Após o baile, Shinsou te levou para casa. O arroxeado parou com o carro em frente a mesma e desligou o motor.
Uma tensão predominava dentro do veículo, fazendo com que os dois jovens permanecessem calados.
- Boa noite s/n. - Shinsou esfregou as palmas das mãos sobre as coxas, estava um pouco ansioso pois queria tomar uma atitude e tentar evoluir as coisas com a garota.
- Boa noite Shinsou, e... Obrigada pela noite. - s/n sorriu fraco e saiu do carro, batendo a porta em seguida.
Hitoshi observou s/n indo até a porta da casa e se praguejou por não ter coragem de tomar iniciativa.
- Merda! Você é um merda! - sussurrou para si mesmo enquanto batia a testa sobre o volante.
Você que já estava quase entrando em casa, parou, pensou, deu meia volta e correu até Shinsou.
- Shinsou. É.. eu tava pensando... Não quer entrar? - s/n perguntou se abaixando na janela para conversar com ele.
- Oi! - Hitoshi disse assustado com a repentina aparição. - C-claro! Vamos lá. - ele estacionou o carro do outro lado da rua e a acompanhou.
- Com licença. - Shinsou estava um pouco tímido por estar em sua casa a essa hora da noite. - Desculpa! Falei muito alto? Não quero acordar ninguém. - Ele disse sussurrando.
- Relaxa, não tem ninguém aqui. Eles saíram. - você disse tirando os sapatos e deixando na porta. Você o interrompeu quando ele foi tirar os sapatos, pois caso sua mãe chegasse, não poderia ver que havia mais alguém ali com você, ou ela ficaria brava.
-Vamos subir. - Você o chamou, indo para o pé da escada.
Shinsou afrouxou a gravata, estava nervoso com um turbilhão de coisas passando pela cabeça.
Você foi diretamente para seu quarto. Shinsou entrou no local, olhando tudo em volta, suas mãos suavam, a boca estava seca e o coração acelerado, nunca havia entrado no quarto de uma garota antes.
Você pegou um cobertor e subiu na janela, pedindo ao arroxeado que te seguisse. Foram se equilibrando pelas telhas e se sentaram admirando o céu estrelado.
A brisa gelada do fim do inverno te causou um arrepio por todo o corpo, fazendo você tremer de frio. Ofereceu o cobertor ao garoto e permaneceram ali por um tempo, em um silêncio confortável.
Diferente de Todoroki, que lhe causava uma inquietação e nervosismo, Hitoshi por sua vez, te deixava calma e tranquila. Podiam ficar longos minutos em silêncio, sem ao menos se incomodarem.
- Eu gosto de vir aqui observar as estrelas... Me ajuda a refletir e organizar meus pensamentos. - você disse quebrando o silêncio. - Eu e Shoto costumávamos vir aqui sempre...
Shinsou não fez nenhum comentário, permanecendo em silêncio. O garoto sabia que você tinha sentimentos por seu amigo e nunca iria questiona-la, mesmo que ele gostasse de você, porém tinha esperança de que você mudasse de idéia e o notasse.
- Me desculpa por ficar falando tanto dele. - Você suspirou e sorriu um pouco sem graça.
- Tudo bem. Eu entendo como é não ter o amor retribuído. - Hitoshi disse tentando te confortar.
Você tombou a cabeça de lado, encarando o garoto. - Quem foi a pessoa que não te retribuiu?
Shinsou abria a boca para falar mas não conseguia pensar em algo plausível, obviamente não diria que a pessoa era você.
- Aaah... Deixa pra lá é complic- O arroxeado foi interrompido por você, que ouviu a porta da sala se abrir com a chave.
- Meu deus, meus pais chegaram! - Se levantou preocupada. - Minha mãe não pode te ver aqui, ela vai surtar! - Você correu direto para a janela de seu quarto.
- Achei que seus pais eram tranquilos. - Shinsou te seguia se equilibrando no telhado. Você entrou no quarto deixando o garoto para fora.
- Você tem que descer pelo engradado de madeira perto da janela da cozinha, ali onde tem aquela trepadeira. - Você apontou para o local e ele assentiu.
Hitoshi fugiu o mais rápido que pôde, você riu quando ele caiu na grama e correu todo desengonçado até o carro.
- Filha, tá aí? Que barulho foi esse? - Ouviu sua mãe subindo as escadas.
- Não foi nada! - fechou o vidro da janela e virou para a porta, de onde a mais velha de aproximou.
- Faz tempo que chegou? - Ela perguntou segurando os saltos na mão.
- N-não... Faz alguns minutos. - Sorriu constrangida.
- Hmm.. Como foi o baile?
- Foi ótimo! Melhor do que eu esperava. - Deu de ombros, realmente não havia sido ruim.
- Que bom! Vou deitar, amanhã a gente se fala, boa noite. - Ela fechou a porta te dando privacidade.
- Boa noite! - Acenou para ela e suspirou, por sorte ela não o viu.
Você decidiu tomar um banho quente antes de deitar, para processar todas as coisas que haviam ocorrido naquela noite e também tirar a maquiagem.
Saiu do banheiro enxugando o rosto na toalha e teve sua atenção voltada pra a janela vizinha, da casa dos Todoroki, que foi acesa.
As luzes de seu quarto estavam apagadas, você se aproximou da janela, na esperança de que Shoto surgisse ali, chamando por você como nos velhos tempos... Mas ao invés disso, foi surpreendida por ele e Momo se beijando de forma ansiosa e lasciva, se jogando contra as paredes do quarto.
Você ficou chocada com a cena que assistia ali em silêncio, sentiu como se tivesse uma faca fincada no peito. Fechou a janela na esperança de ignorar tudo aquilo, mas no fundo sabia que aquilo atormentaria seu sono durante a noite.
Se deitou sobre a cama em posição fetal, cobrindo completamente seu corpo até a cabeça, deixando que as lágrimas molhassem seu lençol. A felicidade dos outros nem sempre é a sua...
Shinsou chegou em casa com um sorriso bobo no rosto enquanto afrouxava a gravata, pensando que vocês haviam tido um momento especial juntos e que estava cada vez mais próximo de você. Isso era o que o garoto mais ansiava e queria.
Se jogou na cama, desta vez com um sorriso mais largo no rosto, que se desfez assim que encarou a mochila que levava para a escola, lembrando que dentro da mesma havia a carta que você havia escrito para Shoto. Toda esperança que tinha pareceu se esvair de sua mente, deixando o garoto pensativo.
- Talvez seja mais plausível eu desistir. - Suspirou desanimado.
Continua...
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Creep - Hitoshi Shinsou
Fanfiction"Passei tanto tempo sofrendo por alguém que julguei ser a pessoa certa para mim... para no fim perceber que foi você quem sempre esteve aqui por mim."