boyfriend.

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Bahrain International Circuit,
28 de novembro de 2020.


Quando mais nova, Rachel ouviu sua melhor amiga do ensino médio falar que se alguém precisasse de conselhos sobre relacionamentos, como ela precisava, a fotógrafa era a pessoa errada para se pedir. De fato ela era, por isso gargalhou, Rachel só não esperava que isso fosse durar até depois da faculdade.

Apesar de ainda ser nova sabia que algumas mulheres podiam chegar aquela idade tendo diversas histórias de ex-namorados e das aventuras que ter uma vida amorosa ─ ou não amorosa, romanticamente falando ─ poderia proporcionar. 

Mas esse não era o caso dela.

A brasileira morava da Itália a cerca de dois anos e desde então não era muito de sair ou de ter muitos amigos, o que era normal desde que boa parte havia ficado para trás no Brasil. Talvez esse fosse o motivo pelo qual havia se envolvido apenas com uma pessoa no país europeu. Alguém que ela já não se recordava tanto assim e que por algum tempo, pouco após o término achou que faria. Aquele sem dúvidas foi o maior drama que ela tinha vivido, e a maior decepção também, era bom rir ao lembrar disso agora.

Rachel, agora, sentia vontade de enfiar a cabeça em um buraco toda vez que se recordava do que havia acontecido mais cedo,  e ter o filme voltando a sua cabeça a todo instante estava lhe deixando completamente perturbada e inquieta.

Travava duas diferentes guerras com si mesma: ela se martirizava por ter permitido que aquilo acontecesse, o medo e a apreensão tomava conta de si toda vez que sua mente a sabotava fazendo-a pensar que alguém poderia facilmente descobrir. Pensava em todo o esforço que havia feito para chegar ali e que uma fofoca mal vista poderia acabar com tudo. 

A segunda: perguntava incessantemente o por quê do frio na barriga e dos calafrios que tomavam conta do seu corpo quando se recordava de Mick. Do toque, do calor, da respiração lenta, dos braços fortes lhe prendendo a impedindo de ir embora. Essa sem dúvidas era a pior, tentar encontrar respostas para aquelas perguntas era quase uma missão impossível.

Kaya encarou Rachel pela milésima vez em apenas alguns minutos com o mesmo olhar curioso, a fotógrafa parecia estar em outro mundo e isso a deixava completamente intrigada.

─ Se você não parar de me olhar desse jeito eu juro que irei te dar uns tapas.

─ Você está calada a dez minutos. Isso está me assustando.

Rachel riu fraco e Kaya ficou ainda mais curiosa.

─ Só estou pensando ─deu ombros.─ E comendo, não se conversa enquanto está de boca cheia.

Cutucou a salada na sua frente totalmente desanimada mas suspirou antes de dar uma boa garfada nas folhas levando até a boca. Kaya lhe olhou irônica, como se não tivesse caído naquele papo. E não caiu.

─ Pensando? ─perguntou girando o canudo do seu refrigerante encarando o mesmo. Rachel assentiu ainda mastigando e ela ergueu o olhar para a brasileira.─ Alguém em específico?

─ Não.

Rebateu rápido, já completamente sem paciência para o que estava por vir. Sabia que nos próximos cinco segundos certo piloto alemão se tornaria o assunto ali.

─ Você é uma chata, sabia? ─a italiana disse cruzando os braços, brava.─ Não acredito que não irá me contar nada do que aconteceu.

─ Não por quê não aconteceu absolutamente nada, logo não tenho nada para contar. ─disse fazendo pouco caso da irritação da amiga, que ainda lhe encarava emburrada.

SOUR | MICK SCHUMACHEROnde histórias criam vida. Descubra agora