Aborrecimento, implicância e raiva. Eram os únicos sentimentos que parecia existir entre Mick e Rachel, apesar de estarem juntos boa parte do tempo ainda sim não sabiam como lidar um com o outro. Até a inesquecível corrida em Sakhir, onde consagrou...
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Remembering him comes in flashbacks and echoes
Tell myself it's time now, gotta let go
But moving on from him is impossible
When I still see it all in my head
In burning red
Bahrain International Circuit, 4 de dezembro de 2020.
Cantarolar e comer ao mesmo tempo não era uma tarefa fácil e nem recomendada, mas Rachel fazia mesmo assim. Com os fones de ouvido no último volume e com um delicioso pedaço de torta de morango a brasileira tirava seus minutos de folga naquele final de semana intenso.
Era pouco tempo entre o fim da sessão de treino livre e a qualificação, por isso aproveitava para comer e se hidratar.
Aquele era o primeiro dia da última raceweek do ano, a raceweek que definiria de vez o campeão daquela temporada. Estavam todos com os nervos à flor da pele.
Rachel estava se esforçando ao máximo para evitar ficar perto de Mick por muito tempo porque naquela altura ele não sabia se controlar e a prova foi a noite passada, quando quase foram pegos no corredor do hotel.
─ O que você está fazendo aqui? ─a voz saiu baixa e desesperada ao mesmo tempo que o piloto se aproximava com um sorriso sacana.
Os barulhos do quarto no final do corredor denunciavam mais uma vez que a equipe estava reunida aquela noite naquele andar, jogando vídeo-game e comendo como sempre faziam. Rachel havia acabado de sair do elevador distraída no celular e foi surpreendida pelo alemão que estava esperando por ela quase em frente a porta do seu quarto.
Ele se perguntava o por quê de nunca ficarem no mesmo andar.
─ Nós não nos falamos hoje.
O beicinho enquanto se aproximava a fez rir confusa.
─ Não do jeito que eu queria. ─a justificativa veio assim que viu ela franzir a testa.
Rachel arregalou os olhos assustada quando sentiu suas costas serem pressionadas contra parede e os lábios de Mick alcançarem os seus em um selar rápido.
─ Morango? É tão gostoso.
A brasileira riu quando Mick passou a língua entre os lábios sentindo o gosto doce do hidratante labial.
─ Cereja.
─ Adoro cereja.
Sussurrou antes de roubar outro selinho da sua boca.
─ Que bom, porque é morango.
Mick lhe encarou com os olhos apertados e ela gargalhou sapeca, o que arrancou um sorriso imenso dele.
