ao casório da Natália.

Tudo que me interessava era saber a reação do Rô quando finalmente soubesse que, em um dos piores dias de sua vida, eu estava lá; mais perto do que ele imaginava! Queria dizer que o procurei incansavelmente...

De frente para o espelho, eu perguntava para o meu próprio reflexo o que "ele" seria capaz de fazer caso a Samantha tivesse contado tudo antes.

Nos piores dias, duvidava até o meu próprio caráter: Porquê resolvi dizer a verdade? Era só ter continuando omitindo o beijo!

O futuro que "abandonamos" constantemente visitava minha mente. O nosso passado as vezes predominava a minha memória e enchia o meu coração...

Quando eu menos devia, acabava pensando no Rodrigo mais vezes do que podia contar.

Era até engraçado porque, desde o término, de alguma forma eu sentia que o destino insistia no nosso reencontro. Porém, sempre que estava prestes a acontecer...o mesmo mesmo mudava de ideia.

Menos ali. As probabilidades era imensas, lógico. Seria inocência demais cogitar que o Rodrigo não estaria no casamento Fani&Léo, até porque, ele mesmo me contou que no casório da Natália havia acontecido o pedido.

E por saber disso, antes mesmo de embarcar jurei que, no que dependesse de mim, seria como todas as outras vezes: apenas um quase.

Só que evitar alguém é bem mais difícil quando não somos evitados.

"Como vai a sua esposa?" perguntei, depois de muito tempo o encarando de volta, tentando assimilar a confissão.

Pelo menos ele admitia que fugiu.

"O que?" o Rodrigo virou um pouco a cabeça, parecendo realmente confuso.

Então agora ele também era sonso?

Balbuciei um nossa, e ele nitidamente continuou esperando uma explicação melhor.

Fiquei com tanta raiva do cinismo dele que quando vi, já havia falado:

"Já te disseram que você está cada vez mais parecido com o Marcelo?"

Isso o deixou realmente triste. Percebi pelo beicinho irresistível que ele fez.

Mais uma coisa continuava igual.

A minha vontade era de levantar e gritar que não, nunca mais poderíamos conversar já que isso era para ter acontecido há tempos, mais especificamente quando ele teve um congresso em Manhattan e combinou de me encontrar; depois, é claro, de termos passado meses trocando e-mails, Snapchat's e figurinhas no WhatsApp!

Mas eu não fiz nada disso. Não falei nada disso. Ignorei todos os meus instintos, promessas e autocuidado. Pedi desculpa bem baixinho, só o suficiente para ele ouvir; quando sua expressão finalmente suavizou, dei um leve sorriso:

"Estamos no evento do século! Dá pra acreditar?"

O problema foi que ele sorriu de volta.

Ali senti que: ou a caipirinha já estava fazendo efeito (e que era bom ficar bem longe de outras como aquela) ou que, mesmo em meio à tanta raiva, dúvidas e mágoas, o efeito que o Rodrigo causava em mim ainda era o mesmo: o de não sentir a mínima vontade de responder pelos meus próprios atos.

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