Season Finale.

Episódio 12

Não segui os conselhos da Samantha - por algum tempo, mesmo sabendo que eu não deveria, continuei acompanhando as redes sociais da Juliette. 

E eles se casaram; ela, apesar de ser inativa na maior parte do tempo, publicou uma foto da certidão de casamento e logo em seguida adicionou o sobrenome Rochette em seu perfil - para ser franca, até hoje não existem palavras que possam explicar como fiquei depois de ver tudo isso.

Meu estado emocional envolvia muito choro, noites mal dormidas e cinco quilos a mais (graças aos potes de sorvete diários); meus amigos não sabiam o que fazer, porque pra falar a verdade, só a Sabrina sabia o que realmente estava acontecendo comigo - os outros teorizavam e envolviam meu trabalho ou Patrick em suas versões dos fatos.

A verdade é que nada me tirava do "fundo do poço" - e eu já até tinha aceitado isso - até ser arrastada para uma premiação e ouvir a voz da "razão", mais conhecida como Tracy: a host sister mais irresponsável que alguém poderia ter - e ao mesmo tempo, a melhor irmã que o intercâmbio poderia ter proporcionado para a Fani.

Ela já me conhecia de outros eventos - Christian nos apresentou na primeira oportunidade que teve; porém, nós nunca havíamos conversado muito.

Mas nesse dia em específico, ela me viu abatida; e segundo a própria, eu estrava sem o famoso brilho nos olhos - a partir disso, me vi contando grande parte do meu passado (e presente) para a namorada de um dos maiores atores dos últimos tempos, em meio à um grande evento cheio de pessoas importantes e paparazzis sedentos por dramas.

Tracy pediu meu celular - e a função "bloquear este usuário" de imediato apareceu na tela. Logo em seguida, ela segurou minhas mãos e disse:

"Antes, eu te diria "lets go!" vá atrás do seu homem e o recupere!" - ela sorriu, provavelmente se lembrando de alguma coisa - "mas a Fani ficaria muito brava comigo...além disso, hoje eu acredito que o destino cuida de tudo". - e respirando fundo, com os olhos procurando o Christian, ela finalizou:

"Preparou um amor épico pra mim. E vai preparar um para você. E se esse amor foi o namoro que você teve com o Ró, voltará a ser seu. Amores épicos não são para serem esquecidos."

***

"Pri...scila, aqui atrás!"

A voz do Rodrigo me trouxe à tona para a realidade - enquanto eu me afogava em memórias acumuladas, sentia meu peito se encher de dúvidas - e o mesmo valia para o meu coração.

Admitir era difícil, mas negar também: meu único pensando andando em direção ao meu ex namorado (que encontrava - se casado com outra) era, inevitavelmente, que pelo amor, tudo ainda valia a pena. E que até aqueles mínimos cinco segundos o encarando, conseguiam ser mágicos.

Os meus treze anos voltavam, nada de ruim existia - aquele cara, dono dos olhos tristes mais lindos do mundo, e autor dos poemas mais incríveis já escritos, era feito pra mim.

Como não seria? Como ele poderia ser...de outra?

"Bom dia! Estou com muita fome...você já tomou o café da manhã daqui? É bom demais."

Essas foram as minhas primeiras palavras para o Rodrigo - em meio à tantos pensamentos alucinógenos e um pouco obsessivos (eu com certeza comentaria com a minha psicóloga sobre cada um deles), foi o que consegui dizer.

Ele me encarou tempo suficiente para eu tomar consciência de minhas próprias palavras - obviamente ele nunca havia tomado o café da manhã do hotel - sua família continuava morando em BH, o que consequentemente não dava à ele a necessidade de se hospedar fora de casa. Além disso, nem eu sabia se era realmente bom, já que havia chego de São Paulo no dia anterior e no horário do almoço!

Enquanto eu torcia para a comida do local ser realmente boa, o Rodrigo continuava em silêncio me encarando - estava quase perguntando a ele se havia arrependimento sobre ter marcado de me encontrar (já que o mesmo estava mais pálido do que um dia já vi) quando ele respirou fundo, e puxou um cordão de dentro de sua camiseta.

Logo em seguida, começou a falar:

"Não existe uma forma certa de te contar isso. Eu odeio tocar no assunto, é uma ferida que duvido muito que algum dia irá cicatrizar, pra falar a verdade." -os olhos tristes, os meus favoritos no mundo, encontravam-se cheios de lágrimas.

"Acredite, queria estar confuso, como você. Mas estou triste, Pri...tanto que não consigo mensurar o quanto. E são por tantos motivos." - ele chorava, cada vez mais.

Eu tentei encontrar sua mão, mas ele não deixou, e continuou falando - agora, olhando para a mesa.

"Eu estou triste porque te magoei. Porque não fui te encontrar. Estou triste porque nunca deixei de te amar. Mas eu também estou triste porque amei outra pessoa. E essa pessoa, se foi."

Eu ainda estava tentando digerir o "nunca deixei de te amar", quando as últimas palavras saíram. De início, não entendi o que ele estava dizendo; mas quando encarei o colar, entendi tudo:

A aliança de casamento que deveria estar no dedo esquerdo, estava ali, num cordão. No pescoço dele.

O Rodrigo não estava casado. O Rodrigo...era viúvo.

Ele havia perdido a Juliette. Para sempre.