cap 8.

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❝Rip my heart out and leave, on the floor, watch me bleed.

Not in the Same Way

Quinta-Feira, vinte e seis de Dezembro de dois mil e dezenove.

Calum estava sentado no sofá de sua sala, assim como se encontrava na maior parte da última semana inteira, se locomovendo do cômodo para o quarto, até a cozinha, banheiro, voltando para a sala e repetindo todo o processo algum tempo depois, uma rotina deplorável.

O único diferencial havia sido no dia anterior, onde tomou coragem de se levantar da cama e fazer uma chamada com seus pais e irmã, para comemorar o natal, mas ainda sim, tudo parecia meio sem brilho, como se algo faltasse.

Era uma Quinta-Feira cinza, na visão de Cal, que trocava compulsivamente o canal da televisão, sem prestar atenção em nada, repetindo aquelas ações apenas para manter as mãos e os sentidos ocupados, mesmo que por alguns segundos.

Sua mente ainda era um turbilhão de coisas, ainda era uma mistura de sentimentos e de sensações, as mesmas palavras ouvidas anteriormente ainda estavam marcadas em seu cérebro, mas ele ainda não sabia como verbalizar tudo aquilo que sentia, pelo menos, não na frente da pessoa a qual deveria ouvi-las.

Rascunhou várias, mas várias cartas cheias de angústia e arrependimento, iniciou diversos parágrafos que representavam tudo que ele queria dizer, mas não teve coragem de levar nenhuma delas para frente, então preferiu só guardá-las para si.

Mas uma dessas cartas não saia de sua cabeça, ou melhor, uma das frases de uma das cartas.

No topo do papel, escrito quase como um título para que tudo aquilo fizesse sentido, era possível se ler:

"Você é a única coisa que eu achei que tinha dado certo"

A carta era cheia de metáforas, cheia de sentidos mais amplos, cheia de cores.

Falava muito sobre como Calum se sentia, mas naquele momento, ele preferiu só esquecer tudo isso.

A cabeça dele já estava zunindo o suficiente.

Principalmente enquanto ouvia a campainha tocar insanamente.

-Achei que tinha esquecido que tinha porta - Ashton comentou ao entrar na casa do amigo, lhe deixando um abraço apertado - feliz natal cara, tentei ligar pra te falar isso, mas você não atendeu.

Calum retribuiu o abraço fortemente, suspirando aliviado ao sentir o perfume suave e familiar de Ash adentrar suas narinas.

-Eu sabia que isso faria você vir até aqui - falou baixo, o que fez com que eles não sentissem vontade de se soltar tão cedo - feliz natal Ash.

Ambos ficaram abraçados ali, apenas aproveitando o momento, passando conforto um para o outro, como sempre fizeram.

-Eu fiquei preocupado, ok? - O mesmo Ashton com um tom paternal que Cal conhecia desde a adolescência falava com ele e isso o fazia sentir em casa.

-Eu sei, mas eu tô bem - Calum fez reverência para o mais velho entrar e o mesmo o fez, se sentando na outra ponta do sofá, sendo acompanhado pelo anfitrião.

-Isso não me parece estar bem - Ashton apontava para a mesa de centro que era coberta por caixas e mais caixas vazias - leite? Não sabia que gostava tanto assim de laticínios.

-Era isso ou nicotina, segundo o Google ajuda - Cal se jogou de volta no assento - e nesse corpo aqui, a segunda opção não entra.

-Uau - Ash balançava a cabeça surpreso - por isso eu não esperava.

kill my timeOnde histórias criam vida. Descubra agora