Season Finale.

Episódio 11

Noivo. O Rodrigo estava noivo - e não só estava noivo, como havia acabado de ficar noivo. A última postagem da moça - ou melhor, da Juliette - era justamente anunciando o noivado - e apesar de não ter conseguido muitas informações na legenda ("I'm getting married!") me dei o trabalho de olhar todas as outras 200 postagens no perfil - eu simplesmente não conseguia acreditar que o Rodrigo estava ali; e há muito tempo...

"A primeira foto deles é no natal do ano em que terminamos, Sam." - eu disse, sentindo meu coração bater na boca.

"É torturante olhar isso. Chega, vai." - foi a única coisa que minha cunhada conseguiu responder; mas, conhecendo a mesma, eu sabia que ela estava doida para chegar na minha casa e passar a noite em claro, fazendo o mesmo.

"Enquanto eu sofria enviando e-mails melancólicos..." - conclui, sentindo lágrimas se formando.

"Priscila, você sabe que não foi bem assim." - a Samantha me repreendeu.

"Foi sim, Sam. Quer saber? Foi. E meu Deus, eu fiquei mal por um cafajeste! Um cara que namora há anos e teve a ousadia de ir atrás de mim em outro país! Será que a noiva dele sabe o que ele fez? Em NY? Um cara que estava conversando com a ex namorada - vulgo eu - há meses! Que combinou de me encontrar! Que teria me encontrado se eu tivesse ido até o Brasil..." - finalizei, já chorando sem parar.

"A gente vai conversar; mas não aqui. Vamos."

Tudo foi meio turvo na volta. O choro não parava. A Sam dirigia. Eu só me lembro de estar na cama, com ela passando a mão em meus cabelos, até eu me recompor.

A segunda vez no dia que eu me encontrava em estado de choque. Sinceramente, não fazia ideia de como meu coração estava aguentando.

Lá pelas tantas, a Sam fez sinal para que eu me sentasse, e sem avisar, começou a falar.

"Não consigo imaginar o tamanho da dor que você está sentindo agora; o Rodrigo é o amor da sua vida, e está noivo de outra mulher."

Voltei a chorar - ouvir cada aquelas palavras aumentou imensamente a minha dor.

"Ei" - a Samantha levantou meu queixo - "Você já não esteve do outro lado da moeda? Já não esteve noiva? E não de uma pessoa aleatória, como essa tal de Juliette...seu noivo foi o Patrick, Pri. E sabemos em que momento o Patrick entra na sua história; assim como também sabemos que ele volta."

"Ele também sai." - a interrompi, ainda tentando conter as lágrimas.

"As pessoas não saem, não. Ninguém é descartável!Ele vai viver pra sempre aí, em você. Do mesmo jeito que o Rodrigo permaneceu...e você sabe disso, melhor do que ninguém."

"É diferente, Sam...eu fui sincera com o Rodrigo."

"Contou que foi noiva do cara que beijou na Disney enquanto ainda namorava com ele?"

Senti meu rosto queimar.

"Não é disso que eu estou falando...eu não estava envolvida com ninguém, eu não estou! E ele também não deveria estar; não depois de tudo."

"Tudo o que, Priscila? Ele te jurou amor eterno naqueles e-mails? Vocês nem se quer citaram o passado direito! E é ótimo você não estar envolvida com ninguém; sinal que tem sido sincera com você. Além disso, pouco se sabe da versão dos fatos do Rodrigo! Sinceramente, cogitar que ele é um 'cafajeste'? Em que mundo? Ele errou feio, mas nós duas o conhecemos o suficiente para saber que jamais deveríamos o chamar assim!"

"Ah, tá! O Rodrigo é santo, e deve ter uma ótima explicação para ficar noivo duas semanas depois de ter combinado de aparecer e voltar a sumir da minha vida! É isso que você está sugerindo?"

Minha cunhada assentiu.

"E o que eu faço?"

"Ué, viva! Até onde eu sei, você nunca dependeu dele e nem das informações sobre ele para nada nesses anos todos. Espere até ele querer falar com você - se ele quiser. Caso isso não aconteça, tudo bem - se tem uma coisa que você sabe fazer direito, é viver bons amores, Priprica! E render boas histórias pra gente."

Apesar de estar sentindo uma das piores dores possíveis, me esforcei ao máximo para sorrir com tamanha confiança da Samantha. Sempre achei engraçado a forma dela de ver o mundo; com simplicidade, como se tudo tivesse concerto num estalar de dedos.

Eu só pude torcer para que ela estivesse certa - e que aquelas palavras se tornassem a pura realidade.